Estudo sobre Romanos 11:1-4

Romanos 11:1-4

Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? Para quem vem da Escritura, p. ex. orando com o Sl 94.14, existe somente uma resposta: De modo nenhum! O próprio Paulo era um contra-argumento vivo: Deus o tinha aceito! Ele traz à consciência de seus leitores quem está diante deles: Porque eu também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Ou seja, quem fala de Israel, por favor saiba distinguir. A referência à origem genealógica não tem nada em comum com o tolo orgulho de eleito de antigamente (Fp 3.5; 2Co 11.22), mas serve tão somente como lembrete: Eu não era, eu sou judeu e israelita no sentido pleno! Porém o que realmente é importante nessa questão não depende de uma pessoa isolada.

Voltemos primeiro àquele “De modo nenhum!” do v. 1: Deus não rejeitou o seu povo (1Sm 12.23), a quem de antemão conheceu, ou seja, escolheu (cf. o exposto sobre Rm 8.29). Nem mesmo o fato de que a maioria de Israel tenha expulsado o evangelho de Jesus Cristo e seus mensageiros é capaz de impor-se contra essa certeza. Ela é nutrida por uma palavra que, em vista de uma infidelidade anterior de Israel, iluminou como um relâmpago a fidelidade de Deus para com a aliança. Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito (do texto) de Elias, como insta perante Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, arrasaram os teus altares, e só eu fiquei, e procuram tirar-me a vida (1Rs 19.10,14,18). O v. 4 expõe o sentido em que esse exemplo da Escritura é norteador: Que lhe disse, porém, a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante (do ídolo) de Baal (1Rs 19.18). O começo da frase: “Reservei!”, “Eu guardei” (blh) coloca na ponta uma ação de Deus. Porque Deus está atuando no meio de seu povo, é necessário fazer distinção em Israel. Existe o grupo de pessoas retidas, independentemente da coragem e fidelidade humanas, assim como do grau de sua familiaridade, pois o próprio Elias não suspeitava de nada. Pelo mero fato de existirem, elas significavam profecia a caminho. Por existirem, e porque de agora em diante Elias podia pensar nelas, elas transmitiam força de esperança. Neles já havia algo do Israel completo, pois seu número, sete mil, não é número de contagem, e sim número de sentido, número de uma plenitude intentada por Deus. Era assim que Deus levava avante a sua causa com Israel, até mesmo atravessando a apostasia.


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Romanos 11:1-4