Jesus — A Porta das Ovelhas
6. Jesus Cristo — A Porta Para a Salvação
Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes:ויוסף ישוע וידבר אליהם. Ou seja, Jesus Cristo voltou à ilustração do bom pastor apesar deles não terem entendido. Em verdade, em verdade... αμην αμην. אמן אמן. Dupla afirmação para acentuar a veracidade de Suas palavras, como é de costume no Evangelho de João. Vos digo... Primariamente aos Fariseus, mas também a todos os outros que ali se encontravam. Eu sou a porta das ovelhas. εγω ειμι η θυρα των προβατων. אני הוא פתח הצאן. (João 10:1, 10:9, 14:6; Ef 2:18; Heb 10:19-22) Essa é uma expansão alegórica e uma continuação as palavras anteriores. εγώ, é enfático. “O pronome singular enfático “eu” (ego) enfatiza que o pastor é o único que determina quem pode entrar e sair do aprisco. É paralelo com a afirmação posterio: “Eu sou o caminho e a verdade, e a vida. Ninguém vem ai Pai senão por mim” (João 14:16).” (Expositor’s Bible Commentary on John’s Gospel) Como foi dito:
“Eu, nenhum outro, sou a porta das ovelhas... através de mim apenas, podem as ovelhas achar acesso ao aprisco. Primariamente, foi dito em relação ao homem excomungado, essas palavras transmitiam a segurança de que, ao invés de ser expulso, pelo seu apego à Jesus, ele tinha ganho permissão de entrar em comunhão com Deus e todos os homens bons. Não os Fariseus, mas Jesus poderia admitir, ou rejeitar, do aprisco de Deus.” (Expositor’s Greek New Testament – Gospel of John)
No caso de τωνπροβατων não é “para” as ovelhas (Lange e Meyer, que acreditam que o ver. 1 requer essa interpretação), mas “pelas” ovelhas, i.e., a porta pela qual tanto as ovelhas como os pastores (mencionado nos vers. 1–5 na distinção de “o” único arque-pastor, mencionado depois, ver. 11) devem entrar no aprisco da igreja de Deus (Chrysostom, Lampe, Hengstenberg, Godet, Alford, etc.).—P. S.] De forma muito instrutiva e interessante, o erudito Barcley comenta o contexto histórico-cultural das palavras de nosso Senhor Jesus:
“Nessa parábola, Jesus falou de dois tipos de aprisco de ovelhas. Nos vilarejos e nas cidades em si havia apriscos públicos para ovelhas, onde todo o rebanho do vilarejo era guardado quando eles [i.e os pastores] retornavam à noite para as suas casas. Esses apriscos eram protegidos por uma forte porta da qual apenas o guarda da mesma tinha a chave. Era a esse aprisco que Jesus se referiu em João 10:2-3. Mas, quando as ovelhas saíam para as montanhas nas estações quentes, elas não retornavam à noite para o vilarejo de forma alguma; elas eram ajuntadas no aprisco das ovelhas na montanha. Esses apriscos nas montanhas eram espaços abertos cercados por uma mureta. Neles existia uma entrada por onde as ovelhas entravam e saíam; mas não havia nenhum tipo de porta. O que acontecia era que, à noite, o próprio pastor se deitava na entrada, e assim, nenhuma ovelha poderia sair ou entrar, exceto por cima de seu corpo. No sentido mais literal, o pastor era a porta.” (William Barclay's Daily Study Bible on John’s Gospel)
No início de nossa consideração do capítulo 10, nós tínhamos comentado sobre a identificação da porta no versículo 1. Nós comentamos que a maioria dos comentadores bíblicos identificarem a porta do versículo 1 com o nosso Senhor Jesus Cristo, levando em consideração também a sua declaração no versículo presente. (cf. Comentário em João 10:1) Ao prosseguir com sua ilustração, Jesus já fala de suas ovelhas que tinham ‘ouvido a sua voz e saído’ do aprisco de Israel. Eles agora tinham sido conduzidos para um outro aprisco, o aprisco do Cristianismo, do Israel de Deus, ou Espiritual, cuja porta era nenhum outro a não ser nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. No Israel antigo, quando pessoas das nações (goyim) queria adorar a Jahweh, eles abandonavam a idolatria e reconheciam que apenas Jahweh era o Deus verdadeiro. Mas para viver entre o antigo povo de Deus, Israel, mais ainda, aos que se tornavam prosélitos judaicos, a estes era necessário ‘entrar por Moisés’, ou seja, corresponder e seguir a lei mosaica. Para os que estariam abraçando o Cristianismo, era necessário agora ‘entrar por Cristo’, ou seja, corresponder a “lei do Cristo” e o padrão estabelecido no N.T. Lightfoot comenta sobre os dois apriscos da ilustração:
“Puro Israelitísmo entre os Judeus era o “aprisco”; e a “porta”; e todas as coisas. Pois se qualquer pessoa fosse uma semente de Israel, e do rebanho de Abraão, era suficiente (eles mesmo sendo os juízes) para tal pessoa ser feita uma ovelha, admitida dentro do rebanho, e sendo alimentada e nutrida para a vida eterna. Mas no rebanho das ovelhas de Cristo as ovelhas tinham uma marca e introdução original.” (A Commentary of the New Testament from the Talmud and Hebraica, de John Lightfoot)
Ou seja, quem nascia judeu já estava dentro do aprisco do povo de Deus (João 10:1), da nação dedicada à Ele. Mas, diferentemente do aprisco de Israel, para se entrar no aprisco do Cristianismo era necessário ação, condição e permissão.
Robertson comenta sobre a “porta”:
“… Essa é uma nova ideia, não presente na história anterior (João 10:1-5). Moffatt segue o Sahidic na aceitação de ho poimen aqui, ao invés de he thura,... . Jesus simplesmente muda a metáfora para a tornar mais plena. Eles estavam, sem dúvida, perplexos pelo significado da porta em Jo 10:1. Mais uma vez, essa metáfora deve ajudar aqueles que insistem em um sentido literal do pão como literalmente o corpo de Cristo em Mar 14:22. Jesus não é uma “porta” física, mas Ele é o único caminho de entrada no Reino de Deus (Jo 14:6).” (Word Pictures in the New Testament, de A.T Robertson