Interpretação de 1 Reis 21
1 Reis 21
e) Acabe, Jezabel e a Vinha de Nabote. 21:1-16.
1. Nabote, o
jezreelita, possuía uma vinha ao lado do palácio que Acabe ... tinha. Nabote não é mencionado em nenhum outro
lugar a não ser neste capítulo. Era um judeu temente a Deus, proprietário de
uma vinha em Jezreel que fazia limites com o palácio de inverno do Rei Acabe.
2. Disse Acabe a
Nabote: Dá-me a tua vinha. Acabe
tinha, é claro, direitos legais e morais de tentar comprar a vinha de Nabote.
Sua grande transgressão estava em ter deixado de respeitar o direito e
privilégio do seu vizinho de recusar sua oferta. A Bíblia nada conhece da
hedionda doutrina política de que o indivíduo existe para o estado. Acabe fez
uma proposta de negócio ao seu vizinho, oferecendo-lhe pagar pela propriedade
em dinheiro ou trocá-la por outra vinha.
3. Guarde-me o
Senhor. Nabote recusou-se, com base na religião,
a vender a vinha a Acabe porque Deus proibira aos judeus de venderem sua
herança de família (Lv. 25:23-28; Nm. 36:7 e segs.).
4. Então Acabe
veio desgostoso e indignado para sua casa. Com modos emburrados e infantis, o rei voltou para o
seu palácio, desanimado diante da recusa de Nabote.
7. Então Jezabel,
sua mulher, lhe disse. Notando
os ares birrentos de Acabe, Jezabel, induziu-o a lhe contar a causa dos seus
problemas. Sua resposta foi cínica e irônica: Governas tu, com efeito, sobre
Israel? Em outras palavras, você não exerce autoridade suprema? Que direito
tem um dos seus súditos de lhe negar alguma coisa que você deseja? Já notamos
que Jezabel era uma mulher sem consciência. Acabe, satisfeito com o interesse
de sua mulher, não percebeu o caráter sinistro de suas palavras : Eu te darei a
vinha de Nabote.
8. Então escreveu
cartas em nome de Acabe. Isto
é, cartas com a insígnia real.
9. Trazei a Nabote
para a frente do povo. Uma
frase técnica para dizer que ele devia ser julgado. O veredito já estava
predeterminado. Seria um pseudo julgamento com um simples aspecto de justiça.
Mas para que, à vista do povo, desse a impressão de ser um julgamento leal,
arranjou-se duas testemunhas, conforme pedia a Lei (Dt. 17:6, 7); mas eram
falsas. A acusação técnica não foi simplesmente que Nabote se opusera ao rei,
mas que tinha blasfemado contra o nome de Deus, um pecado do qual a própria
Jezabel era notoriamente culpada. A penalidade para tal crime, se o homem fosse
justamente condenado, era o apedrejamento (Lv. 24:16; Jo. 10:33). Depois de
morta a vítima, costumava-se levantar uma pilha de pedras sobre a sua sepultura
como testemunho de como morrera e o porquê.
11. Os homens de
sua cidade, os anciãos e os nobres . . . fizeram como Jezabel lhes ordenara. Sempre há homens prontos a venderem seu
testemunho por dinheiro a fim de que sirva aos maus propósitos daqueles que os
alugam. Compare com os testemunhos dados no julgamento de Jesus (Mt. 26:60,
61). 13. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. Nabote foi executado
por um crime que jamais cometeu. E o Deus de toda a justiça observou a
perversidade. Logo Acabe e Jezabel estariam no tribunal da eterna justiça, para
serem devidamente julgados. Quando Acabe ficou sabendo que Nabote estava morto,
imediatamente reclamou a vinha (v. 16).
f) A Repreensão de Elias. 21:17-29.
17. Então vão a
palavra do Senhor a Elias, o tesbita. O Deus da verdade e da justiça, que vira o ato
criminoso, enviava agora o seu profeta com a mensagem do juízo. Observe que na
estimativa divina Acabe era tão culpa(o quanto Jezabel.
19. Mataste e
ainda por cima tomaste a herança? A sombra da justiça e do inevitável juízo estendeu-se
agora por sobre a casa de Acabe.
20. Já me
achaste, inimigo meu? A
exclamação de Acabe revelou seu desânimo; ele percebeu que o seu pecado já fora
descoberto. Tarde demais ele aprendeu que Deus julga nossos pecados à luz de
Seu rosto (Sl. 90:8). Respondeu ele: Achei-te. Elias respondeu
corajosamente à pergunta desesperada de Acabe e então continuou pronunciando a
sentença. Acabe se transformara em desesperado escravo do pecado, conforme se
deduz da explicação do profeta: Porquanto já te vendeste para fazeres o que
é mau perante o Senhor.
21. Eis que
trarei o mal sobre ti. A
maldição pronunciada contra Acabe é idêntica àquela que foi pronunciada contra
a casa de Jeroboão e contra Baasa (14:10, 11; 16:3, 4).
23. Os cães
conterão a Jezabel dentro dos muros de Jezreel. Com referência ao terrível cumprimento desta
profecia, veja comentário sobre II Reis 9:30-37. Por causa de seu
arrependimento tardio, Acabe recebeu um pouco de respeito.
25. Ninguém
houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau. Este é o sóbrio resumo que o historiador
faz da vida, reinado e caráter de Acabe, filho de Onri, de Israel. Novamente
vemos a figura notável mas terrível de Acabe vendendo-se como escravo de um mau
senhor, com propósitos de lucro material. Porque Jezabel, sua mulher, o
instigava. Estando casado com uma perversa companheira, a filha do rei de
Tiro, Acabe preferiu não resistir-lhe. Os dois principais pecados de Acabe
denunciados pelas Escrituras foram uma mente mercenária e a idolatria - dois
males muito intimamente ligados entre si.
27. Tendo Acabe
ouvido estas palavras, rasgou suas vestes. Sinceramente arrependido, Acabe vestiu-se agora de
saco e cinzas e andava cabisbaixo diante do Senhor. Este não foi um
arrependimento de vida mas um afastamento temporário do pecado, para
abrandamento da inevitável vingança temporal.
29.
Não viste que Acabe se humilha perante mim? Mesmo
um arrependimento insignificante e temporário, como este, desperta a
misericórdia de Deus. As misericórdias do Senhor são infinitas. A plenitude da
maldição divina não foi executada sobre Acabe como foi sobre Jezabel que não
deu sinal de arrependimento.