Interpretação de 1 Reis 1
1 Reis 1
I. O Reino Unido
desde Salomão até Roboão. I Reis 1:1 - 11: 43.
A. Salomão Sobe ao Trono. 1:1 - 2:46.
1 Reis 1
1) As aspirações de Adonias ao Trono são frustradas.
1:1-53.
1. Sendo o rei
Davi já velho. Os muitos
sofrimentos de Davi por causa de Saul, antes de subir ao trono, e seus quarenta
anos de reinado sobre Israel deixaram nele impressões indeléveis. Contudo,
antes que a morte sobreviesse, o rei, guerreiro e poeta, atingiu a idade de
setenta anos (II Sm. 5:4), que, segundo suas próprias palavras, são o limite
máximo da vida. O último golpe que apressou a morte do ancião foi a rebelião de
Absalão (II Sm. 15:1 – 19:10). Envolviam-no com roupas. Begadim indica
roupa de cama, não roupas. Tomaram a mais simples medida de precaução para
poupar o velho homem no seu declínio físico, o que, contudo, não ajudou em nada
o monarca enfermo.
2. Então lhe
disseram os seus servos. A
sugestão dos servos para que se buscasse uma jovem para o rei a fim de lhe
restaurar a vitalidade perdida e o aquecesse era uma prescrição médica aceita
até a Idade Média. Nenhum significado imoral deve ser dado a esta prática um
tanto estranha.
3. Procuraram,
pois, . . . uma jovem formosa. Foi
escolhida porque era virgem e bonita. Abisague de Sunam, uma cidade de Issacar
na planície de Jezreel, ao pé do Monte Hermom, o menor.
4. Cuidava do rei
... porém o rei não a possuiu. Isto
é, não manteve com ela relações sexuais. Abisague serviu de enfermeira prática
junto ao moribundo Davi.
5. Então Adonias,
filho de Hagite, se exaltou. Sua
rebelião expressou-se nas palavras de determinação – Eu reinarei. Em sua
vida atormentada Davi já experimentara a rebelião da parte de outro filho,
Absalão. Adonias, cuja mãe era Hagite, foi o quarto filho de Davi. Talvez
Adonias pensasse que sendo o filho mais velho vivo de Davi, tinha direito ao
trono. Mas, nesse caso, ele ignorava as implicações teológicas de Deus já ter
escolhido Salomão, o título de Davi com Bate-Seba, esposa de Urias, o heteu (II
Sm. 12:24).
6. Jamais seu pai
o contrariou. Disto podemos deduzir que Adonias tinha permissão de fazer o que
entendesse, sem ser disciplinado.
7. Entendia-se
ele com Joabe . . . e com Abiatar. Joabe era filho de Zeruia, irmã de Davi, e irmão de
Abisai e Asael. Ao que parece ele residia em Belém. Na qualidade de comandante
do exército de Davi, demonstrou ser um brilhante estrategista milita, valente
na batalha, embora cruel e até mesmo traiçoeiro em certas circunstâncias. Suas
principais realizações militares foram a tomada de Jerusalém e o cerco de Rabá
dos amonitas. Tendo ele desnecessariamente derramado o sangue de Abner e Amasa,
Salomão ordenou que Benaia o condenasse à morte. A seu próprio pedido, Joabe
foi morto ao lado do altar de Deus no Tabernáculo, onde se refugiou. Abiatar
foi o único sacerdote que escapou à brutal vingança de Saul contra a ordem
sacerdotal em Nobe, pela ajuda concedida a Davi. Depois de fugir para junto de
Davi, tornou-se o conselheiro espiritual e amigo do guerreiro fugitivo. Até
esse momento Abiatar fora fiel ao rei pessoalmente, mas agora juntou-se à
conspiração de Adonias contra Salomão. Seu castigo em conseqüência disso não
foi a execução que merecia, mas a expulsão do sacerdócio ordenada por Salomão.
8. Porém Zadoque,
o sacerdote . . . e Natã, o profeta . . . não apoiavam Adonias. Zadoque se juntara a Davi no Hebrom,
imediatamente após a morte de Saul (I Cr. 12:28), acompanhou-o na sua fuga de
Jerusalém durante a insurreição de Absalão e atuou como espião do rei (II Sm.
15:24-29; 17:15). Nata. Veja I Reis 1:11.
9. Imolou Adonias
ovelhas e bois e animais cevados, junto à pedra de Zoelete. Como pretendente ao trono, Adonias
desejava ser considerado munificente. Por isso, antecipando a coroação, deu sua
festa real aos interessados. A pedra de Zoelete, isto é, a pedra da
serpente, ou “o lugar escarpado e rochoso no declive ao sul do Vale de
Hinom, que lança uma sombra muitíssimo profunda”. O lugar tem sido identificado
como o Wadi el Rubab. Rogel. “Fonte dos pisoeiros”, ou “a fonte do pé”.
Aqui os pisoeiros lavavam as roupas, pisando-as dentro das águas da fonte. Este
sítio tem sido identificado como o “Poço de Jó” (mais provavelmente, Poço de
Joabe), situado abaixo da junção do Vale do Cedrom com o Vale do Hinom, 165ms
abaixo do Monte Sião.
10. Porém ... a
Benaia ... e a Salomão, seu irmão, não convidou. Benaia, filho de Joiada o sumo sacerdote (I Cr.
27:5), nativo de Cabzeel, chefe da força policial de Davi, homem valente na
luta contra os homens e feras, permaneceu fiel a Salomão. Por isso não foi
convocado na rebelião de Adonias. Salomão, filho de Davi e Bate-Seba, o
legítimo herdeiro do trono designado por Deus, naturalmente também não foi
convidado à festa de Adonias.
11. Então disse
Natã a Bate-Seba. Natã,
o profeta, aparece pela primeira vez nas Escrituras anunciando a Davi que devia
prorrogar a construção do Templo (II Sm. 7). Mais tarde aparece a Davi para
reprovar seu duplo pecado de homicídio e adultério na questão de Urias, o heteu
(II Sm. 12; Sl. 51). Agora Natã garante o reino para Salomão, o filho de Davi,
denunciando as maquinações de Adonias às devidas autoridades, neste caso, à
Bate-Seba.
12, 13. Natã insistiu com Bate-Seba a que
apelasse diretamente ao rei para nomear seu sucessor antes de sua morte.
14. Eis que,
criando tu ainda a falar ... eu também entrarei. Isto é, eu aparecerei a fim de confirmar tuas
palavras diante do rei, para mostrar que não és vítima do medo ou imaginação. A
notícia da rebelião de Adonias, ao que parece, foram ter aos ouvidos de Davi
pela primeira vez.
20. Todo o Israel
tem os olhos em ti. Bate-Seba
apelou a que Davi fizesse uma declaração direta e imediata.
22. Fiel à sua promessa, Natã apareceu para
apoiar Bate-Seba na sua narrativa sobre a rebelião de Adonias, que de outro
modo poderia parecer ao monarca uma história exagerada.
23-27. Natã repetiu substancialmente a mesma
história que Davi acabara de ouvir dos lábios de Bate-Seba.
28. Chamai-me a
Bate-Seba. À moda oriental,
Bate-Seba se retirou discretamente quando Natã entrou, mas agora foi novamente
chamada para ouvir o rei fazer seu pronunciamento oficial.
29. Então jurou o
rei, e disse: Tão certo como vive o Senhor. Pelo sagrado nome de Jeová o rei jurou que Salomão, o
filho de Bate-Seba, seria realmente designado como sucessor legítimo do seu
trono. Assim, toda a questão foi declarada sem efeito.
31. Então
Bate-Seba se inclinou e se prostrou com o rosto em terra. Assim ela demonstrou sua gratidão pela
decisão do seu marido e monarca, que atendera ao seu pedido.
32, 33. Fazei
montar a meu filho Salomão na minha mula, e levai-o a Giom. Esta ordem dada a Zadoque, Natã e Benaia,
foi o desmoronamento da conspiração de Adonias, pois a coroação de Salomão, o
meio-irmão do rebelde, ia começar. O rei deu instruções específicas para a
cerimônia da coroação. Teria de ser usada a mula de Davi, a mula real, para
indicar que Salomão era o escolhido do rei.
34. Ali o ungirão
rei sobre Israel. Reis
e sacerdotes em Israel eram empossados no seu ofício por meio do ritual da
unção, em oposição ao profeta que não era ungido. O toque das trombetas
anunciaria ao povo que Salomão estava agora tomando legalmente o trono do seu
pai, antes mesmo da morte deste. Viva o rei Salomão! uma piedosa combinação de
alegria e oração pela longevidade e prosperidade do reinado do novo monarca.
36. Então Benaia
. . . respondeu ao rei, e disse: Amém. Benaia deu sua aquiescência e promessa de que
obedeceria a tudo o que Davi tinha declarado em relação à coroação de Salomão.
38. E a guarda
real (os queretitas e os peletitas). A guarda
pessoal do rei executou assim as instruções reais até o último detalhe. Giom
ficava no Vale do Cedrom logo abaixo da colina oriental (Ophel) e era uma fonte
intermitente que, naquele tempo, era a principal fonte de água em Jerusalém.
39. Zadoque, o
sacerdote, tomou . . . o chifre do azeite. Zadoque, o guardião da Tenda sagrada, providenciou o
material que simbolizava a unção invisível de Deus (cons. II Sm. 6:17).
40. Todo o povo .
. . alegrando-se com grande alegria. Com um novo e promissor rei no trono, uma nova e
promissora era estendia-se diante de Israel. Para trás ficavam as lembranças de
grandes conquistas realizadas por Davi; à frente estava um futuro de paz e
expansão.
41-48. Adonias e
todos os convidados que com ele estavam o ouviram. Estes versículos narram o colapso da
conspiração de Adonias para tomar o trono.
49. Então
estremeceram . . . todos os convidados de Adonias. Ficaram com medo e com razão, pois seriam
considerados traidores do estado e seriam sumariamente punidos.
50. Adonias,
temendo a Salomão. Abandonado
e negado por aqueles que um pouco antes chamara de seus amigos, Adonias fugiu
apavorado, temendo pela própria vida, e buscou asilo no santuário do
Tabernáculo.
51. Foi dito a
Salomão: Eis que Adonias tem medo. De acordo com a atitude oriental, uma insurreição
como a de Adonias seria severamente punida, provavelmente com a morte. Contudo,
Salomão foi misericordioso com ele, revogando a pena de morte e colocando-o sob
cuidadosa observação, estabelecendo assim o padrão para seu governo magnânimo.
Só quando Adonias cometeu outro ato de perfídia é que sua sentença foi
pronunciada.
53.
Enviou o rei Salomão mensageiros, e o fizeram descer do altar. Salomão
respeitou o santuário do altar. Só quem fosse comprovadamente homicida podia
ser removido do altar sem misericórdia. Adonias declarou submeter-se a Salomão
e obedecer ao seu governo. Se a sua submissão fosse genuína, sua vida dali para
frente teria sido mais pacífica e sua história mais feliz.