Romanos 1 — Comentário Evangélico
Comentário Evangélico da Bíblia
Romanos 1
I. Saudação (1:1-17)
As treze cartas de Paulo iniciam-se com o nome do apóstolo. Na época, costumava-se abrir a carta com o nome do remetente e sua apresentação pessoal, em vez de pô-los no fim, como fazemos hoje. Paulo identifica-se como servo e apóstolo e dá toda glória a Deus ao dizer que foi chamado pela graça de Deus (v. 5)e separado para esse ministério maravilhoso (veja Act 13:1-3).
De imediato, ele afirma que seu ministério é do evangelho, que ele chama “evangelho de Deus” (v. 9), o “evangelho de seu Filho” (v. 9) e o “evangelho de Cristo” (v. 16, ARC). Ele afirma que essas “coisas boas” não são algo novo que ele inventou, mas o cumprimento da promessa do Antigo Testamento da vinda, morte e ressurreição de Cristo. (Veja 1 Co 15:1-4, em que “as Escrituras” obviamente refere- se aos escritos do Antigo Testamento, já que o Novo Testamento estava sendo escrito nessa época.) Paulo desperta o interesse dos crentes judeus que lêem sua carta ao relacionar o evangelho com o Antigo Testamento.
O evangelho diz respeito a Cristo: um judeu, segundo a carne (v. 3), mas prova ser o verdadeiro Filho de Deus, segundo o poder do Senhor por intermédio da ressurreição (v. 4). Isso prova a humanidade e a divindade do Deus-Homem, o único que pode ser nosso Mediador. Qual o propósito desse evangelho que custa a vida de Cristo? O versículo 5, ao declarar que o objetivo é fazer com que todas as nações obedeçam pela fé, responde a essa pergunta. A pessoa que realmente crê em Cristo obedece a ele.
Nos versículos 6-7, Paulo descreve seus leitores, os santos de Roma. Eles também são “chamados” por Cristo para ser santos, não apóstolos. Observe que santo é o crente que está vivo em Jesus Cristo. Apenas Deus pode transformar um pecador em santo! Embora vivam na perversa cidade de Roma, eles também são os “amados de Deus”! É maravilhoso que Deus nos chame da mesma forma como chamou seu Filho (Mt 3:1 7): “amados”. Jesus afirma que o Pai nos ama da mesma forma que ama a ele (Jo 17:23)!
Nessa breve saudação, Paulo identifica: (1) o escritor, ele mesmo; (2) os destinatários, os santos de Roma (não os descrentes); (3) o tema, Cristo e o evangelho da salvação.
Paulo dá uma dupla explicação: (1) por que escreve a carta (vv. 8-15); e (2) sobre o que escreve (vv. 16-17).
Paulo desejava visitar os santos de Roma havia muito tempo. O testemunho deles espalhara-se pelo Império Romano (v. 8; e veja 1 Ts 1:5-10). Paulo tinha três motivos para estar ansioso por visitá-los: (1) ajudar a confirmá-los na fé (v. 11); (2) eles seriam uma bênção para ele (v. 12); e (3) para conseguir “algum fruto” entre eles, isto é, ganhar outros gentios para o Senhor (v. 13). Não esqueça que ele, como mensageiro escolhido de Deus para os gentios, era responsável pelos santos (e pecadores) da capital do império! Ele explica que foi “impedido” (v. 13) de visitá-los até aquele momento por causa das muitas oportunidades de ministrar em outros lugares (Rm 15:19-23), não por causa de Satanás (veja 1 Ts 2:18). Agora, ele pode visitar Roma, pois acabou o trabalho nas outras regiões. Observe as forças motrizes da vida de Paulo (vv. 14-16): “Sou devedor [...]. Estou pronto [...]. Não me envergonho”. Faríamos bem em imitar o exemplo do apóstolo em nossa vida.
Os versículos 16-17 apresentam o tema da carta: o evangelho de Cristo revela a justiça de Deus, justiça essa fundamentada na fé, não nas obras, e disponível para todos, não apenas para os judeus. Em Romanos, Paulo explica como Deus pode ser ambos: o “justo e o justificador”, isto é, como ele torna os pecadores justos e, ainda assim, confirma sua santa Lei. Ele cita Habacuque2:4 (veja as notas introdutórias): “O justo viverá por fé”.
Iniciamos agora a primeira seção da carta que discute o pecado (1:18- 3:20 — veja o esboço). Nesses versículos finais do capítulo 1, Paulo explica como os gentios entraram nessa horrível escuridão que os subjuga e como se revela a ira de Deus contra eles. Repare nos passos descendentes da história dos gentios:
A. Eles conheciam Deus (vv. 18-20)
Deus deu-lhes duas revelações de si mesmo: “neles” (consciência) e “entre eles” (criação) (v. 19). O homem não começou ignorante e, aos poucos, adquiriu conhecimento; não, desde o início, ele teve a revelação fulgurante do poder e da sabedoria de Deus, mas deu as costas a isso. Mesmo as pessoas que nunca ouviram o evangelho não têm desculpas, pois Deus revelou-se desde o início da criação. (O capítulo 2 mostra como Deus julga essas pessoas.)
B. Eles não o glorificam como Deus (vv. 21-23)
Os homens passaram da verdade para a mentira por causa dos pensarnentos vãos e do raciocínio tolo. A indiferença leva à ingratidão, o que resulta em ignorância. Hoje, as pessoas curvam-se diante das palavras dos filósofos gregos e romanos e honram as palavras destes mais que a Palavra de Deus; Paulo, porém, chama todas essas filosofias de “imaginação” vazia e de “tempos de ignorância” (At 17:30)! O próximo passo é a idolatria, em que se honra a criatura (até o homem), em vez de o Criador.
C. Eles mudam a verdade de Deus (vv. 24-25)
Na verdade, a palavra “mudam” deveria ser traduzida por “trocam”. As pessoas substituíam a verdade de Deus pela mentira de Satanás! O que é a mentira de Satanás? É a adoração da criatura, em vez do Criador; do homem, em vez de Deus; das coisas, em vez de Cristo. Satanás tentou Cristo para que fizesse isso (Mt 4:8-11). Em Romanos 1:18, os gentios “detêm a verdade” e, agora, eles “mudam a verdade” em mentira! A crença e a obediência verdadeiras libertam Oo 8:31-32); a rejeição da verdade e a desobediência a ela escravizam.
D. Eles rejeitam o conhecimento de Deus (vv. 26-32)
No início, essas pessoas tinham o conhecimento claro de Deus (vv. 19,21) e de seu julgamento contra o pecado (v. 32); agora, porém, alcançam o patamar mais baixo de seu declínio: elas não querem nem mesmo ter o conhecimento de Deus! “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1).
Os resultados desse declínio são trágicos. Os evolucionistas querem que creiamos que evoluímos de animais primitivos e ignorantes às criaturas maravilhosas que somos hoje. Paulo diz exatamente o contrário: no início, o homem era a criatura mais elevada de Deus, todavia ele fez de si mesmo um animal! Veja os três julgamentos de Deus:
• Deus entregou-os à imundícia e à idolatria (vv. 24-25).
• Deus entregou-os às paixões infames (vv. 26-27).
• Deus entregou-os a uma disposição mental reprovável (vv. 28ss).
Deus desistiu deles! Essa é a revelação da ira do Senhor (v. 18). Embora ainda hoje os pecados enumerados aqui sejam praticados com a aprovação da sociedade, eles são muito vis para ser discutidos ou definidos. De todo jeito, as pessoas sentem prazer com esses pecados, embora saibam que serão julgadas. Nós mesmos estaríamos nessa escravidão do pecado se não fosse pelo evangelho de Cristo. “Graças a Deus pelo seu dom inefável” (2 Co 9:15)!
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