Números 25 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Números 25




Números 25

Nm 25:1-18 Castigo severo pela idolatria
Seria de esperar que, depois do resultado trágico de tantas rebeliões, o povo de Israel permanecesse fiel a Deus. Em vez disso, porém, os israelitas se rebelaram mais uma vez. A praga subsequente exterminou todos os membros da geração mais velha que ainda restavam, exceto Moisés, Josué e Calebe.
Esse capítulo apresenta duas histórias de rebelião e práticas idólatras na comunidade que, sem dúvida, foram extremamente perturbadoras, pois voltam a ser mencionadas em 31:15-16. Na primeira, homens israelitas participam de sacrifícios a um deus estrangeiro e se deitam com mulheres moabitas (25:1-5). 0 segundo relato provavelmente trata da idolatria decorrente do casamento misto entre uma mulher midianita e um homem da tribo de Simeão (25:6-15). Os casamentos mistos são condenados com severidade, pois expõem toda a comunidade de Israel à idolatria introduzida por um cônjuge estrangeiro. Os efeitos desses casamentos podem ser vistos na vida de Salomão (lRs 11:1-10) e Acabe (lRs 16:31-33).
Israel foi contaminado quando alguns homens começaram a prostituir-se com as filhas dos moabitas (25:1-2), envolvendo-se em ritos de fertilidade dedicados a deuses moabitas e, desse modo, violando o primeiro dos Dez Mandamentos, que proíbe prestar culto a qualquer outro deus (Êx 20:3; Dt 5:7).
A natureza desse pecado e o fato de ele ter se propagado no meio do povo acendeu a ira de Deus e trouxe seu castigo (25:3-4). Moisés ordenou que os juizes matassem todos os que haviam adorado ao deus Baal-Peor (25:5). Em outras ocasiões, Deus usou pragas, fogo e serpentes como instrumentos de seu castigo, mas, como esta ordem revela, em certas ocasiões ele espera que pessoas executem seus julgamentos. Assim, homens como Moisés, os juízes e os profetas são chamados por Deus a participar de seus atos de salvação e julgamento. Como povo de Deus, cabe a nós discernir a vontade de Deus em determinada situação e responder de forma adequada.
O segundo episódio de rebelião é o adultério entre Coz-bi, uma mulher midianita, e Zinri, filho de Saiu, um israelita (25:6,14-15). A reação enérgica de Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, que se encontrava na linha de sucessão para o cargo de sumo sacerdote, sugere que essa relação estava introduzindo a idolatria em Israel. Fineias matou Zinri enquanto o israelita estava tendo relações com a mulher: pegando uma lança [...] os atravessou, ao homem israelita e à mulher, a ambos pelo ventre (25:7-8a). Seu ato apaziguou Deus, e a praga que ele havia enviado sobre os israelitas por causa de seu pecado cessou (25:8&).
Vinte e quatro mil pessoas morreram antes que esse ato de Fineias fizesse cessar a praga (25:9); contudo, ainda mais israelitas teriam morrido se ele não houvesse tomado uma atitude. Provavelmente, os indivíduos mortos eram o restante da geração mais velha. A severidade do castigo mostra que Deus nunca permite ao seu povo abrigar o pecado em seu meio. 0 Senhor sancionou a execução pública dos transgressores para enfatizar sua mensagem acerca da seriedade do pecado e a importância da pureza. Assim, o castigo serviria de aviso para que outros não cometessem a mesma transgressão.
O ato de Fineias não apenas afastou a ira de Deus, como também consolidou a posição da casa de Arão, pois Deus fez uma aliança com Fineias prometendo que ele e seus descendentes seriam sempre sacerdotes (25:10-13a). O autor informa, ainda, que Fineias fez expiação pelos filhos de Israel (25:13ô) ao tratar do pecado e, desse modo, salvar o povo.
Pode-se observar paralelos entre o castigo pelo pecado descrito aqui e as práticas de alguns povos no leste da África. 0 povo meru da Tanzânia, por exemplo, costumava matar quem cometesse adultério, levando os transgressores até uma encruzilhada e fincando-os no chão com uma estaca. A intenção era provocar uma morte lenta para que todos na comunidade tivessem tempo de ver a desgraça desses indivíduos e temer o castigo. O povo meru acreditava que esse castigo severo removia do seu meio a maldição e vergonha do pecado. Na Sharia (lei associada ao islamismo), a pena por adultério, aplicada especialmente às mulheres, ainda é a morte.
Esse tipo de castigo era apropriado numa comunidade que devia viver de acordo com as leis e prescrições estabelecidas como parte da aliança. Contudo, a vinda de Jesus e sua proclamação do evangelho ampliaram nossa visão do pecado e também da graça e do amor de Deus. Embora a igreja enfatize a pureza em todos os aspectos da vida e, por certo, não aprove nem incentive o adultério, bem como qualquer outro ato pecaminoso, ela ensina que todos nós somos pecadores e devemos deixar que Deus julgue os outros. Cabe a nós apenas exortar, repreender, corrigir, ensinar, orientar e perdoar como Cristo perdoa todos nós.
As últimas palavras acerca dos midianitas, Eles vos afligiram a vós outros quando vos enganaram (25:16-18), ajudam a entender a vingança posterior contra eles (Nm 31:1-12). Nessa ocasião, Deus ordena que os midianitas sejam exterminados por haverem conduzido Israel à idolatria. Esse episódio com a mulher midianita também explica a ira de Moisés quando o povo de Israel poupou a vida das mulheres de Midiã (Nm 31:15-18).

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