Interpretação de 1 Reis 13
1 Reis 13
2) O Reino de Jeroboão I e a Sua Morte. 13:1 - 14:20.
1 Reis 13
a) Pronunciamento do Divino Julgamento. 13:1-10.
1. Eis que por
ordem do Senhor veio de Judá . . . um homem de Deus. Um profeta anônimo, com apenas este
simples título, um homem de Deus, veio de Judá a Betel, um dos dois
centros de adoração do bezerro de Jeroboão, para administrar uma repreensão
ferina e para anunciar o seu fim.
2. Eis que um
filho nascerá, cujo nome será Josias. Este é um dos mais notáveis exemplos de profecia do
V.T. demonstrando a onisciência de Deus. Esta profecia vincula-se à de Isaías
em relação a Ciro (Is. 45:1 e segs.). Sendo tão notável, os críticos bíblicos “liberais”
têm tentado reduzi-la à uma declaração ad hoc. Contudo, considerar isto
como uma inserção histórica, feita após o período do Rei Josias, é deixar de
compreender totalmente o verdadeiro caráter da profecia. Com referência ao
notável cumprimento desta predição veja II Reis 23:15-20.
3. Deu . . . um
sinal. A rachadura do altar pode ser considerada
como confirmação do pronunciamento profético. Parece que houve uma manifestação
do desagrado divino imediatamente e a longo prazo.
4. Tendo o rei
ouvido as palavras . . . estendeu a mão. Tomado de ira, Jeroboão estendeu sua mão a fim de
ordenar a prisão do profeta. Antes que a perversa ordem pudesse ser executada,
entretanto, a mão do rei recuou, isto é, ficou paralisada de maneira que não
pode mais abaixá-la. O vingativo rei clamou agora por misericórdia (v. 6). Em
resposta à oração do profeta, a mão de Jeroboão foi restaurada.
7. Vem comigo à
casa. O convite de Jeroboão talvez tivesse a
intenção de servir a dois propósitos: podia ser uma espécie de pedido de
desculpas pela tentativa de prisão; e podia ser um expediente para desfazer ou
pelo menos abrandar o juízo pronunciado sobre a casa real.
8. Ainda que me
desses metade da tua casa, não iria contigo. Fiel às instruções divinas, o profeta declinou do
convite com base na expressa proibição recebida de não comer pão nem beber água
em Betel. Tal intercâmbio social poderia muito bem ter criado a impressão na
mente do povo de que o juízo enunciado pelo profeta já fora desviado, ou pelo
menos diminuído.
10. E se foi por
outro caminho. Agora o profeta
buscou o caminho de volta para casa. Até aqui agiu em estrita obediência à
ordem divina.
b) Sedução do Homem de Deus pelo Velho Profeta.
13:11-32.
11-14. Morava em
Betel um profeta velho. O que
o rei, com toda sua riqueza, fama e glória não conseguiu realizar na vida do
homem de Deus, um crente obviamente sem “a mente do Espírito” foi capaz de
fazer. Os filhos do velho profeta de Betel contaram ao pai a profecia que fora
feita contra Jeroboão. Agindo de acordo com a notícia, o velho profeta saiu à
procura do homem de Deus e o encontrou sob o carvalho ou terebinto.
15. Vem comigo a
casa, e come pão. Os
orientais são conhecidos por sua hospitalidade muito mais destacada que a dos
seus irmãos ocidentais. Além de desejar demonstrar hospitalidade, talvez o
velho profeta quisesse saber mais exatamente sobre a maravilhosa e incomum
profecia.
16. Não posso
voltar contigo, nem entrarei contigo. Conforme o profeta declinou do convite de Jeroboão,
também recusou agora o convite deste seu colega com base na proibição divina
(v. 17).
18. Também eu sou
profeta como tu, e um anjo me falou . . . (Porém mentiu-lhe.) O profeta de Betel fingiu que tinha
recebido ordens divinas revogando aquelas anteriormente dadas ao jovem profeta.
19. Então voltou
ele. Ele desobedeceu a ordem divina. Uma lição
prática que podemos extrair é que o conselho de outros homens, mesmo que sejam
amigos cristãos, não devem substituir o explícito chamado ao dever que há em
nossos corações.
20. Estando eles
à mesa. O profeta que estivera pronto a assumir o
papel de tentador, agora, por instância divina, assumiu o dificílimo papel de
anunciar o castigo. A penalidade do profeta por causa da desobediência era a
morte. Essa profecia realizou-se quase imediatamente.
24. Foi-se, pois,
e um leão o encontrou no caminho. Leões ainda continuam errando pelas florestas à volta
de Betel e de vez em quando aproximam-se de um viajante incauto. Entretanto,
para que se soubesse que este era realmente um juízo; sobrenatural e não
simplesmente um acidente infeliz, o leão, depois de matar o profeta, não
molestou nem estraçalhou o seu corpo, nem mesmo matou o dócil jumento sobre o
qual o profeta montava, mas calmamente ficou de guarda como se fosse por ordem
divina.
26. É o homem de
Deus, que foi rebelde à palavra do Senhor. Embora o profeta mentiroso não sofresse castigo
físico, sua consciência deve tê-lo maltratado severamente quando compreendeu
que fora o culpado da morte de um homem, insistindo com ele que trilhasse o
caminho da desobediência.
28. Ele se foi e
achou o cadáver atirado no caminho. O caráter sobrenatural da história está visível
através dela toda. Estamos acostumados a pensar em milagres como atos ou sinais
de grande curas ou benefícios, mas devemos nos lembrar que existem milagres de
disciplina também.
29-32. Então o
profeta levantou o cadáver do homem de Deus. O corpo do profeta desobediente não devia ser
abandonado, mas tinha de receber honroso sepultamento. A última homenagem que
um profeta de Deus poderia prestar a outro foi assim tocantemente realizada.
Com amargas lamentações o velho profeta de Betel baixou seu irmão profeta em
sua sepultura. Talvez uma dupla fonte de tristeza possa ser percebida aqui: 1)
Ele tinha contribuído para a morte do primeiro profeta, embora talvez de todo
involuntariamente, 2) Naquele tempo a nação não podia sacrificar nenhum dos
seus homens piedosos. O velho profeta, com a cabeça baixa, lamentou não apenas
o destino cruel de seu companheiro, mas também o miserável estado do reino
dividido. Ele reconheceu que as palavras proferidas pelo falecido profeta se
cumpririam no devido tempo.
c) A Persistência de Jeroboão no Mal. 13:33, 34.
33. Depois dessas
coisas, Jeroboão ainda ao deixou o seu mau caminho. Estes acontecimentos estranhos e
nefastos, terríveis como eram, não detiveram o rei nos caminhos maus que ele
escolhera. Ele repetiu, em vez de se arrepender, os três pecados iniciais que
no começo deram início ao declínio espiritual do reino do norte.
34.
Isso se tornou em pecado à casa de Jeroboão, para destruí-la. A
causa espiritual original do declínio e queda final da casa de Jeroboão está
aqui. Diversas condições políticas e sociais, e até mesmo relações
internacionais, poderiam ser citadas como razão para a destruição da linhagem
de Jeroboão. Contudo, a destruição brotou diretamente da desobediência do rei
às ordens do Santo Deus. Portanto, julgamos em erro aqueles mestres que tentam
desculpar, se não defender, a adoração dos bezerros de Jeroboão com a afirmação
de que eram uma simples adoração do verdadeiro Deus de Israel sob outro
aspecto.