Números 20 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Números 20





Números 20

20:1-21 A ira de Deus contra Moisés e Arão
Uma nova rebelião em grande escala irrompeu no meio do povo. Desta vez, os israelitas se encontravam acampados em Cades-Bameia, onde permaneceram por um longo tempo.
Durante sua estada nesse local, Miriã morreu, e Israel perdeu uma líder importante, profetisa e cantora (Êx 15:20-21). Depois de sua morte, o povo enfrentou uma crise ainda mais séria, provocada pela falta de água (20:2). Os israelitas se voltaram contra Moisés e Arão, dizendo que seria melhor estarem todos mortos junto com seus compatriotas que o Senhor havia ferido em vez de morrerem lentamente de fome e sede no deserto (20:3-4). Queixaram-se de que a comida disponível no deserto não chegava aos pés dos cereais, dos figos, das vides e das romãs do Egito (20:5).
Moisés e Arão apresentaram essa queixa do povo a Deus, que instruiu Moisés a tomar seu bordão, reunir a congregação e falar à rocha que desse água (20:6-8). Moisés seguiu a primeira parte da instrução: tomou seu bordão e, juntamente com Arão, reuniu todo o povo (20:9-10a). Então, os dois desobedeceram a Deus. Primeiro, Moisés falou aos israelitas: Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para vós outros? (20:10&) e, depois, em vez de falar à rocha, Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com seu bordão (20:11a). Apesar de sua desobediência, a rocha verteu uma grande quantidade de água, e o povo e os animais puderam saciar sua sede (20:11&).
Deus castigou Moisés e Arão porque não creram nele e não honraram sua santidade. Disse-lhes: Por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe dei (20:12). Em outras palavras, Moisés e Arão receberíam o mesmo castigo dado ao restante da geração mais velha e desobediente. Talvez Deus tenha se desagradado porque Moisés se dirigiu aos israelitas com raiva, chamando-os de “rebeldes”, quando Deus não estava irado com eles. No entanto, é ainda mais importante observar que a raiva de Moisés o levou a assumir o papel de Deus ao perguntar: “Porventura faremos sair água desta rocha para vós outros?” (20:10). A terceira pessoa do plural se refere a Moisés e Arão, colocando-os no lugar do Deus que opera os milagres. Ao proceder desse modo, os dois líderes incentivaram o povo a ser reverentes a eles e lhes dar glória em vez de glorificar a Deus.
Ademais, Moisés desobedeceu à ordem de Deus: Falai à rocha (20:8) e, em vez disso, feriu-a duas vezes com o seu bordão (20:11). Não creu que a palavra de Deus seria suficiente para fazer a água sair da rocha e tentou “ajudar” Deus. Em Êxodo 14:16,21, Moisés obedeceu a Deus e seguiu suas instruções ao erguer seu bordão sobre o mar. Também agiu corretamente ao ferir a rocha em obediência à instrução de Deus quando o povo se queixou da falta de água (Êx 17:5-6). Desta vez, porém, Deus não lhe disse que ferisse a rocha, mas que falasse a ela. No entanto, Moisés agiu com base em suas experiências anteriores e ignorou a voz de Deus numa situação nova. Podemos não entender por que Deus faz as coisas de forma diferente em ocasiões diferentes, mas ele espera que sigamos sua orientação.
O local onde esse episódio sucedeu foi chamado de Meribá, que significa “contenda” ou “rixa”, por causa do conflito ocorrido ali. Moisés continuou a agir por sua própria iniciativa, sem pedir a orientação de Deus (20:14-21). Enviou mensageiros de Cades ao rei de Edom solicitando permissão para Israel passar pelo território edomita. Na mensagem, chamou Edom de irmão, enfatizando o parentesco próximo entre Edom e Israel (20:14; cf. Gn 25:20-34). Mas, apesar da súplica de Moisés para que o rei de Edom se apiedasse do sofrimento de Israel no Egito (20:15-16), de sua promessa de que os israelitas não causariam nenhum dano às lavouras nem deixariam a estrada real, bem como de sua oferta para pagar pela água que o povo bebesse (20:17,19), Edom recusou dar passagem a Israel (20:18,20). Como resultado, Israel teve de fazer uma longa volta para contornar Edom, fato que provocou uma nova rebelião (21:4).
De acordo com Deuteronômio 2:4-8, era da vontade de Deus que o povo contornasse Edom desse modo. Deus deixou claro que não daria aos israelitas a terra dos edomitas, pois a havia entregue aos descendentes de Esaú. Os edomitas eram parentes dos israelitas, e Israel não devia entrar em conflito com eles. A única coisa que Deus permitiu aos israelitas ao contornar a terra de Edom foi comprar alimento e água dos edomitas.
20:22-29 A morte de Arão
Quando os israelitas chegaram no monte Hor, perto da fronteira com Edom, o Senhor informou a Moisés que era hora de seu irmão morrer. Também lembrou Moisés que Arão não entraria na terra prometida por causa da desobediência de ambos junto às águas de Meribá (20:24; cf. 20:12-13). Assim, Arão faleceu no monte Hor, e foi sucedido no cargo de sumo sacerdote pelo seu filho Eleazar (20:25-28). A geração mais velha que havia vivido no Egito estava desaparecendo, e Deus levantava uma nova geração de israelitas.

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