Estudo sobre Romanos 2:1

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Romanos 2:1

Diferente do discurso genérico sobre as “pessoas” a partir de 1.18, Paulo passa para o singular em 2.1: ó homem! Trata-se de uma pessoa peculiar, a saber: quando julgas. Assim, processa-se uma completa mudança de cenário. Há pouco ainda compareciam diante de nós os viciados, que não somente praticam o mal, mas também aplaudem, divertindo-se, aqueles que fazem o mesmo (1.32). Agora Paulo dirige-se ao ser humano ético, para quem o bem e o mal ainda são conceitos claros e que por isso não “se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1). No presente contexto, “julgar” ainda não é igual a condenar, do que fala somente a próxima linha. Do contrário, aqui como muitas outras vezes na Bíblia, “julgar” significa “examinar” (12.2; 14.22), “censurar”, “exortar”, “educar” e “ensinar”, como exemplificam os v. 18-20. Paulo dirige-se a uma pessoa especialmente abençoada (v. 4!) e vocacionada para o serviço. Dessa maneira cita-se paradigmaticamente o judeu fiel à lei. Não apresentava a frivolidade básica de 1.32. A revelação do Sinai e, depois, pelos séculos, as incansáveis manifestações de Deus por intermédio dos profetas, e finalmente a educação religiosa, que cobria todas as esferas da vida, haviam produzido em Israel uma ordem de valores intacta. Enojadas, as pessoas se afastavam da imoralidade. Diante do que era “inconveniente” (1.28) manifestava-se impreterivelmente a advertência: “Não farás!”.

A experiência nos diz que o cumprimento da função moral facilmente nos distancia do chão. Involuntariamente forma-se uma elevada sensação do próprio eu quando se está constantemente exortando, educando e pregando. O juízo sobre o outro: “Tu pecaste!” reprime a confissão: “(Eu) pequei!” (2Sm 12.13; Lc 15.21). Também o reconhecimento por parte dos que cercam o homem da lei produz o seu efeito. E finalmente: Acaso cumprir por décadas esses serviços não significa nada? Que agradaria mais a Deus: aplaudir a prática do mal ou condená-la em consonância com a lei divina? Porventura no juízo final Deus não reconhecerá uma vida vivida como um dedo erguido, assegurando-lhe um tratamento especial?

Essa autoconsciência é abalada por Paulo. Não, “indesculpável”, responde ele com o mesmo verbete que aplicou aos gentios em 1.20. Dessa forma, de fato equipara esses grupos morais genericamente com os gentios. Há algo que decididamente conta perante Deus: pois praticas as próprias coisas que condenas. É certo que não praticas continuamente o mal, em tua vida não há dúvida de que existe muita preservação (veja acima, e v. 4), mas o praticas de vez em quando. Tampouco praticas o mal em todas as áreas (v. 10,14), porém o praticas cá e acolá. Portanto, de vez em quando, cá e acolá – isso já é o bastante. Há momentos em tua vida que, num lampejo, revelam quem tu és de verdade. No entanto, o que é verdade não pode ser verdade por um segundo apenas. Continua verdadeiro por toda a eternidade. Esta é uma característica da verdade.

Para Deus a injustiça não pode ser tolerada em circunstância alguma. Em caso algum o mal se sai bem, mas a ira de Deus se revela sobre ele (1.18). O mal não pode ser compensado estudando-se a lei dia e noite, nem empenhando-se energicamente pelos direitos de Deus em público. Pelo contrário: A lógica corre inversamente. A culpa do homem da lei até se intensifica pelo conhecimento muito mais elevado da vontade de Deus (v. 21-23). O que foi dito em 1.32 sobre os gentios: “Eles sabem” (blh) e, mesmo assim, o fizeram, vale ainda muito mais para as pessoas que pensam e julgam moralmente.


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