Interpretação de 1 Reis 8

Interpretação de 1 Reis 8

Interpretação de 1 Reis 8



1 Reis 8


5) A Dedicação do Templo. 8:1-66.
a) A Arca é Levada ao Templo. 8:1-11.
1. Congregou Salomão os anciãos de Israel, e todos os cabeças de tribos. O rei ia realizar um culto de dedicação do Templo. Como prelúdio desse culto, a arca foi introduzida em seu novo local. A dedicação propriamente dita foi feita cerca de onze meses depois de terminada a construção do Templo. A posição de Ewald, o mestre alemão do V.T. é insustentável, pois defende que o edifício foi dedicado um mês antes de terminado. Nos dias anteriores, a habitação da arca fora a cidade de Davi, ou o Monte São (II Cr. 6:5-7). A transferência final da arca foi acompanhada de uma procissão reverente mas alegre.
5. Sacrificando ovelhas e bois, que . . . não se podiam contar. O ato de sacrificar, na teologia de Israel, deve ser considerado não como um simples “ritual de penitência”, mas também como um ato de ação de graças e regozijo. Tal grandiosa ocasião parecia exigir uma multidão de sacrifícios. A época escolhida para este acontecimento foi Etanim, o nome antigo para o mês de Tishri, outubro-novembro.
6. Puseram os sacerdotes a arca da aliança do Senhor no seu lugar. Da primeira e amarga experiência de Davi na remoção da arca, Salomão aprendeu a devida ordem do procedimento divino (II Sm. 6:6 e segs.). Por isso confiou a transferência da arca aos mordomos divinamente nomeados, os levitas.
9. Nada havia na arca senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe. Em Hb. 9:4, dois outros artigos são mencionados como estando na arca, isto é, a vasilha com o maná e a vara de Arão que floresceu. A aparente discrepância entre o V.T. (I Reis 8:9) e o N.T. neste ponto pode surgir do fato de que o versículo de Hebreus se refere a um período anterior, talvez aos tempos de Moisés.
b) O Sermão de Salomão. 8:12-21.
12. O Senhor declarou que habitaria em trevas espessas. O orador dirigiu os pensamentos dos seus ouvintes para a condescendência divina. O alvo do sermão, fora de qualquer argumentação, foi mostrar que o Deus dos céus, Todo-poderoso, estava pronto a fazer Sua morada, em poder e presença protetora, na casa que Salomão acabara de erigir para Sua glória e honra. Magnífica e gloriosa como era a casa diante dos homens, Salomão justa e humildemente reconhecia que nada era comparado com a glória dos céus, a habitação de Deus.
17. Davi. . . propusera em seu coração. O principesco pregador não tinha se esquecido da dívida de gratidão que tinha para com o seu pai.
c) A Oração de Dedicação de Salomão. 8:22-61.
22. Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor. Em narrativa semelhante em II Cr. 6:12-42, acrescenta-se uma observação indicando que fora levantado um tablado especial para este propósito. Esta oração de Salomão pode ser considerada contendo sete pedidos inteiramente distintos: 1) A contínua presença e proteção de Deus (I Reis 8:25-30). 2) Condenação dos perversos e a vindicação dos justos (vs. 31, 32). 3) Livramento da mão dos inimigos, sob confissão de pecado (v. 33). 4) Socorro divino em dias de calamidade (vs. 35-40). 5) Ajuda divina para o estrangeiro piedoso (vs. 41-43). 6) Vitória nas batalhas futuras (vs. 44, 45). 7) Perdão para a nação (vs. 46-53).
Nesta oração, a teologia de Salomão eleva-se a grandes alturas. A alegação da crítica (baseada sobre a hipótese evolucionista) de que a teologia de Israel não estava inteiramente moldada até o período do “Segundo Isaías”, o “Grande Desconhecido”, fica aqui definitivamente confundida diante das palavras de Salomão. Sustenta-se a imanência, ainda que transcendental da Divindade.
23. Misericórdia. O hebraico hesed implica em amor inerente à aliança, o tipo de amor que se expressa na aliança entre Deus e o Seu povo. Salomão orou nesta ocasião por uma continuidade desse amor convencional. Os termos da realização deste amor são apresentados com fundamento na obediência e fé. Através da linhagem de Davi, as promessas culminaram em seu grande filho, o Senhor Jesus Cristo.
27. Mas, de fato habitaria Deus na terra? A narrativa em II Cr. 6:18 contém a variação habitaria . .. com os homem na terra? A pequena divergência consta da LXX. Embora nesta oração a graça não fique de maneira nenhuma oculta, a ênfase ainda está sobre o atributo da justiça (v. 31 e segs.).
37. Quando houver fome na terra, ou peste . . . crestamento, ou ferrugem. Crestamento é uma praga. As condições aqui previstas são aquelas cansadas pela seca ou guerra, ou invasão de gafanhotos e larvas, pragas às quais as terras bíblicas estavam muito sujeitas. Essas aflições foram aqui consideradas num estado intensificado acima do curso normal dos acontecimentos, devido a medidas disciplinares. Salomão, contudo, reconhecia que a necessidade primária não era a remoção dessas criaturas odiosas, mas sim a remissão do pecado (v. 39).
41-43. Também ao estrangeiro . . . ouve tu. Contrário às alegações da crítica, o povo de Israel tinha ordens de amar o estrangeiro, lembrando-se de que também fora uma vez estrangeiro na terra do Egito. Sem dúvida aqui se tem em mente o estrangeiro temente a Deus, o prosélito.
47. E na terra aonde forem levados cativos caírem em si. Aqui parece que Salomão estava exercendo o dom profético da visão do futuro. Esquadrinhando os longos corredores do tempo, parece que ele previu o cativeiro da Babilônia, centenas de anos à frente. É muito significativo que o construtor do Templo tivesse uma visão de sua queda final, a qual se deu em 586/585 A.C., quando Nabucodonosor destruiu ambos, a cidade e o Templo. Assim, não foi simplesmente previsto o cativeiro da nação, mas também sua subseqüente restauração.
54. Tendo Salomão acabado de fazer ao Senhor toda esta oração. Este e os versículos seguintes levam-nos à bênção. Por algum motivo esta breve, mas importante adição foi omitida na narrativa correspondente em li Crônicas. A bênção, com a qual o povo subseqüentemente dispersa, já era um aspecto muito antigo da liturgia hebraica (cons. Nm. 6:23-26).
d) Os Sacrifícios de Salomão. 8:62-66.
62. E o rei e todo o Israel com ele ofereceram sacrifícios diante do Senhor. Embora as cifras fornecidas – 22.000 bois e 120.000 ovelhas – para o número dos sacrifícios oferecidos pareçam exageradas, não devem ser consideradas impossíveis, especialmente quando se considera a magnitude do acontecimento.
65. No mesmo tempo celebrou Salomão também a festa do tabernáculo e todo o Israel com ele. A festa da dedicação foi seguida da Festa dos Tabernáculos, um acontecimento regularmente programado, que celebrava os anos da peregrinação. Sua comemoração nesta ocasião devia ter significado especial para Israel. Desde a entrada de Hamate até ao rio do Egito. Embora as fronteiras exatas indicadas por esta frase sejam controvertidas, o sentido está bastante claro. A celebração foi feita pelo povo em toda a terra, do norte ao sul.
66. No oitavo dia da festa despediu o povo. Sete dias foram consumidos no culto espiritual centralizado à volta da dedicação e festa subseqüente. O povo agora partia para suas fazendas e aldeias, com um novo senso do destino do reino.

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