Jesus Cristo — O Bom Pastor
(João 10:11)
Eu sou o bom Pastor;... εγω ειμι ο ποιμην ο καλος. אנכי הוא הרעה הטוב. Lit.: “Eu sou o Pastor, o Excelente”. A palavra traduzida na ACF como “bom” é καλός (Gr.: kalos, adjetivo nominativo singular masculino) tem o sentido de “excelência”, de qualidade superior aos demais. Isso se enquadra bem na descrição de nosso Salvador Jesus. Outras versões dizem “ideal” (CLV) “verdadeiro” (Mace). Algumas definições nos léxicos da língua grega do N.T sobre a palavra καλός dizem que se refere a algo “bom, belo, com o significado básico de saudável (1) de aparência externa, “bonito, amável”, (2) como uma qualidade livre de defeitos, bom, útil, (3) nobre, digno de elogiosos, sinônimo de agathos; de coisas excelentes; (4) socialmente, de um modo de vida e comportamento, especialmente como kala erga “boas obras” (1 Tm 5.10)” (Analytical Lexicon of the New Testament, de Barbara Friberg, Timothy Friberg) καλός é “pertinente a uma qualidade moral qualitativa, com a implicação de ser favoravelmente valioso”, (Greek-English Lexicon of the New Testament Based on Semantic Domains de Johannes E. Louw e Eugene A. Nida) é algo “bom, belo, no sentido de um ideal ou modelo de perfeição (Chave Linguística do Novo Testamento, de Fritz Rienecker e Cleon Rogers, p. 178) também é “aplicado pelos gregos para tudo assim diferente em forma, excelente, bom, útil, a ponto de ser prazeroso... bom, excelente em sua natureza e características, e, portanto, bem adaptado para suas finalidades... de coisas que são constituídas para corresponderam ao propósito da classe de coisas que foram feitas; bom de seu tipo: ta kalá, de peixe, em oposição aos que são lançados fora (gr.: ta sapra), Mt. 13.48” (Greek-English Lexicon of the New Testament, de J. H. Thayer) David A. Fiensy, Ph.D comenta sobre essa parte do versículo e sua questão linguística aqui tratada:
“A palavra traduzida “bom” é καλός (Gr.: kalos), e tem a conotação de “beleza” ou “amabilidade”. Em que sentido, portanto, é Jesus o “belo pastor”? Raymond Brown e outros têm ressaltado que para o falantes do grego, kalos se referia a uma beleza ideal e perfeita. Daí, a tradução de Brown traz “eu sou o pastor modelo.” Jesus está se descrevendo como o pastor ideal, modelo da qual outros pastores humanos devem se comprar.” (Collegue Press New Testament Commentary).
A.T Robertson comenta:
“Note a repetição do artigo, “o pastor, o bom.” Isso assume a metáfora de João 10:2. A Vulgata traz “pastor bonus”. Filo chama seu bom pastor de agathos, mas kalos chama atenção para a beleza de caráter e serviço como “bom mordomo” (1Ped 4:10), “um bom ministro de Cristo Jesus” (1Tim 4:6). Ambos os adjetivos aparecem juntos no Grego antigo, como um vez no Novo Testamento (Luc 8:15). “A beleza é a beleza que age.” Ou seja, kalos.” (A.T Robertson)
Vincent diz:
“O epíteto καλος, aplicado aqui ao pastor, aponta para à bondade essencial como nobremente realizada, aplicada ao respeito admirador e efetivo. Como Canon Westcott observa, “no cumprimento de Suas obras, o Bom pastor clama a admiração de tudo que é generoso no homem.”” (Vincent's Word Studies)
No grego clássico, kalos é uma das palavras mais nobres, e não há nada que, através de sua história, deixe de ter um certo esplendor. Originalmente se referia a “beleza da forma”. Podía aplicar-se a uma pessoa atrativa, ou a qualquer coisa que era bela. Candaules pensava que sua esposa, a rainha, era a “mais bela” (kalliste, o superlativo) de todas as mulheres (Heródoto, 1.8). Homero disse que Nireo era “o mais belo” (kallistos) de todos os homens que foram à Tróia (lliada 2.673). A deusa Atenas apareceu a Odiseo em forma de mulher “bela e esbelta” (Odisea 13.289). Quando, em Homero, καλός descreve pessoas, muitas vezes aparece acompanhado de megas, que significa alto, grande. Na beleza que descreve καλός, sempre existe grandeza e majestade.
Jenofonte descreveu a Ciro como “o mais belo” (kallistos) e o de coração mais generoso (Jenofonte, Ciropedia 1.2.1); e em Memorabilia (2.6.30), conta como Cristóbulo expressa à Sócrates seu desejo de ter uma alma boa e uma aparência bela (καλός).
Assim, καλός contém a ideia não apenas de beleza, mas também de utilidade. Homero, descrevendo Feacia, escreve assim: “A cidade tem um belo (καλός) porto em cada extremo” (odisea 6.263). Também significa “belo e honrável” em sentido moral. Homero, falando dos homens jovens, disse: “Não é honrável (καλός) nem justo roubar aos hóspedes de Telêmaco” (Odisea 20. 294) Jenofonte disse que Sócrates era um modelo de “nobreza” (καλός) (Jenofonte, Symposium 8.17). A virtude, segundo Jenofonte, traz “honra” (καλός) ao homem e benefício ao Estado (Memorabilia 3.5.28). Platão usa καλός para descrever a boa conduta de jovens que honram a Atenas, onde são educados (Platão, symposium 183d). Jenofonte disse que Sócrates discutiu sobre o que é piedoso e o que é ímpio, o que era “belo” (καλός) e o que era feio (Memorabilia 1.1.16).
A melhor forma de apreciar o significado de καλός é contrastá-lo com αγαθος, que é a palavra grega mais comum para expressar a ideia de “bom”. A palavra αγαθος se refere aquilo que é moral e praticamente belo; καλός não apenas denota o que é moral e praticamente bom, mas também ao que é esteticamente bom, amável, e desejável aos olhos. Hort, comentando Tiago 2:7 disse que “καλός é bom como visto, como impressionando diretamente tudo que entra em contato com ele – não apenas bom em resultado, que seria αγαθος. No relato da criação, quando Deus admira o mundo que havia feito, diz que Ele viu tudo era “bom” (Gn. 1:8), a palavra usada é καλός.
Demonstrando a beleza da descrição pastoril de Jesus ao falar de si mesmo usando καλός, vemos o sentido do termo, uma vez que o pastor não cuida de suas ovelhas apenas de forma eficazmente fria, mas como amor sacrificial. Quando as ovelhas estão em período, o pastor arrisca sua própria vida para salvá-las das mãos de predadores ferozes. O pastor excelente é atrativo e heróico para suas ovelhas, visto que a serve não por dinheiro, mas por amor abnegado.
A ideia básica de καλός é a beleza com atrativo, e não entenderemos esse termo se não partirmos do amor. As obras de καλός são as que procedem de um coração onde o amor divino reina absolutamente. A magnitude do amor abstrato e oculto na alma se torna visível ao se materializar em uma bela obra de bondade.
Os equivalentes de καλός no A.T. são: חֲמֻדוֹת , Gn. 27:15. sustantivo e adjetivo טוֹב , טוֹבָה , Gn. 1:4. Verbo טוֹב hi. Nm. 24:5. טוֹב מַרְאֶה , Est. 1:11. יָטַב , Pr. 15:2. טוּב Os. 10:11. יָפֶה , Gn. 29:17. יֳפִי , Zac. 9:17. יְפַת מַרְאֶה , 2 S. 14:27. יָשָׁר , Dt. 21:9. כָּבוֹר , Is. 22:18. נָאוֶה , Cnt. 1:5. נָעִים Sal. 134(135):3. נֹעַם , Pr. 3:17. נָעֵם , Pr. 2:10. מְזִמָּה , Pr. 2:11. שֵׁם , Pr. 22:1. יָטַב hi.; Mi. 2:7. יָטַב hi., Is. 1:17. יָטַב hi.; Jer. 2:33. יָפָה , Ez. 16:13. יָפֶה , 2 S. 13:1.
Na LXX καλός ocorre 187 vezes: Gen. 1:4, 8, 10, 12, 18, 21, 25, 31; 2:9, 12, 17, 18; 3:5, 6, 22; 6:2; 12:14; 15:15; 18:7; 24:16, 50; 25:8; 26:29; 27:9, 15; 29:17; 30:20; 32:12; 39:6; 41:2, 4, 5, 18, 20, 22, 24, 26, 35; 44:4; 49:14, 15; Lev. 5:4; 27:10, 12, 14, 33; Num. 3:37; 4:32; 10:29; 11:18; 13:19; 24:1, 5, 13; Deu. 1:14; 6:10, 18; 8:12; 12:25, 28; 13:18; 21:9, 11; Jos. 7:21; 21:45; 23:15; Jz. 9:16; 1Sa. 25:3; 2Sa. 3:13; 11:2; 13:1; 14:27; 1Rs. 1:3, 4; 2:18; 8:18; 18:24; 22:8, 13, 18; 2Rs. 25:24; 1Cron. 29:28; 2Cron. 6:8; 14:2; 31:20; Est. 1:11; 2:2, 3, 7, 9; Jó 10:3; 13:9; 34:2, 4; Sl. 33:3; 35:12; 128:2; 133:1; 135:3; 147:4; 150:6; Pro. 2:10, 11; 3:4, 17; 15:2, 23, 30; 16:24; 17:26; 18:5; 20:23; 22:1, 17; 23:8, 24; 24:4, 14, 23; 25:27; 30:29; 31:11, 18; Ecl. 3:11; 5:18; Cânt. 1:5, 8, 15, 16; 2:10, 13; 4:1, 7; 5:9; 6:1, 4, 10; Isa. 1:17; 3:25; 5:9, 20; 22:18; 23:16; 27:2; 41:7; Jer. 1:12; 2:33; 4:22; 12:6; 18:11; 22:15, 17; 40:4; Lam. 4:9; Eze. 16:13; 17:8; 20:25; 24:4; 31:3, 7; 34:18; Dan. 1:4; Os. 2:7; 4:13; 10:11; Joel 3:5; Amos 5:14, 15; 8:13; Jon. 4:3, 8; Mic. 1:11; 2:7; 3:2; 6:8; Naum. 3:4; Zac. 3:20; 1:13; 8:15; 9:17; 11:10, 12; Mal. 2:17.
No N.T ele aparece mais de 100 vezes: Mat. 3:10; 5:16; 7:17, 18, 19; 12:33; 13:8, 23, 24, 27, 37, 38, 45, 48; 15:26; 17:4; 18:8, 9; 26:10, 24; Mc. 4:8, 20; 7:27; 9:5, 42, 43, 45, 47, 50; 14:6, 21; Lc 3:9; 6:38, 43; 8:15; 9:33; 14:34; 21:5; Jo 2:10; 10:11, 14, 32, 33; Rom. 7:16, 18, 21; 12:17; 14:21; 1Co. 5:6; 7:1, 8, 26; 9:15; 2Cor. 8:21; 13:7; Gal. 4:18; 6:9; 1Tess. 5:21; 1Ti. 1:8, 18; 2:3; 3:1, 7, 13; 4:4, 6; 5:4, 10, 25; 6:12, 13, 18, 19; 2Ti. 1:14; 2:3; 4:7; Tit. 2:7, 14; 3:8, 14; Heb. 5:14; 6:5; 10:24; 13:9, 18; Tg. 2:7; 3:13; 4:17; 1Pe. 2:12; 4:10.
Dando continuidade explicativa às Suas palavras da ilustração, Jesus se identifica como o “Bom Pastor”. Essa declaração não é apenas identificativa das palavras anteriormente pronunciadas pelo Salvador, mas também qualitativas, diferenciando-O do “mercenário” dos versículos seguintes. (Jo 10:14; Sal 23:1, 80:1; Isa 40:11; Eze 34:12, 23, 37:24; Miq 5:4; Zac 13:7; Heb 13:20; 1Ped 2:25, 5:4) Explicando o que qualifica uma pessoa para se um bom Pastor, Jesus diz que ele dá a sua vida pelas ovelhas. την ψυχην αυτου τιθησιν υπερ των προβατων. יתן את־נפשו בעד צאנו. Não apenas as guia, as guarda, as protege e alimenta. (Sl. 23) o bom pastor ama suas ovelhinhas a ponto de morrer por elas. (Gen 31:39-40; 1Sam 17:34-35; 24:17; Isa 53:6; Ef 5:2; Tit 2:14; 1Ped 2:24) “Alguns aplicam a frase aqui apenas ao significado de ariscar sua vida para proteger outros; mas o versículos 15, 17, e 18, bem como o inteiro teor do novo pacto, prova suficientemente que o sentido primário é a qual o nosso Senhor deve ser entendido.” (Adam Clarke) “Não apenas expõem a sua vida ao perigo, como fez Davi, para proteger o rebanho do seu pai, mas a dá livre e voluntariamente, pela causa da ovelha; no lugar delas, como um sacrifício por elas, para que elas pudessem ser livradas da morte, e pudessem ter vida eternal: A versão Etíope verte assim: “o bom pastor dá a sua vida como redenção de suas ovelhas”; assim Nonnus parafraseia, o “preço redentor de sua própria ovelha”: que pertence principalmente ao ofício de Cristo, e que os sacerdotes judeus eram, ás vezes, os pastores, portanto, lemos (Misn. Becorot, c. 5. sect. 4.) de רועים כהנים, “pastores que eram sacerdotes”. Filo, o judeu, fala (De Agricultura, p. 195. & de nom. mutat. p. 1062.) de Deus como um Pastor e Rei; e do estabelecimento de sua Palavra sobre seu Filho unigênito, sobre o santo rebanho, para cuidar dele: e um bom pastor é descrito pelos (Zohar em Exod. fol. 9. 3.) Judeus: “Como רועה טוב, “um bom pastor”, que livra seu rebanho do lobo, e dos leões, (veja João 10:12) assim aquele que conduz Israel, se ele é bom, livra-os das nações idolatras, e do julgamento acima e abaixo, e os conduz para a vida do mundo por vir, ou vida eterna; (veja João 10:10).” Cuja descrição está em harmonia com Cristo, o bom pastor; e assim o Senhor é dito como sendo רועה טוב, “o bom pastor”, e misericordioso e não há como ele (Aben Ezra em Sal. xxiii. 3. & Kimchi em Sal. xxiii. 2.). (John Gill’s Exposition of Entire Bible)