Comentário de João 10:22

E era em Jerusalém a festividade da dedicação,... Quer dizer, do templo; não como construído por Salomão, como Nonnus, na sua paráfrase, sugere; ou como reconstrucomentario do evangelho de João, comentario biblicoído por Zorobabel, pois não havia nenhuma festividade anual designada em comemoração a qualquer um destes; e, além disso, nenhuma delas era feita no tempo do inverno; a dedicação do templo de Salomão foi no outono, a festividade dos tabernáculos, por volta de Setembro, 1 Reis 8:2; e a dedicação da casa pelo tempo de Zorobabel, era pela primavera, por volta de Fevereiro, Esdras 6:15; mas esta era a festividade da dedicação, designada por Judas Macabeus e os irmãos dele, por causa da purificação do templo, e a renovação do altar, depois da profanação deles por Antíoco; cuja banquete durou oito dias, e começou no vigésimo quinto dia do mês de Quisleu que corresponde a parte de nosso dezembro; veja o Apócrifa:

“No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,... Prolongaram por oito dias a dedicação do altar, oferecendo com alegria holocaustos e sacrifícios de ações de graças e de louvores. Foi estabelecido por Judas e seus irmãos, e por toda a assembléia de Israel que os dias da dedicação do altar seriam celebrados cada ano em sua data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, e isto com alegria e regozijo.” (1 macabeus 4:52, 56, 59)

“Foi no dia do aniversário da profanação do templo pelos estrangeiros, isto é, no dia vinte e cinco do mês de Casleu, que eles o purificaram. 8. Decretaram por um edito público a toda a nação judia, que esses mesmos dias fossem solenizados em cada ano.” (2 Macabeus 10:5, 8)

Com a qual os escritores Judaicos concordam (a): o relato que Maimonides dá (b) como este:

"Quando os Israelitas prevaleceram sobre os seus inimigos e os destruíram, era o vigésimo quinto dia do mês de Quisleu; e eles entraram no templo e não puderam achar puro óleo no santuário, mas apenas um frasco; e não era o bastante para iluminar, exceto um dia apenas, e eles acenderam as lâmpadas durante oito dias, até que as azeitonas foram espremidas, e eles produziram puro óleo: portanto, os homens sábios daquela geração ordenaram que esses oito dias, começando ao vigésimo quinto dia de Quisleu, deveriam ser dias de alegria e louvor, e eles ascendem as lâmpadas às portas das suas casas; todas as noites destas oito noites, para mostrar e fazer conhecido o milagre; e estes dias são chamados חנוכה "a dedicação"; e lhes proíbe luto e jejum, como os dias de "Purim"; e a iluminação das lâmpadas acesas por eles é uma ordem dos Escribas, assim como é a leitura do livro de Ester. Quantas lâmpadas acesas há na festividade da dedicação? A ordem é, que toda casa deveria acender uma lâmpada, se os homens da casa são muitos, ou se há apenas um homem nela; mas aquele que honra a ordem, acende lâmpadas de acordo com o número dos homens da casa, uma lâmpada para cada pessoa, quer homens ou mulheres; e aquele que honra mais, acende uma lâmpada para cada homem na primeira noite, e acrescenta ao passo que se segue; por exemplo, se há dez homens na casa, a primeira noite ele acende dez lâmpadas, e na segunda noite vinte, e na terceira noite trinta; até que ele chega à oitava noite, quando ele acende oitenta lâmpadas.''

Portanto, como diz Josefo (c), esta festividade era chamada φωτα, "luzes"; embora ele parecesse nomear outra razão para seu nome, porque aquela prosperidade e felicidade apareceram a eles além de esperança, e de forma inesperada: e, portanto, esta era só uma ordem de Judas e os seus irmãos, e a congregação de Israel, contudo, os judeus observam isto religiosamente, como se fosse uma ordem do próprio Deus, e eles não se poupam em chamá-la assim; pois no serviço desta festividade, eles têm estas palavras (d);

“Bendito és Tu, ó Senhor, nosso Deus, o Rei do mundo que nos tem santificado pelas suas ordens, e nos tem "ordenado" que acendêssemos a lâmpada da dedicação; bendito és Tu, ó Senhor nosso Deus, o Rei do mundo, que fez maravilhas para nossos pais naqueles dias, neste momento; bendito és Tu, ó Senhor nosso Deus, o Rei do mundo, que nos manteve vivo e nos preservou, e nos trouxe a este tempo; estas lâmpadas que nós acendemos, por causa das maravilhas e coisas maravilhosas, e salvações, e guerras, que Tu tens operado para os nossos pais nesses dias, neste momento, pela mão de teus sacerdotes santos.-- Estas lâmpadas são santas, nós não temos nenhum poder para as usar, mas apenas vê-las, para confessar e louvar o teu grande nome, pelos teus milagres, e pelas tuas maravilhas, e pelas tuas salvações.''

E embora essa festividade seja dita como sendo em Jerusalém, ainda assim não estava confinada lá, como eram as outras festividades da Páscoa, Pentecostes, e Tabernáculo, pois essa pode ser mantida em qualquer parte da terra: uma menção é feita da festividade da Dedicação em Lidda (e), e em outros países; Maimônides (f) diz:

“É um costume comum em todas as nossas cidades na Espanha, que todos os homens da casa acendem uma lâmpada na primeira noite, e acrescentam ao passo que segue a festividade, uma lâmpada a cada noite, até que ele acenda nas oito noites oito lâmpadas, quer os homens da casa sejam muitos, ou apenas um.”

Alguns tinham sido da opinião que essa festividade da dedicação era um relato da vitória que Judite teve sobre Holofernes, por decepar-lhe a cabeça; ou que a comemoração dessa vitória era uma parte desse festival: Na Vulgata Latina a edição de Judite 16:31 diz:

“O dia da festividade dessa vitória é recebida pelos Hebreus no número dos dias santos; e é guardado pelos Judeus desde então, até o presente dia.”

E Sigonius (g) afirma que ela é celebrada pelos judeus no vigésimo quinto dia do mês de Quisleu; que é o mesmo dia que a festividade começava, que foi instituída por Judas Macabeus, no relato anterior; e certo é, que os judeus fazem menção daquele fato, no serviço para o primeiro Sábado desta festividade (h); e alguns dos seus escritores colocam este fato como tendo ocorrido nos tempos dos Macabeus, embora, um dos seus cronologistas (i) observe que, levando em consideração a história de Judite, pode ter sido nos tempos de Nabucodonosor, e há alguns que dizem que foi na época de Cambises, filho de Ciro, rei da Pérsia, e foi duzentos ou trezentos anos antes do milagre da dedicação: mas ele observa que os sábios daquela época concordaram em compreender o memorial desse maravilhoso evento, com o milagre da dedicação: e assim por R. Leo Modena (k) que afirma:

“Eles tem uma tradição em ordenar que essa festividade seja observada, eles tinham em mente a famosa exploração realizada por Judite sobre Holofernes; embora muitos sejam da opinião que isso aconteceu não nesse período do ano; e que eles fazem uma comemoração desse traço da galantaria agora, por que ela era do rebanho dos Macabeus.”

Mas isso não pode ser, visto que ela é algumas centenas de anos antes deles; portanto outros fazem menção de uma outra Judite, uma filha de um dos Macabeus, que realizou uma exploração com Nicanor, um general do exercito de Demétrio: para a qual R. Gedalia se refere quando ele diz (l):

“Os homens sábios concordam em se unir na alegria da festividade da dedicação, o caso de Judite, vendo que havia outra Judite, dela que matou Holofernes, uma filha dos Macabeus.”

Mas não é claro se havia tal mulher, nem que Nicanor foi assassinado por ela; e além disso, ele foi morto no décimo terceiro dia de Adar, e esse dia foi ordenado a ser guardado anualmente, no Apócrifa:

“Chocaram-se os exércitos no dia treze do mês de Adar; o de Nicanor foi vencido e ele foi o primeiro a tombar na luta... Decidiu-se que esse dia seria celebrado a cada ano no dia treze do mês de Adar.”(1 Macabeus 7:43, 49)

“De comum acordo, foi estabelecido que, doravante, não se deixaria passar esse dia sem festejá-lo, e que seria celebrada no dia treze do duodécimo mês, chamado Adar em língua siríaca, a vigília do dia de Mardoqueu.” (2 Macabeus 15:36)

E o mês de Adar corresponde a uma parte de Fevereiro.

E era inverno;… Pois o mês de Quisleu corresponde ao nosso Novembro e Dezembro; de forma que o vigésimo quinto dia desse mês pode ser por volta do dia dez de Dezembro, e os Judeus reconhecem parte desse mês de inverno, que deve ser a parte em que essa festividade era realizada; eles dizem (m):

“Metade do mês de Quisleu, Tebete, e metade de Sebate, são חורף, “inverno”:”

De forma que o evangelista podia com propriedade dizer, de acordo com o sentido da nação Judaica, que era inverno; embora estivesse apenas começando, não mais do que dez dias: a razão do por que isso é observado pode ser pelo que se segue.



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Notas

(a) Ganz Tzemach David, par. 1. fol. 22. 1. Tzeror Hammor, fol. 137. 2.
(b) Hilchot Megilla Uchanucha, c. 3. sect. 2, 3. & 4. 1, 2. Vid. T. Bab. Sabbat, fol. 21. 2.
(c) Antiqu. l. 12. c. 7. sect. 7.
(d) Seder Tephillot, fol. 234. 1, 2. Ed. Amsterd.
(e) T. Bab. Roshhashana, fol. 18. 2.
(f) Hilchot Chanuca, c. 4. sect. 3.
(g) De Repub. Heb. l. 3. c. 17.
(h) Seder Tephillot, fol. 133. 2.
(i) Ganz Tzemach David, par. 1. fol. 22. 1.
(k) History of the Rites, &c. dos Judeus, c. 9.
(l) Shalshelet Hakabala, fol. 17. 2.
(m) Bereshit Rabba, sect. 34. fol. 30. 2. T. Bab. Bava Metzia, fol. 106. 2.