Significado de Tiago 2

Tiago 2

Tiago 2 continua a enfatizar a importância de colocar a fé em ação. James desafia seus leitores a evitar mostrar favoritismo e tratar todas as pessoas com amor e respeito, independentemente de seu status social ou origem. Ele argumenta que fé e ações andam de mãos dadas, e que a verdadeira fé é demonstrada por obras de amor e bondade. Tiago usa o exemplo de um homem rico e de um homem pobre para ilustrar seu ponto, mostrando que a verdadeira fé é demonstrada pela maneira como tratamos os outros e não apenas pelo que dizemos que cremos.

Além de abordar questões de favoritismo e status social, James também enfatiza a importância de cumprir toda a lei. Ele argumenta que quebrar até mesmo um mandamento nos torna culpados de quebrar toda a lei. Tiago 2 lembra a seus leitores que a fé deve ser acompanhada de ação e que viver a lei do amor é o aspecto mais importante da vida cristã. Ele desafia os crentes a serem obedientes aos mandamentos de Deus e a demonstrarem sua fé por meio de atos de amor e misericórdia para com os outros.

Finalmente, Tiago usa os exemplos de Abraão e Raabe para mostrar que a fé sem obras é morta. Ele argumenta que esses dois indivíduos demonstraram sua fé por meio de suas ações e que sua fé foi completada pelo que fizeram. Tiago enfatiza que a fé e as obras não se opõem, mas trabalham juntas para demonstrar o compromisso genuíno de uma pessoa com Cristo. No geral, Tiago 2 enfatiza a importância de demonstrar nossa fé por meio de nossas ações, tratando todas as pessoas com amor e respeito e vivendo a lei do amor em nossa vida diária.

Comentário de Tiago 2

Tiago 2.1-13 Tiago exemplifica a parcialidade com o rico (v. 1-4), acrescentando quatro razões pelas quais não devemos mostrar favoritismo: (1) Deus aceitou muitos pobres como Seus filhos (v. 5); (2) os ricos muitas vezes perseguem os cristãos (v. 6, 7); (3) ser parcial é uma atitude que viola a lei do amor de Cristo (v. 8-11); e (4) Deus julgará aqueles que transgredirem essa lei (v. 12,13).

Tiago 2.1 A fé de nosso Senhor Jesus Cristo inclui o fato de que Deus ama o mundo e de que Cristo morreu por ele. Se Deus e Cristo mostram graça e misericórdia sem acepção de pessoas, assim também os cristãos o devem fazer (v. 8, 13).

Tiago 2.2-4 Ilustrações claras dispensam quaisquer desculpas e exceções. Imagine dois visitantes chegando a uma igreja em uma manhã de domingo. Uma limusine com chofer traz um homem usando um terno impecável. Outro carro se aproxima também, só que já bem velho e gasto, e traz um homem em um terno barato e já surrado. Ao prestarem melhor atendimento ao homem rico, os porteiros fazem distinção e tornam-se, assim, juízes de maus pensamentos. A distinção vem do mesmo verbo que vagar (Tg 1.6). Por meio de sua parcialidade, os transgressores “cambalearam” em sua fé.

Tiago 2.5 Deus escolheu usar indivíduos pobres financeiramente, mas ricos na fé para expandir Seu Reino. Aqueles que o amam, obedecem-lhe (Jo 14.15; 15.9-17) e resistem à provação de sua fé (Tg 1.12) herdarão o Reino. Essa herança significa mais do que entrar no Reino; inclui também governar com Cristo (1 Co 6.9; Gl 5.21; 2 Tm 2.12).

Tiago 2.6 Desonrastes envolve não somente atitudes, mas um tratamento vergonhoso, como quando Jesus foi desonrado pelos líderes judeus (Jo 8.49). Oprimem refere-se à ostentação arrogante da autoridade governamental sobre os cristãos, como tiranos sobre camponeses indefesos. Tiago tem em mente os oficiais judeus quando diz que eles ws arrastam aos tribunais. Atos 9.2, passagem que relata a viagem de Saulo para Damasco com cartas oficiais para prender cristãos, testifica a autoridade que Roma deu aos judeus.

Tiago 2.7 Não somente desprezavam os pobres e oprimiam os cristãos, mas os ricos direcionavam seus ataques contra o próprio Senhor. Blasfemam (gr. blasphêmeõ) ou falam mal do bom nome que sobre vós, ou seja, os cristãos, foi invocado (At 11.26).

Tiago 2.8, 9 A lei real é a lei do amor (Tg 1.25; Lv 19.18; Mt 22.39), uma lei superior a todas as outras leis. Se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado. Tiago fez referência a Levítico 19.15, que proíbe o favorecimento aos pobres ou aos ricos.

Tiago 2.10 Tornou-se culpado de todos. Deus não aceita a obediência seletiva. Não podemos optar por obedecer às partes da Lei que nos convêm e desconsiderar o restante. Alguns dos fariseus agiam assim. Observavam com cuidado algumas das exigências da Lei, como guardar o sábado, e ignoravam outras, como honrar seus pais (veja comentários de Jesus em Mt 15.1-7). O pecado é a violação da justiça perfeita de Deus, que é o Legislador. Tiago sustenta que toda a Lei divina tem de ser aceita como uma expressão da vontade de Deus para Seu povo. A violação ainda que de um único mandamento é o bastante para separar o indivíduo de Deus e de Seus propósitos.

Tiago 2.11 No basquete, se a bola não entrar na cesta por um centímetro ou por um metro, o time não marca ponto. De igual modo, aquele que faz acepção de pessoas é tão transgressor quanto alguém que assassinou outrem ou cometeu adultério.

Tiago 2.12, 13 Os cristãos serão julgados pela lei da liberdade, que é a lei do amor (Tg 1.25). Os cristãos que não fazem acepção de pessoas, mas que praticam o amor (v. 5,8) e a misericórdia, triunfarão diante do tribunal. Aqueles que não usaram de misericórdia não receberão misericórdia.

Tiago 2.14-19 A fé é mais do que uma crença intelectual em Deus. Se essa crença não nos leva a uma santa vida de justiça e misericórdia, ela não é a fé salvadora (Mt 7.21-23). Tiago apresenta três argumentos para respaldar essa verdade: (1) A fé sem obras é tão boa quanto palavras sem ações (v. 15-17). (2) A fé não pode ser vista nem comprovada a menos que se manifeste em obras (v. 18). (3) Até os demônios creem em Deus, mas essa crença não leva à salvação deles (v. 19).

Tiago 2.14 Alguns afirmam que a fé mencionada nesta passagem não é a fé genuína que produz a vida eterna. Mas Tiago endereça esta seção aos cristãos (meus irmãos no v. 14), isto é, pessoas que exercitavam a fé genuína. O ponto em questão nesse parágrafo não é a verdadeira fé versus a falsa fé, mas a fé pura e simplesmente, sem obras (v. 17), versus a fé que é acompanhada de obras.

O verbo salvar (gr. sõzõ) é usado cinco vezes em Tiago (Tg 1.21; 2.14; 4.12; 5.15; 5.20). Toda vez, ele se refere à salvação da vida temporal, não ao livramento do castigo do pecado (Tg 5.15). Nesse contexto, Tiago está referindo-se a salvar do juízo sem misericórdia diante do tribunal de Cristo (v. 13) e possivelmente a salvar a vida de uma pessoa da morte física (Tg 1.21). Obras são ações que seguem a lei real do amor (v. 8,15,16). Tiago está sugerindo neste versículo que a fé em Cristo se manifestará no amor pelos outros (veja a ordem de Jesus aos Seus discípulos em (Jo 13.34,35).

Tiago 2.15, 16 Se os cristãos disserem coisas superficiais e vazias, sem de fato ajudar aqueles com verdadeiras necessidades materiais, que proveito virá daí? Quantas palavras são necessárias para encher uma barriga vazia?

Tiago 2.17 E provável que a fé que agora está morta (gr. pistis) já tenha estado viva. As obras mantêm a fé em plena atividade (1 Pe 1.5-9). A ausência de obras causa a morte (Tg 1.14,15) da fé (Tg 2.26).

Tiago 2.18 A expressão mas dirá alguém introduz um opositor (1 Co 15.35). Alguns manuscritos trazem a palavra sem, enquanto outros têm uma palavra grega traduzida por fora de (gr. ek). Se a última estiver implícita, então não há diferença alguma visível no português entre as duas afirmações do opositor. No texto grego, no entanto, o opositor muda a ordem das palavras. Em uma das afirmações, ele começa com fé e na outra, com obras. Parece que ele está dizendo que não importa com a qual você começa — não há relação alguma entre fé e obras. Esta explicação condiz com a resposta de Tiago.

Tiago 2.19 O opositor ainda sugere que a pessoa chamada por tu, ou seja, Tiago, acredita que há um só Deus e, consequentemente, ela faz bem (gr. halos), o que significa que ela faz algo bom (3 Jo 6). Por outro lado, os demónios creem que há um só Deus e não fazem boas obras. A fé deles tem o objeto errado. Eles não creem que Jesus morreu por eles. Eles apenas estremecem. O opositor está alegando que não há relação alguma entre fé e obras.

Tiago 2.20 Tiago agora responde ao opositor (v. 22,23): homem (gr. anthrõpos) está no singular, e Tiago chama esse indivíduo de vão (gr. kenõs), com o sentido de que ele tem a cabeça vazia.

Tiago 2.21 Tiago claramente ensina a justificação pela fé, pois cita Gn 15.6 no v. 23, que obviamente liga o crédito da justiça, isto é, a salvação, à fé de Abraão (veja a explicação de Paulo sobre Gn 15.6 em Rm 4-1-12).

A justificação pelas obras da qual Tiago está falando é um tipo diferente de justificação. Esse tipo de justificação está diante de outras pessoas. Em outras palavras, Tiago está usando a palavra justificado com o sentido de provado. Provamos aos outros nossa genuína fé em Cristo por meio de nossas obras. Mas a justificação que vem por meio da fé está diante de Deus, e nós não nos provamos a Ele; em vez disso, Deus nos declara justos por meio de nossa associação com Cristo, Aquele que morreu por nossos pecados (Rm 3.28).

Tiago 2.22 A ideia que Tiago está defendendo para o opositor é que a fé trabalha junto com as obras, ou seja, há uma relação entre as duas, e a relação é que as obras aperfeiçoam (gr. teleioõ) a fé, ou seja, amadurecem-na.

Tiago 2.23 Ao oferecer Isaque (Gn 22.1-12), Abraão passou no teste e mostrou sua total confiança em Deus. Sua obediência tornou-o amigo de Deus (Jo 15.14).

Tiago 2.24 O sujeito está no plural, indicando que Tiago agora volta sua atenção para o leitor. Vedes (não Deus) que uma pessoa é justificada pelas obras.

Tiago 2.25 As obras de Raabe se deram pela fé (Hb 11.31), mas foram necessárias ações para confirmar sua mudança interior. Se tivesse permanecido no pecado enquanto proclamava sua fé, ela nunca teria sido declarada justa (justificada).

Tiago 2.26 O corpo (gr. sõma) representa a fé (gr. pistis). O fôlego mostra que o corpo está vivo. As obras mostram que a fé está viva.

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