Romanos 3 — Contexto Histórico

Romanos 3

O judaísmo era especial - mas não para a salvação. Alguns podem objetar que Paulo acha que Deus havia sido infiel à sua aliança, caso em que Deus seria injusto; mas a questão aqui é que Israel havia sido infiel ao pacto, não que Deus tivesse sido.

3:1 Essas são as objeções do interlocutor imaginário, um dispositivo comum para promover um argumento em uma diatribe (ver comentário em 2:1–11). As objeções são razoáveis: não foi Israel um povo especial e escolhido? Determinar “lucro” (KJV) ou “benefício” (NASB) era um dispositivo comum entre os filósofos para avaliar o valor de um comportamento ou ideia.

3:2 A digressão, mesmo a longa digressão, era uma parte normal da escrita greco-romana. Paulo desenvolve e completa esse “primeiro de todos” somente no capítulo 9. O judaísmo frequentemente enfatizava que Deus confiou sua lei a Israel, e Paulo aqui concorda.

3:3 “O que então?” Era uma pergunta retórica comum usada para promover o argumento de uma diatribe. A fidelidade de Deus ao seu pacto foi uma boa notícia a longo prazo para Israel como um todo; como no Antigo Testamento (por exemplo, na geração de Moisés, ao contrário de alguma tradição judaica), no entanto, não salvou israelitas individuais que quebraram o pacto com ele.

3:4 “Que nunca seja!” (NASB) ou “De modo algum!” (NIV) também foi uma réplica retórica comum às questões retóricas de oponentes imaginários (especialmente em alguns filósofos como Epiteto). Foi usado para mostrar o absurdo da objeção oposta. Paulo declara que a justiça de Deus é inatacável, como os transgressores devem confessar (Sl 51: 4; cf. 116: 11).

3:5-6 “Em termos humanos” (NASB) ou “um argumento humano” (NIV) é semelhante a uma frase rabínica que significa “um argumento secular”. A “justiça” de Deus aqui é sua “justiça” (NRSV), como definida em termos de fidelidade à sua palavra de aliança a Israel (3: 3).

3:7 “Pecador” era um insulto terrível nos círculos judaicos. Paulo chamar todos de pecadores (Rm 1–2) seria chocante. Deus poderia ser glorificado e sua justiça justificada até mesmo por seu contraste com a rebelião humana, mas esse ponto de modo algum justificava a rebelião.

3:8 Os filósofos também precisavam, com frequência, esclarecer as deturpações de seus ensinamentos. O antinomismo é a ideia de que a lei moral não se aplica aos cristãos, que estão, em vez disso, sob a lei da graça. Porque a salvação não vem por meio de obras, mas pela graça, pensava-se, o esforço moral podia ser diminuído. Paulo pensava que esse tipo de heresia se havia infiltrado na igreja (lCo 5 e 6). Outros escolheram deturpar o ensino de Paulo a respeito da graça (como nesse versículo), e Paulo demonstrou o absurdo do ataque (Rm 6.1,15). Desde o primeiro século até nossos dias, pessoas e grupos tentaram combinar a vida espiritual com a permissividade moral, mas a Escritura não deixa dúvidas de que a nova vida em Cristo significa a morte para os antigos desejos malignos (Gl 5.24).

3.10-18 Vários fatores explicam por que as citações do AT nem sempre são exatamente literais no NT. 1) As citações feitas no NT às vezes se ocupavam do sentido geral, sem a pretensão de ser literais. 2) O grego não usava aspas nas citações. 3) As citações eram muitas vezes tomadas da tradução grega (a Septuaginta) do AT hebraico, porque os leitores de língua grega não tinham familiaridade com a Bíblia hebraica. 4) Às vezes, o escritor do NT, para ressaltar a lição que ensinava, propositadamente aumentava, abreviava ou adaptava um texto do AT ou combinava dois ou mais textos (ver “A Septuaginta e seu uso no Novo Testamento”, em Hb 11).

3.21 “A Lei e os Profetas” são Escrituras do AT em sua totalidade (ver “O Antigo Testamento da igreja primitiva”, em 2Tm 3).

3.22-25 Paulo valeu-se de várias dimensões da experiência humana de seus dias. “Justificação” faz parte do jargão jurídico: é quando um juiz declara um réu inocente. “Redenção” vem do mundo do comércio e da escravidão: a pessoa podia redimir escravos, comprando-lhes a liberdade. “Sacrifício para propiciação”, obviamente, é linguagem da religião: o ato de se apresentar uma oferta que toma o lugar do culpado.

Índice: Romanos 1 Romanos 2 Romanos 3 Romanos 4 Romanos 5 Romanos 6 Romanos 7 Romanos 8 Romanos 9 Romanos 10 Romanos 11 Romanos 12 Romanos 13 Romanos 14 Romanos 15 Romanos 16