Estudo sobre Apocalipse 3:21-22
Apocalipse 3:21-22
Aquilo que até aqui caracterizou a última missiva, a saber, a máxima culpa, o mais extremo perigo, o mais insistente chamado ao arrependimento, o mais intenso amor, isso também se prolonga no oráculo do vencedor: novamente um ápice, a saber, uma promessa mais sublime. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono. O “comigo” do v. 20 prolonga-se até a consumação. “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória” (Jo 17.24). A comunhão de mesa secreta é transformada em comunhão de trono pública. A ilustração tem sentido por causa das amplas salas dos tronos na Antiguidade. Porém, é tão somente uma ilustração, que tenta expressar o inexprimível. O vencedor é acolhido numa comunhão de trono já existente anteriormente: assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. A partir do cap. 5 o leitor da Bíblia sabe a que data o Senhor está aludindo e de que espécie era essa vitória: Ele venceu na Sexta-Feira da Paixão, quando morreu pelo mundo e também por Laodiceia. É desde então que ele reina (cf. nota 162). Entretanto, sua igreja ainda se encontra na luta da fé, até que também ela possa assentar-se.
O judaísmo ensinava que no céu ninguém além de Deus está sentado. Todos os demais estão de pé. Diante desse pano de fundo essa promessa é intensificada de uma maneira que extrapola todas as medidas e conceitos. O trono de Deus constitui a figura central do Apocalipse de Ap 1.4 a 22.4. Ele é mencionado em 47 passagens. Ele é o ponto de partida de todos os acontecimentos no céu e na terra, no mundo antigo e no novo. Sobre esse trono, porém, Cristo “preparou um lugar” (Jo 14.2) para sua igreja em Laodiceia. Essa palavra é afirmada numa hora em que a igreja ainda é morna. Jesus lhe oferece a última coisa que possui, sua comunhão com o Pai no trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Que diz o Espírito às igrejas através dessa última mensagem, resumidora? Ele fala de Jesus! Jesus é o Amém [masculino], a fiel testemunha, o Primeiro da criação, o Juiz, o purificador do templo, o comerciante, amigo, hóspede, anfitrião, o vencedor e entronizado, e o Filho. Assim cumpre-se Jo 16.14: “Ele me glorificará”, ainda que fale sobre pecado, arrependimento, juízo e salvação.
Não seria espiritualmente correto depreender desses dois capítulos nada mais que “Tu deves!”. Eles representam uma imponente nova proclamação do Senhor Jesus, para que sua igreja não se torne uma igreja de aparências. Certamente ela própria está sendo desmascarada nesse processo. Mas igualmente está sendo manifesto aquele que diz: “Eu sou”, “eu conheço”, “eu quero”, “eu venho, eu dou.”