Daniel 9 — Comentário Teológico

Daniel 9 — Comentário Teológico
Daniel 9 — Comentário Teológico


Capítulo Nove

O livro de Daniel compõe-se essencialmente de seis histórias quatro visões. As histórias ocupam os capítulos 1-6, e as visões os capítulos 7-12. Quanto a detalhes sobre esse arranjo, ver os parágrafos quinto e sexto da porção chamada “Ao Leitor”, apresentada antes do começo da exposição sobre Dan. 1.1. Chegamos agora à terceira visão. Os sonhos-visões são datados, e esta terceira visão é declarada como tendo ocorrido no primeiro ano do reinado de Dario, o medo. Quanto a idéias adicionais, ver a introdução ao capítulo 7.


Profecia das Setenta Semanas (9.1-27)

O propósito imediato deste capítulo é elaborar a predição dada nos capítulos 7 e 8 sobre o fim que já se aproximava rapidamente. Esta visão não emprega as figuras dramáticas nem o simbolismo estranho das outras visões, como a imagem feita por vários metais, os animais em conflito etc., que figuram nos capítulos 2, 7 e 8. Temos aqui declarações simples e literais, sem simbolismos, embora os dias das semanas signifiquem anos. Dito isso, supostamente somos capazes de calcular quanto se passaria até o tempo do fim (Dan. 9.17). Como acompanhamento, apresento uma ilustração sobre as setenta semanas, do ponto de vista dos dispensacionalistas. Naturalmente, existem outras interpretações que observo ao longo do caminho.

Este capítulo divide-se naturalmente em três seções: vss. 1-3, Prólogo; vss. 4-19, oração introdutória escrita em um hebraico melhor do que o resto do livro, e comparável a orações como as encontradas em Baruque 1-9 e Baruque 1-3; vss. 20-27, a visão propriamente dita.

Prólogo (9.1-19)

Isso inclui a oração introdutória (vss. 4-19). Os vss. 1-3 nos dão o meio ambiente da visão. A profecia das setenta semanas é uma espécie de exposição de uma profecia de Jeremias (25.11,12; 29.10).

9.1
No primeiro ano de Dario, filho de Assuero. Encontramos aqui, uma vez mais, a pessoa de Dario, o medo. Quanto a uma discussão sobre sua identidade, ver as notas em Dan. 5.31 e 6.1, cujo material não repito aqui. Seu primeiro ano de governo foi 538 A. C. Daniel era um homem idoso, tendo estado no exílio por 66 anos.

Assuero. Alguns estudiosos supõem que Assuero fosse parente fictício de um Dario fictício. “Assuero: nos livros de Ester e Esdras. Esse é um nome persa, e não medo. Não aparece nas páginas da história nenhum Xerxes que tivesse um filho chamado Dario, mas sabe-se que Dario I (521-485 A. C.) foi o pai de Xerxes I (485-365 A. C.)’ (Arthur Jeffery, in loc.). Historicamente, a identidade do homem permanece incerta. O que se diz sobre o assunto, apresento no artigo do Dicioná­rio, chamado Assuero, ponto terceiro. Provavelmente o nome deve ser conectado a Xerxes.

9.2
No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel. Daniel vinculou sua profecia à profecia de Jer. 25.11,12 e 29.10. Ao ler certos livros (não necessariamente limitados aos de nosso Antigo Testamento canônico), Daniel veio a compreender um itinerário de tempo para as profecias relativas ao futuro. Devemos entender que existia uma coletânea apocalíptica de livros que, provavelmente, tinha muito mais material do que aquele que sobreviveu nos livros canônicos sobre assuntos proféticos. Confiando na exatidão essencial desses livros, o profeta Daniel foi capaz de construir uma espécie de cronograma profético e terminou chegando ao prazo de 70 anos. Haveria 70 anos de desolação, até a restauração. Mas existe certa confusão acerca de quando deveria começar esse cômputo: 1. A partir de 606 A. C., ano da profecia de Jeremias; 2. a partir de 598 A. C., ano do cativeiro de Jeoaquim; 3. a partir de 588 A. C., ano da destruição do templo. Os vss. 20 ss. tomam os 70 anos e falam da profecia das 70 semanas. Isso também tem ocasionado muita discussão e desacordo. Estou supondo que Daniel também usou os livros à sua disposição para entender melhor a questão.

O cativeiro deveria terminar dentro de setenta anos (Jer. 25.11,12), mas quanto ao tempo do fim haveria grande expansão de tempo, representada pelas 70 semanas, em que cada semana representava um ano. O vs. 24 é uma interpretação mística dos “setenta” referidos neste vs. 2. Portanto, temos um significado histórico e um significado místico. Ver as notas sobre o vs. 20 a respeito desse tema.

9.3
Voltei o meu rosto ao Senhor Deus. Somente no vs. 24 encontramos as 70 semanas de anos. Tudo, até aquele ponto, é mera preparação. O profeta envidara extremos exercícios espirituais para obter entendimento. Ele voltou o rosto “na direção do Senhor”, buscando-O intensamente, confessando seus pecados, agitando seu espírito, para tornar-se receptivo à revelação profética. Passou por um período de jejum e lamentação, com os ritos costumeiros de usar roupas de cilício e jogar cinzas sobre a cabeça.

1. Voltei o meu rosto ao Senhor provavelmente significa mais do que voltar-se na direção de Jerusalém. Cf. Dan. 10.15; 11.17 e II Crô. 20.3.

2. Com oração e súplica foi o primeiro exercício espiritual. O profeta estava procurando iluminação (ver a respeito no Dicionário).

3. Com jejum. Um exercício espiritual antigo (e moderno) que significa tanto esclarecer a mente como fazer um homem entrar em contato especial com o Ser divino. Ver sobre essa palavra no Dicionário.

4. Com pano de saco e cinzas. Esses são sinais de arrependimento. Cf. Est. 4.1-3; Isa. 58.5; Jon. 3.5,6; Mat. 11.21. Ver no Dicionário os artigos chamados Saco de Pano; Cinzas Lamentação.

Oração Preparatória (9.4-19)

Esta seção é uma espécie de continuação do prólogo e introdução da visão propriamente dita, que começa no vs. 20. Trata-se de um mosaico de frases aparentemente extraídas das liturgias da época, e foi vazado em um hebraico melhor do que o encontrado no restante do livro. Cf. com outras orações similares: Neemias 1 e 9; Baruque 1 e 3. Alguns estudiosos supõem que a oração era conhecida pelo profeta e ele simplesmente a incorporou em seu livro como reflexo de seus sentimentos e de sua inquirição espiritual. Essa é uma oração na qual Daniel confessou pecados, corrigindo-se diante de Deus e buscando o Seu favor, incluindo a questão das revelações.

9.4
Orei ao Senhor meu Deus, confessei, e disse. A oração de Daniel foi endereçada a Yahweh-Elohim, o Deus Eterno e Todo-poderoso, Até o melhor dos homens tem muita coisa para confessar, pelo que Daniel limpou o caminho para a bênção de Deus, ao livrar-se de seus pecados. Antes de mais nada, esta é uma oração penitencial. Cf. o vs. 20 e Nee. 1.6. A confissão era um dever religioso (ver Lev. 5.5; 16.21; 26.40; Esd. 10.1 e Nee. 9.2). Daniel, pois, confessou os próprios pecados e os pecados do povo. Yahweh, que é o grande e terrível Poder (Elohim), tinha feito um pacto com o povo de Daniel. Ver sobre o pacto abraâmico em Gên. 15.18 e, no Dicionário, ver o verbete chamado Pactos. Os que “guardam os mandamentos” são favorecidos ao longo da vida, pois as condições da aliança com Deus são cumpridas pelo Senhor que estabeleceu o pacto. Israel era um povo distinto, em face de seu pacto com Deus, visto que possuía e guardava a lei de Moisés. Ver Deu. 4.4-8. O Deus terrível, o Deus espantoso, lança o medo sobre os homens (ver Deu. 10.17; Juí. 13.6; Sal. 47.2; Joel 2.11). E assim eles são dotados da mente apropriada para receber e obedecer à revelação.

“Por causa de sua falta de compreensão, Daniel voltou-se para a fonte de toda a sabedoria. No entanto, não se aproximou de Deus sem envidar algum esforço. Chegou diante do trono de Deus em pano de saco, cinzas e confissão” (Gerald Kennedy, in loc.). Cf. Tia. 1.5. A bênção resulta da obediência e do buscar com intensidade.

Quanto ao Pacto Mosaico, ver a introdução a Êxo. 19. Esse pode ser o ponto principal em vista neste versículo.

9.5
Temos pecado e cometido iniquidades. Tanto Daniel como o seu povo haviam pecado com atos de rebelião contra os mandamentos de Deus. Ninguém observa completamente a lei mosaica e, se esse for o padrão do juízo, então todos os homens terão muito para confessar. Sempre haverá necessidade de reforma, pelo que os pecados devem ser abandonados, e não somente confessados. Cf. I Reis 8.47 e Deu. 17.20, passagens com declarações semelhantes. Os mandamentos são aqueles dez e seus corolários. As ordenanças são as decisões legais e incluem as questões cerimoniais. Para os judeus, porém, a lei como um todo envolvia questões morais. Eles não dividiam a lei em moral e cerimonial, conforme a interpretação cristã. Alguns estudiosos fazem os mandamentos referir-se à lei moral, ao passo que as ordenanças referem às leis civis. Daniel, pois, confessava que ele e seu povo não eram bons observadores da lei. Muitos judeus do cativeiro, naturalmente, permaneciam atolados na idolatria-adultério-apostasia que tinha provocado sua deportação, antes de mais nada.

9.6
E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas. Yahweh tinha Seus instrumentos, e entre eles estavam os profetas. Mas esses instrumentos foram essencialmente ignorados. Não faltavam o ensino e a interpretação da lei. O que faltava eram corações acolhedores e a determinação de fazer o que é correto. Quanto ao povo não ouvir os profetas, cf. Nee. 9.32,34; Jer. 26.5; 29.19; 35.15; 44.21; Baruque 1.16. Todas as classes do povo estavam envolvidas na negligência e na desobediência. A lista em ordem descendente dessas classes encontra-se em Jer. 1.18 e 44.21: a casa real; os príncipes e suas casas; as famílias; o povo em geral. Aqui os profetas não foram incluídos na condenação, conforme geralmente acontece no livro de Jeremias, pois Daniel estava levando em conta somente bons profetas. Contrastar com Jer. 5.31 e 13.13.

9.7
A ti, ó Senhor, pertence a justiça. Yahweh é tanto a retidão como o modelo de retidão, além de ser o comunicador da retidão. Em contraste, Seu povo permanecia na confusão moral, por causa da desobediência. “Corar de vergonha” é uma expressão idiomática que significa estar envergonhado e em desgraça (cf. Jer. 7.19; Sal. 44.15; II Crô. 32.21 e Esd. 9.7). Todos os habitantes de Judá e Jerusalém compartilhavam dessa vergonha, e por essa razão tinham sido espalhados entre as nações (muitos deles foram para o cativeiro babilônico, em várias deportações; ver Jer. 52.28). O povo de Judá não era leal (NCV), pelo que merecia o que obtivera. A Revised Standard Version diz “traição” como a principal característica deles. Diz o original hebraico, literalmente: “por causa da infidelidade, eles agiram infielmente contigo”. A ideia de traição é mais proeminente na palavra hebraica traduzida por “transgressões”. Cf. Lev. 26.40; Eze. 17.20; 18.24; I Crô. 10.14.

Corar de Vergonha. Outras versões dizem aqui “confusão de rosto”. Isso nos faz lembrar da confusão das línguas, na história do livro de Gênesis. Os homens ficam confusos quando desafiam e ignoram a Deus. Daniel não tinha dúvida de que o estado confuso do mundo e de seu povo se devia a causas espirituais. A ordem só pode ser restabelecida por Deus” (Gerald Kennedy, in loc.).

9.8
Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha. A ideia de corar de vergonha é repetida com base no vs. 7. Todas as classes da sociedade compartilhavam esse comportamento. A lista de classes é levemente condensada (ver o vs. 6 quanto a essa lista). Não havia exceções, pelo que todos precisavam confessar e arrepender-se para que o favor de Deus fosse recebido. Daniel “observou o baixo estado espiritual da família real, dos príncipes, dos anciãos e de todo o povo que estava na Babilônia. Eles estavam sujeitos à vergonha perante os povos do mundo” (John Gill, in loc.).

9.9
Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia. Yahweh-Elohim (o Deus Eterno e Todo-poderoso) está pronto para perdoar os pecados e mostrar misericórdia, quando Seu povo se aproxima Dele com sinceridade, pedindo-Lhe precisamente isso, em atitude de arrependimento. Faz parte da natureza divina perdoar e demonstrar misericórdia. Até os rebeldes são aceitos por Deus quando resolvem mudar moralmente. Ver no Dicionário os verbetes intitulados Perdão Misericórdia. “Da bondade de Deus fluem as misericórdias divinas. De Suas misericórdias flui o perdão” (Adam Clarke, in loc.).

9.10
E não obedecemos à voz do Senhor. A desobediência do povo estava comprovada pelo fato de que eles não andavam segundo as demandas da lei. Os mandamentos de Deus eram claros, pois os profetas, agentes de Deus, assim os tornaram. Mas não havia um andar correspondente. Ver no Dicionário o verbete chamado Andar, quanto a essa metáfora espiritual. O andar é uma prática conhecida em todos os meios de vida e do viver. Cf. Jer. 26.4; 44.10,23; Nee. 9.13. A lei foi apresentada e esclarecida ao povo, tornando-se acessível a todos. Ver Deu. 4.8; 11.32; Jer. 9.13; 26.4 e 44.10.

9.11
Sim, todo Israel transgrediu a tua lei. A desobediência em geral é novamente enfatizada. Havia a transgressão generalizada de mandamentos conhecidos. Os judeus tinham-se afastado de modo geral da lei mosaica, voltando-se para a idolatria e os cultos pagãos. A voz de Yahweh não era ouvida, mas vozes estranhas eram ouvidas. Por essa razão, caiu sobre o povo a maldição divina, no lugar das bênçãos divinas. As maldições da lei de Moisés tornaram-se um elemento destruidor entre o povo. Provavelmente estão em vista as imprecações detalhadas em Lev. 26.14-22 e Deu. 28.15-45. Essas maldições foram derramadas sobre o povo como poderosa torrente. Cf. Jer. 42.18; 44.6; II Crô. 12.7; 34.21; Apo. 16.1, Quanto a maldições escritas, ver Deu. 29.20 e Baruque 1.20. Tudo isso aconteceu porque os judeus se recusaram a ouvir (e, portanto, a obedecer) à voz de Yahweh. Ver Jer. 18.10 e 42.13. As maldições de Deus chegaram como se fossem um rio (ver Êxo. 9.33), pois dissolviam a prata como se fosse um fogo intenso (ver Eze. 22.20,22).

9.12
Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós. maldição de Deus contra a apostasia feriu Judá e Jerusalém por meio dos ataques e do cativeiro babilônicos. Isso levou o país à quase total extinção. Para detalhes, ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro Babilônico. Judá já tinha experimentado muitos tempos ruins, mas nada comparável à intensidade e capacidade de destruição dos ataques babilônicos. Algum tempo disso houve as atrocidades de Antíoco Epifânio, que alguns intérpretes vêem aqui sugeridas. Talvez a declaração seja ampla o bastante para incluir ambas as idéias. Embora coisas ainda piores tenham ocorrido a outros povos, para Judá-Jerusalém nada superou os ataques
babilônicos. Cf. Jer. 35.17 e 36.31.

9.13
Como está escrito... todo este mal nos sobreveio. Este versículo identifica a calamidade em mira como o cativeiro babilônico. A lei de Moisés havia antecipado tão ferozes juízos se os filhos de Israel fossem desobedientes. Houve petições em favor de Israel; mas elas não foram eficazes, por não estarem acompanhadas pelo arrependimento e pela confissão de pecados. “Como está escrito” refere-se a passagens como Deu. 28.15 e 30.1. E “não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus”, no hebraico literal, é: “adocicar a face”, ou seja, aplacar para remover a reprimenda divina, que estava causando a destruição. Cf. Jó 11.18; Pro. 19.6; Sal. 45.1. Nesses versículos está em vista a lisonja que busca obter favores.

Os homens “lisonjeiam” a Deus através da obediência. Ver a busca do favor divino em Êxo. 32.11; II Reis 13.4; Sal. 119.58 e Baruque 2.8. Algumas versões falam aqui na “face de Deus”, e isso significa a “pessoa de Deus”. As inscrições acádicas usam a palavra panu (face) dessa maneira. Cf. Sal. 34.16; Êxo. 33.14; Isa. 63.9. “O anjo da face” significa o anjo da Presença. O castigo ensina a penitência (ver Isa. 9.13; Jer. 5.3; Osé. 7.10).

9.14
Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal. Lei da Colheita Segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário) foi aplicada por Yahweh por causa de Seu governo moral do mundo. A apóstata nação de Judá tinha de sentir o chicote divino. A paciência divina se esgota, mas não o amor divino, porquanto o julgamento é um dedo da amorosa mão de Deus. Deus age em justiça e santidade, e não arbitrariamente. A lei de Moisés foi o padrão mediante o qual a retribuição era aplicada quando as infrações se tornavam descontroladas. Yahweh mantinha Seus golpes sempre prontos. Ele se mantinha vigilante e sabia quando esses golpes deveriam ser aplicados. Cf. Jer. 1.12; 31.28; 44.27 e Baruque 2.9. Ele agia em retidão. Ver Jer. 12.1; Esd. 9.15; Lam. 1.18. “Como conseqüência de nossas múltiplas rebeliões, Ele ficou aguardando uma oportunidade para trazer contra nós as calamidades” (Adam Clarke, in loc.). “O Senhor estava preparado para trazer o desastre contra nós” (NCV).

9.15
Na verdade, ó Senhor, nosso Deus. O profeta relembrava agora a famosa libertação da servidão egípcia, quando o nome de Yahweh foi exaltado, e pedia: “Faze isso novamente por nós!”. O Senhor tinha aplicado Sua mão poderosa para realizar a tarefa e podia tornar a fazer o mesmo. Ver sobre mão em Sal. 81.14; e sobre mão direita em Sal. 20.6. Ver sobre braço em Sal. 77.15; 89.10 e 98.1. Assim como Yahweh foi exaltado pela anterior e famosa libertação, o mesmo poderia acontecer em uma data posterior. Quanto ao nome, ver Sal. 31.3. E ver sobre nome santo, em Sal. 30.4 e 33.21. O Nome representa a Pessoa e Seus atributos. Quanto ao fomento da reputação (nome) de Deus, ver Isa. 63.12,14; II Sam. 7.23;’Jer. 32.20; Nee. 9.10 e Baruque 2.11, No tempo dos Macabeus, a memória da libertação dos israelitas do Egito tornou-se um grito de convocação contra os selêucidas.

9.16
Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças. É um ato de justiça quando Deus julga os pagãos e assim defende e livra Seu povo. Daniel esperava ver tal ato em seus dias, o que livraria Jerusalém da opressão. Cf. Juí, 5.11; I Sam. 12.7; Miq. 6.5; Sal. 103.6. A fúria de Deus manifestou-se no ataque e cativeiro babilônico, e nas atrocidades de Antíoco Epifânio. Poderia haver livramento de ambas as coisas. Jerusalém era monte santo onde fora construído o templo, ou seja, onde se processava o culto a Yahweh. Ver o vs. 20 e Sal. 2.6; 15.1 e 43.3. Isso será renovado nos últimos dias (ver Isa. 2.2 ss.; 27.13; 66.20; Oba. 21; Miq. 4.7 e Apo. 14.1).

...se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio. Ver Jer. 24.9; 44.12; Eze. 5.14. “O escritor, de sua posição na Palestina, estava pensando sobre como o tratamento dos judeus, às mãos de Antíoco, tinha atraído zombarias e assobios da parte dos povos vizinhos de Edom e de Amom (I Macabeus 5.1-8). Essa questão é novamente aludida em Dan. 11.41.” (Arthur Jeffery, in loc.).

9.17
Agora, pois, ó Deus nosso. A oração foi feita em favor do profeta, mas também em favor do Senhor, a quem foi dirigida, visto que ambos tinham interesse especial pela restauração, purificação e rededicação do templo. Portanto, Daniel invocou Yahweh para que Ele fizesse Seu rosto brilhar sobre essa idéia e cumpri-la o mais rapidamente possível. O rosto brilhante, que significa a aprovação e a ação divina em favor de alguém, retrocede a Núm. 6.25. Cf. também Sal. 67.1; 80.3 e 119.135. É similar ao que já vimos no vs. 13, “o adoçar da face”. O santuário de Jerusalém tinha ficado desolado (ver Lam. 5.18; I Macabeus 4.38). Está em vista a abominação da desolação (a abominação que desola, Antíoco Epifânio). Ver o vs. 27; Dan. 8.13; 11.31 e 12.11.0 Nome de Deus seria louvado e exaltado por atender a essa petição, tal como se vê no vs. 15, que fala de outra grande libertação do passado. “Nunca a oração sobe tão alto como quando uma alma apela humildemente a Deus como o Senhor Soberano de todos, e pacientemente espera que Ele aja conforme bem entender. Cf. Sal. 44.9-26” (Ellicott, in loc.). Ver Mal. 4.2. Ver o vs. 18 quanto a uma extensão dos possíveis significados da petição.

9.18,19
Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve. Pela segunda vez, o profeta invocou Elohim para ouvir sua súplica. Ver as notas expositivas sobre o vs. 17 e ver sobre o ato de ouvir, em Sal. 64.1. O autor usou aqui antropomorfismos devido à fraqueza da linguagem humana para expressar conceitos divinos. Atributos humanos são assim conferidos ao Ser divino. Ver no Dicionário o artigo chamado Antropomorfismo. E Daniel também usou Antropopatismos (ver também no Dicionário), atribuindo emoções humanas a Deus. Mas Deus, na realidade, é o Mysterium Tremendum (ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia). Foi feito o apelo à grande misericórdia de Deus, e não com base no merecimento de Judá de algum tratamento especial da parte do Ser divino. Este capitulo mistura o fim do cativeiro babilônico com o fim das perseguições movidas por Antíoco Epifânio, e talvez, igualmente, com a derrota escatológica do anticristo, que atuará como o homem que foi seu tipo. Sem importar qual seja a emergência específica envolvida, a oração do profeta era uma só: ele requeria a intervenção divina em favor da cidade desolada e perseguida.

Senhor, ouve-nos e faze alguma coisa!
Por amor a Ti, não te demores!
Tua cidade e Teu povo
São chamados pelo Teu nome.
(NCV)


Visão das Setenta Semanas (9.20-27)
Os setenta do vs. 2 sugeriram os setenta do vs. 24. O primeiro “setenta” corresponde à duração do cativeiro babilônico. O segundo também é calculado como anos, mas nesse caso, cada dia dos 70 x 7 representa um ano: 490 anos.

Desnecessário é dizer que onde esses números começam e onde terminam, bem como o significado desse período, têm causado intermináveis controvérsias. Dou no Dicionário um artigo chamado Setenta Semanas, que esclarece a questão, embora seja mister, essencialmente, a interpretação dispensacional. Mas ofereço ali informações sobre outras opiniões. Aqui reproduzo a informação essencial sobre aquele artigo, juntamente com seu gráfico ilustrativo. A isso adiciono idéias e detalhes. A ideia geral é que os setenta anos mencionados por Jeremias “são as setenta semanas de anos, ou seja, 490 anos (isto é, 70 x 7), depois dos quais viria o reino messiânico, cumprindo assim o que fora previsto” (Oxford Annotated Bible, comentando sobre o vs. 21).

9.20,21
“Ele nem bem terminara sua oração quando a resposta lhe foi dada. O anjo Gabriel, a quem ele tinha visto (ver Dan. 8.16), aproximou-se e revelou o mistério das setenta semanas” (Ellicott, in loc.).

O Significado Místico. Note o leitor que os setenta anos literais do cativeiro babilônico recebem interpretação mística: representam outro setenta, a saber os 70 x 7, onde os dias significam anos. Portanto, temos uma interpretação literal sobre a qual está alicerçado o número místico. Provavelmente esse é o tipo de manuseio dos materiais encontrado por Daniel nos livros que consultou (vs. 2). O vs. 20 está ligado ao vs. 3 (o prólogo), e a oração interveniente não nos conduz a um novo assunto. Os setenta do vs. 2 é (sob outra consideração profética) o mesmo setenta do vs. 24. Haveria boas novas para o Monte Santo e seu templo, e Yahweh Elohim daria às boas novas várias aplicações em diferentes pontos da história de Judá. Todas as aplicações contribuiriam para a restauração do povo de Deus, incluindo o que deve vir antes da era do reino e será aperfeiçoado naquela era. 

À hora do sacrifício da tarde. cada dia havia duas oferendas de sacrifícios, uma pela manhã e outra no final da tarde. Daniel foi recompensado por sua preocupação, tendo-lhe sido dada uma revelação no tempo da adoração. Por certo essa circunstância tem seu significado. Embora as oferendas de animais tenham cessado durante o cativeiro babilônico, Daniel observou essas visões nas horas de adoração, louvor e súplica. Quanto aos sacrifícios, ver Êxo. 19.38,39; Núm. 28.3,4. Ver Dan. 6.10 quanto aos costumes de Daniel no tocante à oração.  

9.22,23 
Ele queria instruir-me, falou comigo, e disse. O anjo aproximou-se de Daniel com o propósito de iluminá-lo. Ser-lhe-ia mostrado como os setenta anos da visão de Jeremias (vs. 2) significavam mais do que o número de anos de cativeiro na Babilônia. Esse número também tinha um significado místico concernente a um tempo expandido, as setenta semanas (vs. 24). Daniel seria o instrumento da comunicação. “O anjo explicou a razão de sua visita. De acordo com o texto massorético, ele viera para ‘instruir’. Nas versões da Septuaginta e da Peshitta, lemos aqui apenas “ele chegou e disse”. Seja como for, o versículo significa a mesma coisa por causa da frase seguinte, “para fazer-te entender o sentido”, que é igual no hebraico e nas diversas versões da Bíblia. Literalmente, o texto diz: “para ensinar-te o discernimento”. Ele abriria o entendimento do profeta.

Daniel havia consultado os livros (vs. 2) e tinha uma compreensão parcial, mas havia na palavra setenta maior sentido do que feria os olhos de Daniel. Para compreender mais sobre isso, era mister que os olhos espirituais dele fossem abertos.

Como poderei entender, se alguém não me explicar?
(Atos 8.31)

Os Anjos São Mensageiros Divinos. Eles são enviados pelo Senhor com propósitos específicos. Quando Daniel começou a orar (vs. 23), o Ser divino começou a agir através de Seu anjo. E isso nos mostra o poder da oração que faz mover as rodas celestiais. “Deus te ama muito” (NCV), e o amor de Deus foi o poder que movimentou o processo. Daniel precisava ser iluminado, e ele foi favorecido, recebendo o que tanto queria. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Cf. esta parte da mensagem com Dan. 10.11,19, que repete os sentimentos. “Gabriel deu a Daniel discernimento quanto aos propósitos de Deus para com Seu povo. Visto que o profeta era altamente estimado por Deus, Gabriel tinha recebido uma resposta para ser dada a Daniel, assim que este começou a orar!” (J. Dwight Pentecost, in loc.). Jerônimo comparou este texto a II Sam. 12.25, que fala sobre Jedidias. Ver também Eze. 23.6,12: ele era um homem de “desejos”, objeto de atenção e amor.

Explicação da Visão das Setenta Semanas (9.24-27)


9.24
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo. Detalho essa visão com o gráfico acompanhante e suas explicações. Que o leitor siga estes pontos: 1. Sob a primeira seção do artigo referente às Setenta Semanas (seção I), note o leitor os elementos a serem alcançados, que é essencialmente o que o vs. 24 declara.

2. A seção II dá-nos as diversas interpretações. Limito isso às três principais, sem me imiscuir nas vagas interpretações que vieram a ser relacionadas a esta passagem. Note que a segunda dessas interpretações leva a questão a sério, como profecia genuína, mas não separa a semana final do resto, que os dispensacionalistas mudam para o fim da era cristã. Essa segunda interpreta­ção é defendida pelos amilenistas.

3. O gráfico apresenta a visão dos dispensacionalistas, a qual, em minha opinião, pode ser ou não a interpretação correta do texto. Por certo, a colocação dessa última semana em nossa própria época, na década de 1990, tem fracassado vergonhosamente, mas assim dita o cronograma dispensacionalista. Se esse cronograma tem falhado, então toda a abordagem à questão pode estar incorreta. Parece muito duvidosa a ideia do período de sete mil anos da “história humana”, antes do estado etemo, sendo que o milênio se comporia dos últimos mil anos desse tempo. Esse programa dos sete mil anos surgiu em primeiro lugar no Enoque Eslavônico (II Enoque) (ver a respeito no Dicionário). Esse é um dos livros pseudepígrafos, que foi escrito mais ou menos na era de Cristo.

4. Ver as Observações Gerais sobre a questão na seção III do artigo acompanhante. 

9.25 
Sabe, e entende. “Mss. 25-27. Os eventos das setenta hebdômadas (unidades de sete anos) são agora especificados. Eles se dividem em três períodos de sete, sessenta e dois, e um. Nestes versículos, as versões afastam-se muito do texto massorético, e alguns eruditos sentem-se inclinados a seguir essas versões, e não o texto hebraico padronizado. Contudo, a maioria dos eruditos tende a seguir o texto hebraico. 1. As primeiras sete semanas começam com a proclamação de Deus e a vinda do Príncipe ungido. 2. As próximas sessenta e duas semanas ocupam-se da edificação da cidade. 3. A semana derradeira é o tempo da catástrofe. Um Ungido seria cortado; um exército chegaria e destruiria a cidade e o santuário; guerras deixariam tudo desolado; líderes inimigos assinariam um pacto com alguns; durante metade da semana, os sacrifícios determinados seriam suspensos e uma abomina­ção tomaria o lugar deles. Finalmente, os líderes seriam destruídos. A revelação seria precedida por um juramento solene (Arthur Jeffery, in loc.).

O gráfico acompanhante faz as divisões próprias em: 7 semanas + 62 semanas + 1 semana = setenta semanas. Os acontecimentos essenciais são especificados em consonância com a visão dispensacional.

Começo do Período. “Este decreto foi o quarto dentre quatro decretos feitos pelos governantes persas, em referência aos judeus. O primeiro foi o decreto de Ciro, em 538 A. C. (II Crô. 36.22,3; Esd. 1.1-8 e 5.13). O segundo foi o decreto de Dario I (522-486 A. C.), em 520 A. C. (Esd. 6.1,6-12), uma confirmação do primeiro. O terceiro foi o decreto de Artaxerxes Longimano (464-424), em 458 A. C. (Esd. 7.11-26). Os dois primeiros decretos pertenciam à reconstrução do templo de Jerusalém, e o terceiro decreto se referia às finanças relativas aos sacrifícios de animais, no templo. Esses três decretos nada diziam sobre a reconstrução da própria cidade... O quarto decreto também foi expedido por Artaxerxes Longimano, a 5 de março de 444 A. C. (Nee. 2.1-8). Naquela oportunidade, Artaxerxes concedeu aos judeus permissão para reconstruir as muralhas de Jerusalém. Esse é o decreto referido em Dan. 9.25” (J. Dwight Pentecost, in loc.).

Até ao Ungido. King James Version mostra sua interpretação messiânica logo nas traduções do texto, ao referir-se ao Messias, o Príncipe. Mas a Revised Standard Version diz ungido, um príncipe, ao passo que a NCV diz simplesmente líder determinado. A interpretação crítico-liberal vê o sumo sacerdote Onias III aqui, não transferindo a questão para o fim de nossa era presente. Ver as explicações sobre o gráfico, seção 11.1. Separando a septuagésima semana das outras, os dispensacionalistas a colocam no fim de nossa era e a relacionam ao Messias, que é o Príncipe celestial.

Em consequência, uma das visões é histórica (está em vista o que aconteceu, “lá atrás”). A outra visão é profética (, está em vista o que acontecerá “lá na frente”).

9.26
Depois das sessenta e duas semanas. Os vss. 26 e 27 parecem referir-se ao ataque de Antíoco Epifânio contra Jerusalém, dentro do ponto de vista crítico liberal, sem nenhuma referência ao anticristo. “ l/ss. 25-27. Visto não sabermos a data da proclamação da palavra, podemos apenas conjecturar que o príncipe ungido pode ter sido Ciro, Zorobabel ou Josué; e que aquele que foi cortado pode ter sido Filopater, Jason ou Onias III. O príncipe que viria seria Antíoco Epifânio, que produziu tantas desolações ao estabelecer um pacto com os judeus helenizantes e ao oferecer abominações no templo, sob a forma de sacrifícios pagãos” (Oxford Annotated Bible). Como pode ser visto, essa interpretação põe tudo no passado, como se já se tivessem cumprido todas as predições.

A Interpretação Futurista. Tal interpretação, em contraste, vê coisas passadas somente com símbolos de uma grande realidade futura. Após sessenta e duas semanas, o Messias (o Ungido) virá e será cortado, mediante crucificação. Assim, temos sete mais sessenta e duas semanas, totalizando sessenta e nove semanas, restando ainda uma para ser cumprida (vs. 27). (Vs. 25, sete semanas; vs. 26, sessenta e duas semanas; vs. 27, uma semana.). “Os 62 setes (434 anos) se estenderiam até a introdução do Messias à nação de Israel. Esse segundo período concluiu-se no dia da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, imediatamente antes que Ele foi cortado, isto é, crucificado. Em Sua entrada triunfal, Cristo, em cumprimento de Zac. 9.9, oficialmente apresentou-se à nação como o Messias... Assim sendo, os dois primeiros segmentos do importante período de tempo — os sete setes (49 anos) e os sessenta e dois setes (434 anos) - passaram sucessivamente sem intervalo entre eles. Totalizaram-se 483 anos desde 5 de março de 444 A. C. até 30 de março de 33 D. C. Como pode 444 A. C. até 33 D. C. serem iguais a 483 anos? Ver o gráfico “Os 483 anos dos calendários judaico e gregoriano”. Isso parece ser exagero dos dispensacionalistas, querendo ter datas tão exatas, mas reproduzo o material para que o leitor possa ver como os futuristas explicam as coisas.


9.27
Ele fará firme aliança com muitos por uma semana. O ponto de vista histórico vê Antíoco Epifânio aqui, com exclusividade, e toda essa profecia como tendo ocorrido no passado. Mas a interpretação futurista vê Antíoco Epifânio como apenas um símbolo do futuro anticristo. O pacto, dentro do ponto de vista histórico, seria aquele feito por Antíoco com os judeus helenistas, que eram apóstatas do culto de Yahweh (I Macabeus 1.11-15). Durante metade desse tempo, a meia semana do última semana, os sacrifícios prosseguirão; mas então Antíoco, durante a segunda metade da semana, fará cessar esses sacrifícios. 

Essa questão é referida em I Macabeus 1.54 ss. Ver também Dan. 8.11 e 11.31. De acordo com a posição futurista, o pacto é de paz entre o anticristo e Israel. Mas esse pacto será rompido na metade dos sete anos, com grande aumento da perseguição religiosa. “A coisa horrível que destrói será posta no pináculo do templo, mas Deus ordenou que essa coisa fosse destruída” (NCV).

De acordo com a interpretação histórica, porém, isso fala da idolatria e da pior manifestação possível da idolatria, a deificação do próprio Antíoco Epifânio. Mas, de acordo com o ponto de vista futurista, essa abominação será o anticristo, que se apresentará como se fosse o próprio Deus. O fim de ambos é a destruição. Cf. Mat. 24.15, onde temos a imagem da besta (o anticristo) estabelecido para ser adorado por seu falso profeta. Um severo julgamento divino cairá sobre ambos, e ambos serão lançados no lago do fogo (ver Apo. 19.20. Cf. Dan. 7.11,26). De acordo com a opinião futurista, haverá um pacto entre o anticristo e Israel e, durante algum tempo, esse povo aceitará a Abominação como seu Messias.

Parte da interpretação futurista é identificar esse período final de sete anos (última semana) com os 1.260 dias e os 42 meses do Apocalipse, o primeiro em 11.3 e o segundo em 11.2 e 13.5. Quanto desse esquema não passa de cálculos sagazes e quanto combina com a verdade, resta ser visto nos anos vindouros, e no que daí resultará. A tendência entre os intérpretes é explicar a profecia como se eles soubessem mais do que sabem, e ser muito dogmáticos em seus pronunciamentos. Talvez o melhor que possamos dizer é: “Será algo como isto”.

Índice: Daniel 1 Daniel 2 Daniel 3  Daniel 4 Daniel 5 Daniel 6 Daniel 7 Daniel 8 Daniel 9 Daniel 10 Daniel 11 Daniel 12