Interpretação de 1 Reis 20
1 Reis 20
3) Últimos Anos do Reinado de Acabe e Sua Morte. 20:1
- 22:40.
1 Reis 20
a) A Guerra com a Síria – O Cerco de Samaria.
20:1-21.
1. Ben-Hadade,
rei da Síria, ajuntou todo o seu exército. Ben-Hadade. Mais um título do que um nome próprio.
Ben-Hadade I, retornando a luta contra Israel, resolveu agora cercar a capital
de Samaria.
2. Enviou
mensageiros . . . a Acabe. Ofereceu
condições para a paz que se comprovaram ser inteiramente inaceitáveis para
Israel.
3. Em primeiro lugar Ben-Hadade exigia as
esposas e os filhos de Acabe, sua prata e seu ouro. Acabe relutantemente
concordou em render-se. Então Ben-Hadade ampliou suas exigências descabidas.
6. Declarou que enviaria também seus servos
para esquadrinhar a casa particular do rei e tirar tudo o que desejassem. Acabe
respondeu com uma nota diplomática entremeada de termos de cortesia oriental,
mas rejeitando suas exigências.
7. Então o rei
de Israel chamou a todos os anciãos. O rei declarou-lhes as exigências
injustas do opressor sírio, Ben-Hadade. Tiveram de enfrentar um dilema: 1)
Recusar essas exigências injustas e prolongar assim o cerco? Ou 2) concordar e
permitir que esse bandido, que se intitulava rei, pilhasse sua cidade?
8. Todos os
anciãos. . . lhe disseram : Não lhe dês ouvidos. Os representantes do povo ficaram com o rei na sua
decisão.
9. Pelo que disse
aos mensageiros de Ben-Hadade: Dizei ao rei, meu senhor. Usando a linguagem respeitosa de um hábil
diplomata, Acabe rejeitou os termos da rendição.
10. Façam os
deuses como lhes aprouver. A
arrogante jactância do monarca sírio declarava que havia mais soldados armados
com ele do que punhados de terra em Samaria – um exagero oriental para falar do
número de soldados liderados por ele e pelos trinta e dois reis (v. 1; nada
mais especificado), seus aliados.
11. Não se gabe
quem se cinge como aquele que vitorioso se descinge. Um ditado oriental que significa: Que
aquele que começa uma luta não se vanglorie prematuramente da vitória.
12. Tendo
Ben-Hadade ouvido esta resposta, quando bebiam . . . disse . . . Ponde-vos de
prontidão. A embriaguez
costuma geralmente criar um falso sentimento de confiança, conforme se vê na
atitude de Ben-Hadade. Nas tendas, as barracas dos soldados sírios. De
prontidão. Tomem suas posições (RSV). Ataquem (Berkeley).
Assim Ben-Hadade deu ordens para se começar a batalha.
13. Eis que um
profeta se chegou a Acabe. O
profeta, anônimo, dirigiu a atenção de Acabe para a grande multidão que se lhe
defrontava, não contudo para desencorajá-lo, mas para incentivá-lo. Pois
hoje a entregarei nas tuas mãos. Esta surpreendente promessa de livramento
divino baseava-se não sobre a fidelidade de Acabe, mas simplesmente no cuidado
amoroso que Deus tinha por Seu povo.
14. Depois de ficar sabendo que poderia
dirigir a batalha, Acabe convocou o exército, cerca de 7.000 homens.
16. Então, ao meio-dia, ele atacou
estrategicamente, durante o tradicional período de repouso, quando Ben-Hadade e
seus aliados estavam bebendo em suas tendas. Com este ataque de surpresa, Acabe
lançou a confusão dentro do exército sírio e o pôs em debandada.
20. Ben-Hadade fugiu no seu cavalo. Mas seu
exército foi dizimado.
b) A Advertência do Profeta. 20:22-30.
22. Então o
profeta se chegou ao rei. Deus
advertiu Acabe de que por mais brilhante que fosse a vitória, não fora o fim da
luta. Ben-Hadade voltaria.
23. Seus deuses
são deuses dos montes. Essas
palavras traem a falta de conhecimento que os sírios tinham da onipresença de
Deus. As divindades sírias eram deuses do vale; por isso os servos de
Ben-Hadade sugeriram que deviam recomeçar o conflito no vale. Esta insinuação
sobre os “deuses” de Israel seria severamente corrigida nas mentes dos sírios
pelo próprio Jeová (v. 28).
26. Decorrido um
ano, Ben-Hadade passou revista aos sírios. Sem dúvida foi no começo da primavera que a luta foi
renovada. Afeque. Hebraico, uma fortaleza. Há pelo menos quatro
lugares que receberam o nome de Afeque. Parece que esta era uma cidade
sobre o planalto a leste do Mar da Galiléia, onde Ben-Hadade teve o seu
encontro com a fatalidade.
28. Chegou um
homem de Deus. Tendo os -sírios
pensado que o Deus de Israel limitava-se às colinas, tiveram de aprender que o
poder de Jeová se encontra por toda parte.
29. Sete dias
estiveram acampados uns defronte dos outros. Não sabermos o motivo exato da delonga. Talvez
estivessem analisando a posição um do outro por meio de espias. No sétimo dia
as hostilidades começaram. Foram os sírios – para surpresa sua – e não os
israelitas que foram derrotados e arrasados. Ben-Hadade escapou e escondeu-se
em uma sala secreta de sua cidade.
c) Ben-Hadade Poupado por Acabe. 20:31-34.
31. Eis que temos
ouvido que os reis . . . de Israel são reis dementes. Nas guerras orientais, a vitória não
estava completa até que o líder, neste caso Ben-Hadade, fosse executado. Os
servos de Ben-Hadade aconselharam-no a apelar para a misericórdia de Acabe.
Deve-se notar que a misericórdia dos reis de Israel era maior do que a dos reis
das nações inimigas ao redor.
32. Então se
cingiram com sacos pelos lombos. Sacos e cordas eram sinais de submissão penitente.
Lisonjeado com o elogio dos sírios, Acabe consentiu que Ben-Hadade ficasse
vivo. É meu irmão. Estas palavras dão a entender uma disposição de fazer
uma aliança.
33. Aqueles
homens tomaram isto por presságio, valeram-se logo dessa palavra. Treinados na técnica de discernir os
caprichos da vontade real, os servos consideraram a incerteza de Acabe como bom
presságio e rapidamente se agarraram a ela. Assim Acabe se obrigou por meio de
um juramento de salvar a vida de Ben-Hadade. Isto não foi apenas a maior das
injustiças para com seus próprios súditos mas oposição declarada a Deus, que
previna a vitória e entregara o inimigo em suas mãos (Keil e Delitzsch, pág.
267).
34. As cidades
que meu pai tomou . . . eu tas restituirá. Em lugar de aproveitar a oportunidade de esmagar a
Síria de uma vez por todas, Acabe permitiu que Ben-Hadade, dentro dos termos
deste acordo, partisse em paz. Fez com ele afiança e o despediu. Sem dúvida
Acabe poupou a Síria para que servisse de pára-choque entre Israel e o
crescente poder da Assíria.
d) A Reprimenda do Profeta. 20:35-43.
35. Então um dos
discípulos dos profetas disse. A
instituição das escolas dos profetas já era coisa bem estabelecida em Israel
naquele tempo. Esmurra-me; mas o homem recusou fazê-lo. O profeta queria
transmitir um sermão de repreensão por meio de uma parábola. Por isso pediu a
seu companheiro que o esmurrasse. O outro profeta, entretanto, recusou-se a
fazê-lo e foi, por castigo, morto por um leão (v. 36).
37. O profeta
pediu a outro companheiro que o esmurrasse. Dessa vez o pedido foi atendido; o terceiro profeta
esmurrou o primeiro e o feriu.
38. Então se foi
o profeta, e se pôs no caminho do rei. Disfarçado, o profeta aguardou que o rei passasse a
fim de lhe transmitir uma mensagem de censura vinda do Senhor.
39. Ao passar o
rei, gritou e disse. Em
uma forma parabólica, o profeta apresentou agora uma situação hipotética, a
qual Acabe, não reconhecendo a identidade do profeta, aceitou como verdadeira.
O profeta disse que um soldado de Israel lhe entregara um prisioneiro de guerra
com a recomendação de que se o prisioneiro fugisse, ele, o soldado imaginário,
daria a sua própria vida ou um talento de prata (US$ 2,000).
40. Quase sem
hesitação. Acabe apresentou
o veredito de culpado e disse ao profeta disfarçado que ele devia escolher
entre as duas alternativas.
41. Então se
apressou, e tirou a venda de sobre os seus olhos. Sendo removido o disfarce, Acabe reconheceu no “soldado”
o profeta de Deus. O profeta agora voltou o veredito de Acabe contra o próprio
rei. O prisioneiro de guerra entregue em suas mãos fora Ben-Hadade. Tal como
rei julgara o “soldado” negligente em deixar o prisioneiro escapar, assim o
profeta condenava o rei com a mesma acusação.
42. Assim diz o
Senhor: Porquanto soltaste da mão o homem que eu havia condenado. Este versículo não foi escrito para
ensinar moral cristã em situações envolvendo prisioneiros de guerra. Antes o
princípio espiritual apresentado é que os crentes não devem tolerar, nem mesmo
em nome da misericórdia, as forças de Satanás. Estivera no poder de Acabe dar
um fim na luta de vida e morte entre a Síria e Israel. Agora, com a liberdade
de Ben-Hadade, a luta continuaria, com resultados desastrosos.
43.
Foi-se o rei de Israel para sua casa, desgostoso e indignado. Acabe
retirou-se para Samaria truculento e melancólico. Ai daquele que, mesmo
inocente, cruzasse o escuro caminho de Acabe, conforme vemos no capítulo 21.