Estudo sobre Apocalipse 3:4

Apocalipse 3:4

Na transição para o oráculo do vencedor, o Senhor chama atenção para determinados membros da comunidade: Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram (“lambuzaram”) as suas vestiduras. Ao nome de aparência do v. 1 contrapõem-se “nomes” autênticos, os quais a igreja “tem”, a saber, pessoas.227 Elas são identificadas por suas vestiduras. Cabe recordar aqui a observação prévia a Ap 1.12-16: aquilo com que alguém se veste, isso ele é. Vestiduras lambuzadas significam uma essência pecadora. Em Sardes, como também em outras cidades, o pecado consistia em descambar para os cultos gentílicos. Ocorre aqui, porém, que as exceções são elogiadas. É para essas pessoas que vale a promessa: e andarão… junto comigo. Como tantas partes da passagem, essa expressão evoca a mensagem a Éfeso, a saber, a comunhão paradisíaca de Ap 2.1. Então elas estarão vestidas na cor da vitória, branco… pois são dignas (disso). Do enunciado naturalmente se poderia depreender novamente a ideia judaica do mérito (cf. Ap 2.23). Ou seja, recebem vestiduras brancas aqueles que na vida terrena mantiveram suas vestes incontaminadas (que as “preservaram”, Ap 16.15), i.e, que superaram a tentação do mundo gentílico e permaneceram fiéis a Cristo. Contudo, através do que eles permaneceram fiéis e foram vitoriosos? Pelo sangue do Cordeiro (Ap 12.11), por lavarem constantemente suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 7.14; 22.14) ou por adquirirem essas roupas junto a Jesus, sem dinheiro (Ap 3.18). Que “dignidade” eles, portanto, evidenciam na ocasião escatológica de receber os trajes? É graça! Agraciados receberão, naquela hora, a graça! É óbvio que o termo “digno” procede do pensamento comercial e tem um lugar na teologia judaica do mérito, contudo aqui ele é preenchido com o evangelho: graça é “merecida” por graça. De sua plenitude nós recebemos graça sobre graça (Jo 1.16). Essa é e continuará sendo a descrição perfeita da vida cristã. Tornamo-nos cristãos quando passamos a ser recebedores sob a pregação missionária (v. 3).