Comentário de João 10:18
Ninguém a tira de mim,... Realmente a sua vida foi tomada à instigação dos judeus, e pela ordem de Pilatos, e por meio dos soldados romanos que o crucificaram; e o primeiro destes são frequentemente culpados de matá-lo, ele, o Príncipe da vida; e é dito expressamente que “a vida dele é levada da terra", Atos 8:33; e ainda assim, nenhum homem pôde, nem a levou embora, sem a permissão e vontade do Pai, e pelo conselho determinado e a presciência de Deus, que é pela qual ele foi entregue às mãos destas pessoas,[1] e pela qual eles fizeram o que fizeram com ele, ou, caso contrário, eles não poderiam ter tido nenhum poder sobre ele;[2] nem pôde qualquer homem, nem fez qualquer homem, para tomar a vida dele sem o seu próprio consentimento; ele se rendeu voluntariamente, ou ele nunca poderia ter sido levado; ele foi livremente para a cruz, ou ele nunca poderia ter sido conduzido para lá; ele foi pregado à árvore[3] amaldiçoado, e sofreu, e quando ele estava pregado lá, ele poderia ter se desimpedido facilmente, e ter descido; e quando eles o colocaram lá, eles não poderiam ter tomado a vida dele, caso ele não tivesse determinado entregar a sua alma, e expirando a sua vida e alma:
Mas eu a dou de mim mesmo;… De minha própria vontade, ou de meu próprio acordo, como a versão Siríaca, Árabe e Persa vertem; que foi feito com a maior paciência e mansidão, resolução, coragem e magnanimidade; e com plena vontade e com a maior alegria; e como um sacrifício para seu povo, e para que eles vivessem por meio dele:
Eu tenho poder para dá-la;… Essa não era a sua vida como Deus, mas como homem; e era assim a sua, e não a de seu Pai, e estava inteiramente ao seu dispor; pois era a vida desse indivíduo humano, que estava unido a sua Pessoa Divina; e assim nesse sentido a sua, visto que não era nem a do Pai nem a do Espírito; e era sua própria, como as nossas não são, que são de Deus, e dependentes dele, e inteiramente a ser entregue por ele, e não por nós mesmos: mas Cristo, o Príncipe da Vida, tinha poder de dá-la de sua própria vontade, como um preço expiatório pelas suas ovelhas:
E tenho poder para tomá-la novamente;… Como ele era Filho de Deus, e verdadeiramente Deus, e como a segurança de seu povo; tendo satisfeito a lei e justiça, por sua obediência, sofrimentos, e morte, e pelas finalidades mencionadas na nota; veja notas de Gill em João 10:17.
Esse mandamento eu recebi de meu Pai;… Que pode dizer respeito a ambas as partes do seu poder, mas não é a fundação da mesma, mas a razão de está sendo exercitado; porque era tão agradável para a vontade de seu Pai, que é o mesmo que a sua própria vontade, como ele é o Filho de Deus, e um com o seu Pai, e igual a ele; e no que ele se deleita como Mediador, em qual capacidade que ele é considerado como um servo; e na qual ele alegremente se tornou obediente, mesmo até morte,[4] pela ordem do seu Pai, ou conforme a Sua vontade: as versões Síria, Árabe, e Persa leem: "porque esta ordem eu recebi de meu Pai": esta é uma razão do por que ele tão prontamente evidenciou o seu poder, tanto em dar como em receber a sua vida, porque esta era a vontade do seu Pai, e a qual ele recebeu dele, com prazer extremo; o amor seu e o amor do seu Pai, boa vontade, finalidade graciosa para com o eleito.
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Notas
[1] Cf. Atos 2:23. N do T.
[2] Cf. João 19:11. N do T.
[3] O termo “árvore” aqui é uma alusão à passagem em Gálatas 3:13: “Mas Cristo nos livrou da maldição da Lei, quando ele se tornou maldição em nosso lugar. Isso é porque as Escrituras dizem que qualquer pessoa que está pregada numa árvore [ξυλου Gr.: xulon, “madeiro” ACF] está debaixo de maldição.” (Contemporary English Version) N do T.
[4] Cf. Filipenses 2:8. N do T.