O Mercenário Não Se Importa
(João 10:13)
Ora,... Explicando a reação covarde do mercenário no versículo anterior. (Cf. Comentário de João 10:12) O mercenário foge,... μισθωτος φευγει. Ao invés de proteger o rebanho aos seus cuidados. “Essa clausula deve ser omitida na autoridade de א(A)BDL1,33e, Memph., Theb.,&c. O rompimento da verdadeira leitura coloca em nítido contraste com o destido do falso pastor e as ovelhas. A dupla covardia… vem do fato de que ele, que deveria ser um guardião, pensa em si mesmo e não em sua responsabilidade. De acordo com a tradição judaica (Lightfoot, ad loc.), o pastor contratado era responsável pelo dano feito por um animal selvagem a seu rebanho.” (The Gospel According to St. John, de B.F. Wescott) Porque é mercenário,... οτι μισθωτος εστιν. Não é o dono delas; as ovelhas não são dele, o prejuízo não é dele, ele não se apegou as ovelhas, elas são estranhas, assim como ele é estranho para elas. Enquanto o pastor excelente não aparecia com sua obra messiânica salvífica para tirar suas ovelhas do aprisco de Israel (Cf. Comentário de João 10:1), a nação judaica ficou na mão de subpastores que deviam guardar as ovelhas com amor e anelo, mas que, infelizmente, não fizeram o trabalho que deveriam fazer. Ao invés de bem conduzidas, o povo de Yahweh naquele tempo “andavam esfoladas e empurradas dum lado para outro como ovelhas sem pastor” (Mateus 9:34). O mercenário “não cuida delas, mas apenas provê a sua própria segurança. Abarbinel (Mashmia Jeshua, fol. 20. 4) tem uma nota em Isa. 40:11 que pode ilustrar essa passagem: “Ele alimentará seu rebanho como um pastor”; não como ele tem alimentado o rebanho dos outros, pelo o emprego que eles lhe deram, mas como um pastor que alimenta seu próprio rebanho; que tem uma comissão mais abundante sobre isso, porque é seu próprio rebanho; e, portanto ele disse: “eis que sua recompensa está com ele”, pois ele não busca uma recompensa dos outros; “e sua obra está diante dele”; pois ele alimenta o que é seu próprio, e, portanto, seus olhos e seu coração estão ali.”” (John Gill) Essa era a diferença entre o bom pastor o mercenário: “um verdadeiro pastor havia nascido para isso. Ele era enviado para cuidar do rebanho assim que tivesse idade para isso; as ovelhas se tornavam suas amigas e companheiras; e tornava-se assim parte de sua natureza pensar nelas antes de pensar em si mesmos. Mas o falso pastor entrava no emprego, não como um chamado, mas como meios de fazer dinheiro. Ele estava no emprego apenas e unicamente pelo dinheiro que conseguiria... . Ele não tinha nenhum senso de responsabilidade de sua tarefa; ele era apenas um empregado.” (William Barclay’s Daily Study Bible) E não se importa com as ovelhas. και ου μελει αυτω περι των προβατων (João 12:6; Atos 18:17; Fil 2:20) “Os escribas eram apenas empregados (pessoas contratadas) que não tinham nenhum amor e preocupação pelo bem estar das ovelhas. No momento do perigo, o empregado fugia”. (King James Bible Commentary) Essa é a segunda grande razão desses subpastores não protegerem o rebanho. Como as ovelhas não lhes pertencem, eles não se importavam com elas, o que aconteceu aconteceu, e isso basta. A única coisa que eles se preocupavam era em receber seu pagamento no final do trabalho. Assim era os líderes da nação judaica do primeiro século. Eles estavam apenas interessados nas questões políticas, e de suas posições de prestigio, enquanto que o povo era largado na ignorância do conhecimento de Yahweh.
Aplicação Devocional:
Isso serve de lição para aqueles que servem de pastores espirituais do povo de Deus hoje. Ao falar com os pastores da congregação em Éfeso, Paulo lembrou-lhes: “Prestai atenção à voz mesmos, e a todo o rebanho no qual Ruach HaKodesh [i.e; “O Espírito Santo” em hebraico. N. do T.] vos colocou como líderes, para pastorear a comunidade Messiânica de Deus, que ele ganhou para si mesmo às custas do sangue de Seu próprio filho.” (Atos 20:28, A Complete Jewish Bible). Os que lideram o rebanho de Deus no aprisco do Cristianismo são subpastores, sendo Ele o pastor Supremo. Pode se dizer que a grande maioria das pessoas que desejam hoje o cargo de pastor é apenas para gozar dos privilégios eclesiásticos, de ter seu lugar na primeira fila, de ser chamado de “pastor fulano de tal”, de não precisar esperar em filas na igreja, sempre ter a primazia. Se fosse só isso, menos mal, embora muito repugnante, terrível e detestável, diria eu, mas ainda pior de tudo, é o desejo de colocar as mãos em salários generosos, explorando o povo de Deus, o pobre trabalhador. São réplicas, não digo imitação, pois seria pouco, são literalmente réplicas exatas dos Fariseus dos dias de Cristo. Esses pastores modernos são mercenários, não se importam com as pessoas que eles mesmos professam pastorear. Muitos deles nem ao menos os conhecem por nome como o bom pastor.
Como não tem como mudar isso, ou os pastores em si, então recai sobre as ovelhas não se permitirem ser pastoreadas por “mercenários”, principalmente os da teologia da prosperidade, que só pensam em seus salários, e que ao primeiro sinal de perigo fogem e abandonam as amadas ovelhas de Cristo, compradas por um alto custo, Seu próprio sangue.