Estudo sobre Romanos 2:19-22

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Romanos 2:19-22

Entretanto, também faz parte da eleição de Israel uma incumbência. Ela consistiu, desde a raiz, em servir de bênção para as nações. O judaísmo interiorizou essa missão na forma de sua erudição escriturística. Estás persuadido – e nisso não reside necessariamente uma presunção – de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de crianças. De forma palpável Paulo projeta a figura condutora do escriba, para o que pode apoiar-se em copioso material do at. Há pouco Paulo admitira que também os gentios possuem certos conhecimentos da lei (v. 14), agora, porém, destaca a forma especial da lei, que proporciona à sinagoga uma superioridade real: tendo na lei a forma (registrada por escrito) da sabedoria e da verdade. Também Jesus atestou a esses homens uma força propagandística em toda a região do Mediterrâneo (Mt 23.15a).

Gramaticalmente, a frase desmorona depois do v. 20. Acrescentam-se quatro perguntas retóricas. O v. 23 poderia ser entendido como uma quinta pergunta sintetizadora. É assustador ter de constatar que esse missionário não se preocupa pessoalmente com os Mandamentos, pelos quais se empenha com todos os recursos profissionais. Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Na sinagoga empregam-se assiduamente a instrução doutrinária, a pregação e a citação exegética. Determinam o pensamento. Movem os lábios. Preenchem os cultos. – Contudo, na prática pessoal, os judeus fogem para o que não é essencial. O zeloso lá na frente não é verdadeiro judeu, apenas faz papel de judeu. O objetivo de Paulo não é, como antecipamos acima, tirar do judeu a certeza de sua eleição e missão. Porém insiste em dizer que Deus, por ser Deus verdadeiro, não permite brincadeiras consigo, mas julga “segundo a verdade” (v. 2).

Paulo está fundamentando o v. 1: “praticas as próprias coisas que condenas”. No entanto, será que os rabinos eram todos tão maus assim? Eram todos notórios ladrões, adúlteros e aproveitadores? Em vez de sugerir que Paulo esteja polemizando sem base objetiva, importa desenvolver uma compreensão para essa forma de falar. Seria possível acrescentar às transgressões contra o vii, o vi e o i Mandamentos, citadas a título de exemplo, outras ocorrências semelhantes, da autocrítica judaica da época (Bill iii, pág 105-115). Contudo os judeus as interpretavam de modo diferente, a saber, como lamentável desvio de alguns. Paulo as reconhece como sintomas e na função que exercem para o legalismo propriamente dito. Nele, o poder do pecado na verdade não foi quebrado (3.20). Nem a mais sagrada doutrina, nem o máximo conhecimento, nem o empenho mais extremo podem realizar isso. Tampouco adianta tornar-se um pouco mais legalista que até agora. Algumas boas ações não quebram o fascínio.

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Romanos 2:19-22