Estudo sobre Romanos 2:5-6

Estudo sobre Romanos 2:5-6

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Romanos 2:5-6

Mas, segundo a tua dureza e (teu) coração impenitente. Persistentemente o povo respondia com teimosia às incansáveis ofertas da salvação divina. Apesar disso, o apóstolo empenha-se por penetrar nas consciências. Para tanto lança mão do exemplo conhecido no judaísmo sobre o tesouro de méritos no céu, embora invertido para o negativo: acumulas contra ti mesmo ira. Qualquer injustiça faz com que a ira de Deus se mova, se acumule, se represe, mesmo quando ele ainda se controla exteriormente, até que o dia da ira estoure com sua revelação do justo juízo de Deus.

O v. 6 fornece um testemunho da Escritura referente a esse “justo juízo de Deus”: Ele retribuirá a cada um segundo o seu procedimento. Há formulações semelhantes esparsas por toda a Bíblia. Cabe ressaltar que Deus somente julga assim, diferentemente dos tribunais terrenos. Em sentido rigoroso, os juízes humanos jamais julgam segundo as obras propriamente ditas, uma vez que nunca estiveram presentes. Têm de confiar em depoimentos, feitos pelo próprio acusado ou pelas testemunhas (com todas as suas compreensíveis fontes de erros!). Eles julgam somente pelo que ouviram dizer. Deus, porém, é aquele que estava lá e que continua lá e que estará lá, de maneira que não tem necessidade de testemunhas. Ele é sua própria testemunha. Por conseqüência, Deus pode orientar-se segundo os fatos em si, segundo as obras.

No judaísmo esse “julgamento segundo as obras” tinha grande importância, mas recebia a seguinte deturpação: Um anjo anota incessantemente o agir da pessoa em listas, sejam ações boas ou más. No juízo final instala-se uma balança e pesa-se se predominam as obras boas ou as más. Quando a balança está indefinida para um ou outro lado, Deus não será mesquinho caso se trate de um descendente de Abraão, mas inutilizará algumas cartas de débito. Portanto, salvação por meio de méritos mais a graça. Sob essa premissa, o judeu tinha de tomar cuidado durante todos os dias de sua vida, para realizar em troca de cada ação má, quando possível, outra ação boa, para assegurar pelo menos um balanço equilibrado (cf Lc 18.12).

Há dois erros nessa justiça pelas obras. Primeiro: Ao se concentrar em cada obra isolada, ignoram-se os seus intervalos: a história prévia, os motivos que levaram à ação, os objetivos que no fundo foram visados e buscados; além disso, as resistências que cabia superar, ou auxílios que havia à disposição. Tudo isso é altamente importante para uma avaliação justa. Deus não considera apenas a ponta do iceberg. De acordo com o v. 7 ele também vê a perseverança e a busca (nvi) sincera, e segundo o v. 16, vê também o agir oculto. Em segundo lugar, perde-se na justiça das obras o nexo abrangente das obras. Não se vê a obra diante das demais obras. Paulo gosta de substituir “obras” pelo singular “obra”, p. ex., em 1Co 3.13; Gl 6.4; Fp 1.6. Nós seres humanos nos fixamos em aspectos parciais e produzimos deles figuras de fantasia, com as quais passamos a viver. Porém Deus se atém, em sentido abrangente, ao inventário de nossa vida real. A realidade humana toda precisa ser confrontada com toda a realidade de Deus.

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Romanos 2:5-6