Comentário de João 10:2-3
10:2 - Mas aquele que entra pela porta,… Com a divina comissão, e pela autoridade divina, que não vem de si mesmo, mas é enviado; não toma a honra para si mesmo, ou confia em si mesmo, e assume o ofício por si mesmo, mas é chamado a isso, e é investido para isso. Este...
É pastor das ovelhas;… Por quem Cristo refere a si mesmo, como evidente em João 10:11, cujas ovelhas são e quem toma conta deles, e as alimenta, assim como uma ovelha faz com seu rebanho; e que é, deveras, verdade de qualquer pastor, tendo a sua missão e comissão e tendo derivado sua autoridade de Cristo.
10:3 - A este o porteiro abre,... Não há nada na explicação desta parábola dada por Cristo, que direciona o sentido da presente cláusula, a alusão não pode ser, como alguns pensavam, a grandes homens, que têm porteiros nos seus portões, para abri-los, e deixar as pessoas entrarem; visto que a parábola é relativa ao redil, e o pastor e as ovelhas que vão a ele, e, portanto, deve referir-se a um que, pelo menos, em certos momentos, foi pela porta do redil, e tinha o cuidado dela, e abriu-a em boas ocasiões: por quem não se destina o Arcanjo Miguel, nem a Virgem Maria, nem Pedro, o suposto porteiro dos céus, como diriam os Papistas, nem Moisés, tal como outros, que escreveram de Cristo; também não parece tão correto para a compreensão que os ministros do Evangelho, que pregam Jesus Cristo, e abrem a porta da fé, abram a porta ou o conjunto do Evangelho, para que assim venham a Cristo as almas dos homens, e eles vêm para ele; mas este é um sentimento que não deve ser desprezado, mas esta intenção Deus o Pai, de quem Cristo, como homem e Mediador, deriva a sua autoridade, e por quem ele deixa entrar, e investiu com o seu ofício, como o pastor de ovelhas, ou então o Espírito Santo, que abre a eterna porta dos corações dos homens, das ovelhas de Cristo, e ele nos permite entrar.
E as ovelhas ouvem a sua voz;… Não a do porteiro; embora eles ouçam a voz dos ministros de Cristo, e de Deus o Pai, e do Espírito santo; mas do pastor, até mesmo a voz de Cristo; e que não é em nada diferente do Evangelho que é uma voz de amor, graça, e clemência; que proclama paz, perdão, liberdade, vida, retidão, e salvação; e que é uma voz vivificadora, fascinante, refrescante, e confortante: a esta voz o povo de Cristo são movidos a ouvir, não só externamente, mas internamente, de modo a compreendê-la, e a ponto de sentir prazer nela, e distingui-la de outra, e estes são chamados de "ovelhas", antes da conversão; não porque elas tinham as propriedades agradáveis de ovelhas; nem porque eram predispostas a serem tais, e eram sem preconceitos contra o Evangelho de Cristo, pois eles eram o contrário destas coisas, nem pode ser dito qualquer coisa deles antes, como depois da conversão, enquanto que ouvem a voz de Cristo e o seguem, não apenas por antecipação, mas por razão da eleição da graça dada em Cristo, o grande pastor, ao abrigo desta natureza, deve mantê-las e alimentá-las assim. E eles são chamados após a conversão, porque eles são inofensivos e indefesos em suas vidas e condutas, e ainda estão expostas a maldade, crueldade, e carnificina dos homens, e são mansas e pacientes sob sofrimentos; e são limpas, sociais e rentáveis.
E ele chama as suas próprias ovelhas por nome;… A versão Etíope acrescenta: "e as ama". Trata-se do próprio Cristo, pelo dom do Pai dele para eles, que os comprou com seu próprio sangue,[1] e pelo poder da sua graça sobre eles; que os olha, e encontra-os fora, e traz para casa, e cuida deles como sendo os seus próprios, e alimenta-os como um pastor ao seu rebanho: falasse que ele pode "chamar pelo nome", em alusão ao pastores orientais, que davam nomes às suas ovelhas, como os europeus fazem para com os seus cavalos, e outras criaturas, e que poderiam se sentar e chamá-los por seus nomes: este é expressivo, não só da chamada de Cristo pelo seu povo pela graça poderosa e especial, mas precisa e distintamente de que ele tem conhecimento dos mesmos, bem como os nota, bem como do carinho que ele tem por eles, ver Isa. 43:1.
E os conduz para fora;… Dos cabritos do mundo, entre as quais se deitam eles, e dos cercados do pecado, e os pastos estéreis do Monte Sinai, e a própria retidão deles na qual eles estavam se alimentando, e para fora deles, e de toda a dependência em qualquer coisa própria deles; e ele conduz até ele, e a plenitude da sua graça, e para o sangue dele e retidão, e na presença do seu Pai e comunhão com ele, e do modo de retidão e verdade, e nos pastos verdes da palavra e ordenações, ao lado das águas imóveis do seu amor Soberano e graça.
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Notas
[1] Cf. Atos 20:28. N do T.