Interpretação de 1 Reis 22
1 Reis 22
g) A Batalha de Ramote de Gileade e a
Derrota de Acabe. 22:1-4.
1. Três anos se
passara sem haver guerra entre a Síria e Israel. A renovação das hostilidades foi desencadeado desta
vez por causa da aliança entre o norte e o sul, entre Acabe e Josafá. As duas
nações israelitas aliadas recomeçaram a ofensiva contra Ben-Hadade.
2. No terceiro
ano desceu Josafá, rei de Judá, para avistar-se com o rei de Israel. Em II Cr. 17:1 - 21:1 temos a narrativa
completa do reinado do piedoso Josafá de Judá (co-regente 873-870 e sozinho
870-848 A.C.). Com propósitos políticos, Josafá, da linha de Davi, ignorou o
grande abismo moral e religioso que separava os dois reinos e aliou-se com o
Reino do Norte, governado por Acabe, filho de Onri.
3. Não sabeis vós
que Ramote de Gileade é nossa? Ramote
de Gileade, uma das cidades principais da tribo de Gade, ficava a leste do
Jordão. Identifica-se hoje com Tell Ramith no norte da Transjordânia (Glueck).
O objetivo imediato da projetada ofensiva de guerra era retomar a cidade de
Ramote de Gileade.
4. Irás tu comigo
à peleja? Acabe parecia
muito satisfeito em receber a assistência do Sul no projeto em questão.
h) Profecia Falsa Versus Profecia Verdadeira.
22:5-18.
5. Josafá, como rei verdadeiramente temente
a Deus, demonstrou certa apreensão compreensível quanto à batalha à vista e
queria não só a concordância de Acabe, mas também a bênção de Jeová através da
boca do Seu profeta.
6. Então o rei de
Israel ajuntou os profetas, cem de quatrocentos homens. Estes quatrocentos não
devem ser identificados com os quatrocentos profetas de Baal sob as ordens de
Jezabel, os quais Elias já matara. Estes homens eram aparentemente profetas do
Senhor, o que deduzimos do desejo de Josafá de procurar o conselho deles. Mas
eles eram infiéis à sua vocação e prontos a torcer sua mensagem aos caprichos e
vontades do perverso rei. Eles disseram: Sobe, porque o Senhor a entregará
nas mãos do rei. Eles perceberam que esta era a mensagem que o rei mau
desejava ouvir, mas a certeza que tinham da vitória foi demasiado fácil no
entender de Josafá.
7. Disse, porém,
Josafá: Não há aqui ainda algum profeta do Senhor? O rei de Judá suspeitava justificadamente
da pronta e confiante declaração dos profetas. Por isso insistiu que se
buscasse o conselho de mau um profeta.
8. Há um ainda .
. . porém eu o aborreço . . . Este é Micaías, filho de Inlá. Micaías é a forma mais extensa de
Miquéias (não deve ser confundido com o profeta do tempo de Isaías, cujo livro
leva o seu nome). Josefo e os mestres rabinos supõem que Micaías seja o profeta
anônimo que condenou Acabe por libertar Ben-Hadade (20:35 e segs.). Acabe mesmo
declarou que odiava Micaías porque o profeta nunca profetizava nada de bom para
ele, apenas o mal. Disse Josafá: Não fale o rei assim. Assim o rei de
Judá rejeitou as objeções de Acabe e insistiu que Micaías fosse chamado.
10. O rei de
Israel e Josafá, rei de Judá, estavam assentados, cada um no seu trono,
vestidos de trajes reais. Antes
que Micaías chegasse houve um interlúdio muito interessante. Outro falso
profeta chamado Zedequias, filho de Quenaaná, apareceu para profetizar.
Exibindo dois chifres de ferro simbólicos, ele previu que os dois reis
empurrariam os sírios como se tivessem chifres, até derrotá-los completamente.
Este Zedequias deve, portanto, ser colocado entre os falsos profetas.
13. O mensageiro
que fora chamar a Micaías, falou-lhe, dizendo: ... fala o que é bom. Em nome da diplomacia e da boa-vontade,
mas obviamente não em nome da verdade, o mensageiro enviado a buscar Micaías
rogou-lhe que transmitisse a sua mensagem de conformidade com os outros; isto
é, que acabasse com a sua estabelecida reputação de ser o fornecedor de más
notícias e que ao menos uma vez dissesse palavras encorajadoras aos reis
aliados.
14. Respondeu
Micaías: Tão certo como vive o Senhor, o que o Senhor me disser isso falarei. Eis aqui um profeta acima de
considerações mercenárias, que não adaptava sua mensagem de acordo com a
situação. Ele transmitia a mensagem do Senhor, e só bso ele declarava. Este
profeta não se comprometeria como Zedequias e os outros tão prontamente
fizeram.
15. (O rei) lhe perguntou: Micaías, iremos
a Ramote de Gileade à peleja? O rei, com toda probabilidade, era Acabe, que
estava mais ou menos encarregado da proposta expedição. A mesma pergunta
apresentada aos outros foi feita a Micaías: Deviam ou não deviam prosseguir com
os planos da batalha? Sobe, e triunfarás. O tom da voz de Micaías e os
seus modos sem dúvida traíram o fato de estar ironizando - que pensava
exatamente no oposto do que dizia.
16. O rei lhe
disse: Quantas vezes te conjurarei? Percebendo claramente que Micaías falava com
sarcasmo, Acabe agora suplicou-lhe, sob juramento, que falasse a verdade. O
momento da brincadeira tinha passado; era hora de se falar com sobriedade.
17. Então ele
disse: Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor.
Um quadro de desespero, confusão e
tragédia. O pastor e líder, que era Acabe, estava para ser destruído e o povo
disperso (Ez. 34:5; Zc. 13:7). O significado da profecia de Micaías estava
clara: Desista de fazer guerra contra a Síria.
18. Não te disse
eu, que ele não profetiza . . . o que é bom? Assim, com atitude infantil, Acabe desprezou a sóbria
advertência do homem de Deus.
i) A Visão de Micaías. 22:19-28.
19. Vi o Senhor
assentado no seu trono. Por
um curto instante a cortina da eternidade foi levantada e Acabe teve permissão
de lançar os olhos sobre a cena. Ali Jeová estava majestosamente assentado, o
invisível Senhor da história. A mensagem do destino adverso já antes predita
pelo profeta Elias ia ser cumprida. Ambos os Testamentos ensinam que os
espíritos bons e maus estão sob a autoridade de Deus.
22. Serei
espírito mentiroso. O
método pelo qual Acabe seria enganado era através de um espírito mentiroso que
se apossaria dos profetas. Acabe daria ouvidos aos conselhos deles, não
atendendo ao profeta Micaías, para que o propósito divino se cumprisse.
23. O uso do
espírito mau deve ser considerado como feito pela vontade permissiva de Deus e
não por sua vontade direta. Devemos
nos lembrar que Acabe já tivera muitas oportunidades de conhecer a verdade
através de Elias, mas obstinadamente lhe resistira.
24. Zedequias ...
chegou, deu uma bofetada em Micaías. Zedequias, o falso profeta, esbofeteou
Micaías. Zedequias, o falso profeta, esbofeteou
Micaías, um ato grandemente insultuoso na opinião de todos os orientais.
25. Eis que o
verás naquele mesmo dia. Em
resposta ao insulto de Zedequias e insinuação de que Micaías era culpado de
tentar despertar o temor onde não existia motivo para isso, o profeta de Deus
rapidamente replicou que haveria de chegar logo o dia em que Zedequias e todos
os falsos profetas se esconderiam aterrorizados em um lugar secreto. Isto
aconteceria quando Israel fosse derrotado e Acabe estivesse morto. Então
Zedequias e todos os outros saberiam da verdade.
26. Então disse o
rei de Israel : Tomai a Micaías, e devolvei-o. Micaías, o verdadeiro profeta, foi preso então por
falar a verdade.
Apenas podemos
imaginar que alguém tenha se lembrado de libertá-lo quando o rei não voltou.
j) O Conselho do Senhor Desprezado. 22:29-33.
29. Subiram o rei
de Israel e Judá . . . a Ramote de Gileade. Apesar do conselho do profeta de Deus, os dois reis
preferiram seguir suas próprias inclinações.
30. Disse o rei
de Israel . . . Eu me disfarçarei. Apesar de sua aparente ousadia, Acabe secretamente
temia que Micaías estivesse falando a verdade. Por isso ele sugeriu que Josafá
vestisse suas roupas reais (talvez um uniforme especial), mas que ele mesmo se
vestisse como soldado comum. O bom Josafá não percebeu que estava sendo
envolvido em um logro um logro que quase lhe custou a vida.
31. Ora o rei da
Síria dera ordem. Acabe
não sabia que ele era alvo pessoal de Ben-Hadade e seus homens. O rei da Síria,
ao que parece, não se importava que outros escapassem com vida, contanto que o
rei de Israel fosse morto. À vista do fato de Acabe ter recentemente poupado a
vida de Ben-Hadade, isto não passava de grande ingratidão. Talvez Ben-Hadade
justificasse sua conduta com base no fato de Acabe estar violando um tratado de
paz, pois Acabe tinha recomeçado a guerra.
32. Vendo os
capitães dos carros a Josafá. Quando
os arqueiros perceberam as vestes reais, naturalmente concluíram que a pessoa
dentro delas era o Rei Acabe, seu alvo. Porém Josafá gritou. Talvez
pronunciasse uma rápida mas sincera oração de libertação.
33. De qualquer forma, os sírios perceberam
que ele não era o homem que procuravam e se afastaram.
k) A Morte de Acabe. 22:34-40.
34. Então um
homem entesou o arco e, atirando ao acaso. No hebraico, a expressão atirando ao acaso significa
em sua simplicidade, isto é, sem alvo específico. A probabilidade
matemática de que a flecha atingisse o alvo certo era extremamente pequena.
Contudo dirigida pelo juízo do Senhor, ela o acertou.
35,36. Embora ferido mortalmente, Acabe não
morreu imediatamente; resistiu à morte, sofrendo, enquanto a batalha prosseguia
furiosa.
37. Morto o rei
levaram-no a Samaria, onde o sepultaram. Jezabel seria comida pelos cães, mas Acabe, por causa
de seu arrependimento temporário, teve um sepultamento honroso. Para um judeu,
o pior dos castigos era não receber sepultamento.
38. Quando
lavaram o carro (quando
lavaram sua armadura, AV). Esta cláusula apresenta um problema de texto,
uma vez que a forma consonantal hebraica dá lugar à tradução: e as
prostitutas se lavavam ali. Embora possa se argumentar que a melhor
tradução é a primeira, vamos nos lembrar que na lei mosaica cachorros e
prostitutas eram colocados na mesma categoria. Os cães vieram lamber o sangue
de Acabe; as prostitutas vinham se lavar. Talvez houvesse uma maldição dupla
para mostrar o extremo desprazer de Deus contra um homem que assim desprezara a
Sua palavra.
39. A casa de
marfim que construiu. Através
de investigações arqueológicas, o palácio de marfim de Acabe veio à luz em
Samaria. Os restos desta estrutura revelam que as paredes eram revestidas com
mármore branco, dando a impressão de marfim. Além disso, são numerosas as
placas, painéis e peças de mobiliário enfeitadas com marfim. Assim, num duplo
sentido o palácio de Acabe pode ser chamado de “casa de marfim”.
40. Assim
descansou Acabe com seus pais; e Acazias . . . reinou. Acazias substituiu seu pai no trono de
Israel.
4) Judá sob o governo de Josafá. 22:41-50.
41. E Josafá . .
. começou a reinar sobre Judá. Com
este e os versículos seguintes temos um pequeno resumo do reinado de Josafá.
Três fatos principais se destacam: foi co-regente com seu pai Asa; foi sob
quase todos os aspectos um homem temente a Deus; seu maior erro foi ter-se
aliado com Acabe de Israel (II Cr. 17:1 - 21:1).
5) Israel sob o governo de Acazias e
Jorão. I Reis 22:51 - II Reis 1:1
O Reinado de
Acazias. 22:51 - 1:1.
51-53. Acazias . . .
começou a reinar sobre Israel. O reinado de Acazias (853-852 A.C.), apesar de
sua brevidade, foi caracterizado por extrema iniqüidade. O novo rei foi muito
diferente do seu contemporâneo no sul. Uma rápida aliança foi feita entre os
dois, a qual foi logo em seguida dissolvida quando os navios de Josafá foram
quebrados em Eziom-Geber por causa do desprazer do Senhor (cons. II Cr. 20:37).
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