Abraão e a Prometida Semente
Visto que Sara continuava estéril, parecia que Eliézer, o fiel mordomo doméstico, de Damasco, receberia a herança de Abraão. Todavia, Yehowah de novo assegurou a Abraão que sua própria prole seria inumerável, como as estrelas do céu, e, assim, Abraão “depositou fé em Yehowah; e este passou a imputar-lhe isso como justiça”, muito embora isto ocorresse anos antes de ele ser circuncidado. (Gên 15:1-6; Ro 4:9, 10) Deus concluiu então com Abraão um pacto formal, à base de sacrifícios animais, e, ao mesmo tempo, revelou que a descendência de Abraão seria afligida por um período de 400 anos, sendo até mesmo levada cativa em escravidão. — Gên 15:7-21.
O tempo passou. Já estavam então em Canaã por cerca de dez anos, todavia, Sara continuava estéril. Por conseguinte, ela propôs ser substituída por sua serva egípcia, Agar, para que obtivesse um filho por meio dela. Abraão consentiu. E assim, em 1932 AEC, quando Abraão tinha 86 anos, nasceu Ismael. (Gên 16:3, 15, 16) Passou-se mais tempo. Em 1919 AEC, quando Abraão tinha 99 anos, como sinal ou selo para atestar a relação especial, pactuada, existente entre ele próprio e Abraão, Deus ordenou que todos os varões da casa de Abraão fossem circuncidados. Ao mesmo tempo, Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, “porque vou fazer-te pai duma multidão de nações”. (Gên 17:5, 9-27; Ro 4:11) Logo depois, três anjos materializados, a quem Abraão recebeu hospitaleiramente em nome de Yehowah, prometeram que a própria Sara conceberia e daria à luz um filho, sim, no ano seguinte! — Gên 18:1-15.
E que ano momentoso mostrou ser este! Sodoma e Gomorra foram destruídas. O sobrinho de Abraão e as duas filhas dele mal conseguiram escapar. Uma fome obrigou Abraão e sua esposa a ir a Gerar, resultando em que o rei daquela cidade filistéia tomasse Sara para seu harém. Yehowah interveio; Sara foi liberta; e, no tempo designado, 1918 AEC, nasceu Isaque, o herdeiro há muito prometido, quando Abraão tinha 100 anos, e Sara tinha 90. (Gên 18:16–21:7) Cinco anos depois, quando Ismael, de 19 anos, meio-irmão de Isaque, zombou deste, Abraão viu-se obrigado a despedir Ismael e sua mãe, Agar. Foi então, em 1913 AEC, que começaram os 400 anos de aflição para a descendência de Abraão. — Gên 21:8-21; 15:13; Gál 4:29.
A suprema prova da fé de Abraão veio cerca de 20 anos depois. Segundo a tradição judaica, Isaque tinha então 25 anos. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], de F. Josefo, I, 227 [xiii, 2]) Em obediência às instruções de Yehowah, Abraão tomou Isaque e viajou para o N, de Berseba, no Negebe, até o monte Moriá, situado diretamente ao N de Salém. Ali construiu um altar e preparou-se para oferecer Isaque, a semente prometida, como sacrifício queimado. E deveras Abraão “a bem dizer ofereceu Isaque”, pois “achava que Deus era capaz de levantá-lo até mesmo dentre os mortos”. Só no último instante é que Yehowah interveio e proveu um carneiro como substituto de Isaque no altar sacrificial. Por conseguinte, foi esta fé implícita, apoiada pela completa obediência, que moveu Deus a reforçar seu pacto com Abraão mediante um voto juramentado, uma garantia legal, especial. — Gên 22:1-18; He 6:13-18; 11:17-19.
Quando Sara morreu em Hébron, em 1881 AEC, com 127 anos, foi necessário que Abraão comprasse um lugar de sepultamento, pois ele era deveras apenas um residente forasteiro que não possuía nenhum terreno em Canaã. Assim, comprou dos filhos de Hete um campo, com sua caverna, em Macpela, perto de Manre. (Gên 23:1-20) Três anos depois, quando Isaque atingiu 40 anos, Abraão enviou seu servo mais idoso, provavelmente Eliézer, à Mesopotâmia, a fim de encontrar para seu filho uma esposa adequada, uma que também fosse genuína adoradora de Yehowah. Rebeca, sobrinha-neta de Abraão, mostrou ser a escolhida de Deus. — Gên 24:1-67.
“Além disso, Abraão tomou novamente uma esposa”, Quetura, e subsequentemente gerou mais seis filhos, de modo que de Abraão provieram não só os israelitas, os ismaelitas e os edomitas, mas também os medanitas, os midianitas, e outros. (Gên 25:1, 2; 1Cr 1:28, 32, 34) Assim aconteceu que se cumpriu em Abraão a declaração profética de Deus: “Vou fazer-te pai duma multidão de nações.” (Gên 17:5) Por fim, na boa velhice de 175 anos, Abraão morreu, em 1843 AEC, e foi sepultado por seus filhos, Isaque e Ismael, na caverna de Macpela. (Gên 25:7-10) Antes da sua morte, Abraão deu presentes aos filhos de suas esposas secundárias e os mandou embora, para que Isaque fosse o único herdeiro de “tudo o que possuía”. — Gên 25:5, 6.