Estudo sobre Romanos 11:7-10

Romanos 11:7-10

Isso, no entanto, não significa que Deus cai na passividade diante do “não” da maioria dos judeus. Deus sempre é Deus, motivo pelo qual não há pecado sem consequências. Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos. Embora esses últimos, diferentemente dos desconhecidos sete mil, representem o Israel oficial, fala-se deles como à margem, como os “demais”. Porque à vista do evangelho se encaminharam para a justiça própria (Rm 10.2,3), não alcançaram sua justificação; sim, eles colheram um endurecimento temporário da sua vontade tal como estava. Cabe no contexto dessa questão também a afirmação de que Deus os “entrega”, segundo Rm 1.24,26,28. Porque eles “estão sempre resistindo ao Espírito Santo” (At 7.51 [vfl]), Deus os deixou por conta de um espírito maléfico. Como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento ou, conforme Is 29.10, de profundo sono, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje (Dt 29.4). Numa determinada fase, Deus é capaz de bloquear o arrependimento, a fim de impedir uma conversão superficial. Ele se nos presenteia somente por intermédio do juízo.

Ainda um segundo testemunho da Escritura retoma a situação de não poder ver, sublinhando o tema com um impacto imenso: E diz Davi: Torne-se-lhes a mesa em laço e armadilha, em tropeço e punição; escureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam, e fiquem para sempre encurvadas as suas costas (Sl 69.22,23). Paulo usa a palavra “mesa” em 1Co 10.21 para designar a mesa do altar nos cultos gentios. Esse móvel era rodeado pelos sacerdotes gentílicos na celebração litúrgica, que lhe faziam incontáveis reverências (cf 1Rs 18.26). Por isso consta aqui no final, com relação simbólica ao serviço judaico à lei, que seus adeptos continuem a entregar-se a ela intensamente, ou seja, que se endureçam e encalhem em sua religiosidade!

Para não escorregarmos na interpretação dessas afirmações, recordemos mais uma vez os esperançosos v. 4-6. Não era opinião de Paulo que essa ação judicial de Deus pudesse tornar impossíveis por princípio conversões de judeus. Endurecimento não é rejeição, mas uma situação que ainda está em aberto (cf o exposto sobre Rm 9.26, no final). Em Rm 2 Paulo confronta seus irmãos resistentes ao arrependimento com a “riqueza da sua bondade” (v. 4), que os rodeia poderosamente em plenitude (v. 4).

Continuação...
Romanos 11:7-10