Romanos 11 — Comentário Evangélico
Comentário Evangélico da Bíblia
Romanos 11
Esse
capítulo discute o futuro de Israel e responde à pergunta: “Deus pôs seu povo
de lado em caráter permanente, ou há esperança para Israel?”. Paulo responde
que Israel tem um futuro e apresenta diversas provas disso.
Paulo afirma: “Eu também sou israelita [minha
conversão prova que Deus não desistiu de Israel]”. Em 1 Timóteo 1:16, ele
afirma que sua conversão (contada três vezes em Atos) deve ser um padrão para
os outros crentes judeus. Com certeza, ela não é um padrão de conversão para o
gentio hoje, pois nenhum pecador perdido pode ver o Cristo glorifica- do, ouvir
a voz dele e ficar cego por três dias! Todavia, a experiência dele é um retrato
de como o povo de Israel se converterá na vinda de Cristo em glória. Eles,
como Paulo, estarão em rebeldia e em descrença. Eles
verão Aquele a quem traspassaram (Zc 12:10
e Ap 1:7) e se arrependerão, e serão salvos. Em 1 Coríntios 15:8, Paulo diz que
“nasceu fora de tempo”, isto é, ele, como judeu, viu Cristo e foi salvo muito
antes de seu povo ter a mesma experiência.
Paulo volta até 1 Reis a fim de mostrar que Deus,
mesmo nos períodos de maior descrença, sempre teve um remanescente fiel. Na
verdade, ao ler a história do Antigo Testamento, não podemos deixar de ficar
impressionados com o fato de que Deus sempre usou e abençoou esse remanescente.
Como exemplo disso, veja Isaías 1:9. Um ensino básico da Palavra é que o
Senhor tem de pegar o remanescente e começar de novo, porque a maioria fracassa
em ter fé e não pode ser reformada. O versículo 5 afirma que o Senhor tem um
remanescente segundo a graça, isto é, no corpo, o qual é a igreja. Há judeus no
corpo, embora não muitos, visto que, é claro, todos os privilégios e todas as
distinções nacionais foram removidos em Cristo. Imagine quanto mais o Senhor
fará na era vindoura quando Israel voltar à cena, já que salva judeus mesmo
durante esta era da igreja em que a nação está cega. A história testemunha que
Deus nunca abandonou seu povo.
Lembremo-nos de que Deus não lida com a nação de
Israel como tal nesta era da igreja. Efésios 2:14-17 e Gálatas 3:28 afirmam
que somos um em Cristo. Nenhum grupo judeu pode afirmar ser o remanescente
eleito de Deus. Os versículos 8-10 mostram que Isaías 29:10 e Deuteronômio
29:4 profetizaram essa “cegueira” de Israel como nação. (Compare com Mateus
13:14-15 e com Isaías 6:9-10.)
Nos versículos 9-10, ele refere-se a Salmos 69:22, em
que o Senhor prometeu transformar as bênçãos de Israel em maldição, porque esse
povo recusou sua Palavra.
Nesses versículos, Paulo discute judeus e gentios,
não pecadores, ou santos individuais. Nessa seção, ele prova que Deus tinha um
propósito dispensacional por trás da queda de Israel, a saber, a salvação dos
gentios. O Senhor, com a queda de Israel, pôde incluir todos os povos na
desobediência e, assim, ter misericórdia de todos! Os gentios não precisam se
tornar judeus para se tornarem cristãos.
Paulo comenta que, se a queda de Israel já trouxe
tantas bênçãos para o mundo, haverá bênçãos muito maiores quando essa nação
for restaurada (v. 15). Em outras palavras, Paulo tinha certeza de que havia
um futuro para Israel como nação. O ensino de que a igreja de hoje é o Israel
de Deus e a promessa do reino do Antigo Testamento em “sentido espiritual” não
é bíblico. Paulo aguarda o dia em que Israel, como nação, será recebido na plenitude
das bênçãos.
Devemos examinar com atenção a parábola da oliveira.
Paulo fala da posição dos judeus e dos gentios, como povo, no projeto de Deus,
e não da salvação individual de cristãos. Israel é a oliveira que não
frutificou para o Senhor. Por isso, o Senhor cortou alguns ramos e enxertou-os
na árvore dos gentios, a “oliveira brava”. A prática de enxertar um ramo bom
em um tronco mais fraco é “contra a natureza” (v.24) , todavia o Senhor
enxertou os fracos gentios no tronco bom dos privilégios religiosos de Israel!
Esse ato mostra a bondade de Deus em salvar os gentios e sua severidade em
cortar Israel, a nação rebelde. Mas o Senhor pode cortar também os gentios se
ousarem se vangloriar, porque, agora, ocupam o lugar de privilégio espiritual
de Israel! O que, no fim desta era, ele fará quando as nações gentias se
juntarem em uma coalizão mundial que rejeitará a Palavra e o Filho de Deus. A
seguir, ele chamará a igreja verdadeira, julgará as nações gentias, purgará
Israel e estabelecerá seu reino prometido para Israel.
Quero lembrá-lo, mais uma vez, que o tema do capítulo
11 é nacional, não individual. Deus nunca “cortará” os verdadeiros cristãos da
salvação, pois não há separação entre Cristo e seu povo (Rm 8:35-39. Hoje, a igreja é constituída principalmente
de gentios, e nós, os gentios, nos beneficiamos da herança espiritual de
Israel (a rica seiva da oliveira). No sentido espiritual, somos filhos de
Abraão, o “pai” de todos os crentes (Gl 3:26-29).
Nesses três capítulos, Paulo usou bastante o Antigo
Testamento; no entanto, nessa seção, ele volta-se para Isaías 59:20-21 e 27:9,
e também para Salmos 14:7, a fim de salientar a promessa do Antigo Testamento
da vinda do Libertador que purificará e purgará Israel. Ele reafirma o
mistério da “cegueira” de Israel, cuja verdade é revelada em sua plenitude no
Novo Testamento, apesar de ter permanecido escondida em eras passadas. No
versículo 25, “a plenitude dos gentios” refere-se ao número de gentios que
serão salvos nessa era da igreja. O corpo de Cristo será arrebatado ao ar
quando estiver completo, e, aqui na terra, terá início o período de sete anos
da tribulação, o “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30:7). No final desse
período, o Libertador virá, e o remanescente crente entrará em seu reino. “Todo
o Israel” quer dizer que, nesse dia, a nação será salva, não cada judeu, e será
uma nação redimida e regenerada.
O versículo 27 cita a promessa de Deus da aliança (Jr
31:31 -34). Essa “nova aliança” se aplicará a Israel, quando a nação crer em
Cristo como seu Redentor e se afastar de seus pecados. Deus ainda vê os judeus
como seus amados, apesar de hoje eles parecerem inimigos da vontade dele, por
causa da aliança que ele fez com os pais da nação. Os homens podem mudar, mas
Deus não muda nem cancela suas promessas (v. 29).
No parágrafo final, Paulo explica que, agora, os
gentios são salvos pela fé, embora tenham, um dia, rejeitado Deus (Rm 1:18ss);
portanto, hoje, os judeus estão em descrença, mas, um dia, receberão misericórdia.
O Senhor encerrou os judeus e os gentios na desobediência e no pecado a fim de
poder salvá-los pela graça (v. 32). Não é de admirar que Paulo entoe um hino de louvor ao
Senhor depois de rever a graça e a sabedoria do plano de Deus para os judeus e
os gentios (vv. 33-36)!
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