Romanos 13 — Comentário Evangélico

Romanos 13 — Comentário Evangélico

Romanos 13 — Comentário Evangélico



 


Romanos 13 

Os cristãos são chamados a se separar deste mundo (Jo 15:18 e 17:14); no entanto, ainda têm res­ponsabilidades perante o Estado. O cidadão cristão deve ser o melhor cidadão. Sem dúvida, o crente in­dividual deve usar seus privilégios de cidadão, dados por Deus, a fim de certificar-se de que se elejam os melhores líderes e sejam decreta­das e cumpridas com justiça as me­lhores leis, embora a igreja, como um todo, não deva se envolver em partidos políticos. Estamos aptos a exercer o ministério espiritual em governos pagãos e a ver o que o Espírito pode fazer por intermédio de crentes dedicados, quando ve­mos os exemplos de líderes devo­tos como José, Daniel e Ester. Nes­se capítulo, Paulo apresenta quatro motivos para a obediência ao go­verno humano.
I.     Por causa do castigo (13:1-4)
Os governantes, mesmo que não sejam cristãos, são as “autoridades superiores” (v. 1). Agradecemos a Deus o fato de o evangelho alcan­çar alguns funcionários do governo como Erasto, tesoureiro da cidade (Rm 16:23) e alguns funcionários de Nero (Fp 4:22). Todavia, devemos reconhecer que mesmo um funcio­nário público não-salvo é ministro de Deus. Temos de respeitar o cargo concedido pelo Senhor, mesmo que não respeitemos a pessoa.
Os governantes aterrorizam as más pessoas, não as boas, portanto quem leva uma vida cristã sólida não tem o que temer. (Devemos se­guir o princípio de Act 5:29 quando o governo opõe-se abertamente a Cristo.) Lembre-se que Deus, após o dilúvio (veja Gn 8:20—9:7), or­denou o governo humano e, até mesmo, a pena capital. O governo, não a igreja, deve segurar a espada. Apenas três organizações terrenas foram instituídas por Deus: a família (Gn 2), a igreja (At 2) e o governo humano (Gn 9). As funções dessas instituições não se sobrepõem, e há confusão e problema quando isso acontece.
II.     Por causa da consciência (13:5-7)
Talvez o medo seja o motivo mais rudimentar para a obediência cris­tã, mas a consciência guiada pelo Espírito eleva-nos aos patamares mais altos. O cristão deve vivenciar o testemunho (Rm 9:1) do Espírito em sua consciência, e a condena­ção deste quando desobedece ao Senhor. Algumas pessoas têm cons­ciência ruim e não confiável. O cris­tão obediente tem uma consciência boa (1 Tm 1:5). A desobediência constante e a recusa do testemunho do Espírito corrompem (Tt 1:15), cauterizam (1 Tm 4:2) e, por fim, re­jeitam a consciência (1 Tm 1:19).
Paulo adverte-nos acerca de pagarmos os tributos, os impostos (sobre bens materiais) e demonstrar­mos o respeito devido a todos os di­rigentes. Veja 1 Pedro 2:17ss.
III.      Por causa do amor (13:8-10)
Paulo aumenta o círculo e inclui também nosso próximo, além dos funcionários do governo. Tenha em mente que a definição de próximo, do Novo Testamento, não diz res­peito à proximidade geográfica ou física. Em Lucas 10:29, o intérprete da Lei pergunta: “Quem é o meu próximo?”. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:30-36), Jesus mu­dou a pergunta para: “Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem?”. Portanto, a pergunta não é: “Quem é meu próximo?”, mas: “Para quem posso ser o próximo para a glória de Cristo?”. Essa é uma questão de amor, não de lei — e, aqui, Paulo lida com o amor.
Ao mesmo tempo que o crente vive sob a lei da terra, também vive, como cidadão do céu, sob uma lei muito mais alta: a lei do amor. Na verdade, o amor cumpre a Lei, pois o amor do coração capacita-nos a obedecer às exigências da Lei. O marido não trabalha o dia inteiro porque a lei determina que sustente sua família, mas porque ama a fa­mília. Não há assassinato, desones­tidade, roubo e outros tipos de egoísmos onde há amor.
Repare que Paulo não diz nada a respeito do sábado. Na verdade, a lei sabática faz parte do código cerimonial judaico e não se aplica aos gentios ou à igreja. As epístolas repetem nove dos dez mandamen­tos que os cristãos devem obedecer, menos o do sábado.
Muitas vezes, temos dificuldade em amar as pessoas que rejeitam o evangelho e ridicularizam nosso teste­munho cristão, porém esse amor vem do Espírito (Rm 5:5) e alcança-os. “O amor jamais acaba” (1 Co 13:8). Ga­nhamos mais pessoas pelo amor que pelos argumentos. O cristão que ca­minha em amor é um cidadão melhor e uma testemunha melhor.
IV.    Por causa do Salvador (13:11 -14)
Nesses versículos, alcançamos o motivo maior: do medo à consciên­cia, e ao amor, e à devoção a Cristo. “Nossa salvação” está mais próxima no sentido de que, hoje, a vinda de Cristo para a igreja está mais pró­xima do que jamais esteve. Paulo refere-se à bênção completa que re­ceberemos com a vinda de Cristo — mesmo o novo corpo e a nova casa — com o termo “salvação”. O cristão pertence à luz, não às trevas. Ele deve permanecer estimula­do e alerta como os que viram a luz do evangelho (2 Co 4). Além disso, nenhum cristão quer ser achado em pecado quando Cristo retornar! “Vem chegando o dia!” (Veja Hb 10:25ss.)
Aqui, Paulo enumera uma sé­rie de pecados, os quais não de­vem nem ser pronunciados pelos santos. Veja que, com frequência, as orgias e as “bebedices” andam juntas e acabam em discussão e divisão. Muitos lares foram desfei­tos por causa da bebida! O versí­culo 14 apresenta a dupla respon­sabilidade do cristão: no sentido positivo, nos “revestirmos do Se­nhor Jesus Cristo”, isto é, fazer de Cristo nossa vida diária; e no sen­tido negativo, “nada dispor para a carne”, isto é, evitar com determinação toda tentação que nos leve a pecar. O cristão não pode “pla­nejar pecar”. Vance Havner disse que Davi, quando deixou o campo de batalha e retornou a Jerusalém, “fazia arranjos para pecar”. Temos obrigação de levar uma vida só­bria, espiritual e pura em vista do breve retorno de Cristo.
Os últimos dias serão de trans­gressão da lei (veja 2Tm 3 e 1 Jo 3:4). Os cristãos dedicados terão di­ficuldade crescente em manter seu testemunho. Os governos se oporão mais ao evangelho e a Cristo, até que, por fim, o homem da iniquidade reunirá o mundo em grande sistema satânico a fim de opor-se à verdade. Para saber o que Deus espera de nós nos últimos dias, leia 2 Timóteo 3:12-4:5.

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