Estudo sobre Apocalipse 3:19

Apocalipse 3:19

Nesse instante o Senhor tira a máscara do comerciante aplicado aos negócios, revelando-se como aquele que ele é: como amigo de todas as igrejas: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. O amor de amigo (Jo 15.14,15, aqui no v. 20) expressa-se em duas atividades que, na formulação, constituem uma repercussão de Pv 3.12 (e Hb 12.7), mas que novamente devem ser examinadas no seu contexto. Lá elas estão inseridas na relação pai-filho, e naquele contexto a disciplina é sofrer castigo. Contudo, é estranho a João falar de Cristo como o Pai dos discípulos. Igualmente falta no trecho qualquer vestígio de sofrimento por castigo. Por um lado, entre amigos focaliza-se a palavra da verdade: Eu repreendo (“corrijo”). O amigo rejeita tudo o que não for verdade. Inexoravelmente ele examina as obras e cita de forma aberta o que for imprestável. Segue-se a palavra da punição: Eu disciplino. Ele ameaça com ira ardente, destroça a presunção, exige consequências e ordena o arrependimento. Tudo isso se espelha na mensagem à igreja. Ela também está entremeada da busca pela atenção, o chamado para despertar e convidar. Ainda que não seja possível o elogio, nem por isso há falta do amor. Também na ira o Senhor se lembra de sua misericórdia e “não é com prazer que ele nos causa sofrimento ou dor” (Lm 3.33 [Bíblia na Linguagem de Hoje]).

Sê, pois, (daqui em diante) zeloso e arrepende-te. A primeira das duas exortações está na forma verbal de continuidade. Aos anos de mornidão (v. 16) devem seguir-se anos de zelo. Que sejam tomados do zelo de Jesus quando purificou o templo (Jo 2.17) e que seja queimado o zelo antigo, impuro, que fez da comunidade uma casa de comércio. Fora com o ativismo afundado no mundo, com o regatear, acumular, trabalhar, correr e apressar-se por nada! O nome, o reino e a vontade de Deus passam a determinar os pensamentos de forma nova.