Interpretação de 1 Reis 12

Interpretação de 1 Reis 12

Interpretação de 1 Reis 12

1 Reis 12


II. O Reino Dividido, desde Roboão até a Queda de Israel.
I Reis 12:1 – II Reis 17:41.
A. Começo do Antagonismo entre Israel e Judá desde Jeroboão
até Onri. 12:1 - 16:28.
1 Reis 12
1) A Ruptura do Reino. 12:1-33.
a) A Petição dos Insatisfeitos. 12:1-20. A causa natural imediata para a iminente ruptura do reino foi os impostos pesados cobrados por causa das grandes despesas feitas por Salomão (cons. II Cr. 10). A causa invisível foi a disciplina divina.
1. Foi Roboão a Siquém, porque todo o Israel se reuniu lá, para o fazer rei. Roboão, que é o único filho de Salomão mencionado nas Escrituras, sem dúvida foi indicado por seu pai para a sucessão. Siquém. Uma cidade em Efraim, mais do que a capital, era um ponto de reunião.
2. Tendo Jeroboão ouvido isso. Sem dúvida foi por intermédio de espiões que Jeroboão, que se encontrava no exílio no Egito (11:40), ouviu da iminente coroação de Roboão. Logo em seguida, retornou apressadamente a Israel em busca do reino. À sua chegada, o povo fez dele seu porta-voz para transmitir suas muitas e variadas queixas. O povo pediu ao novo rei que aliviasse seu fardo.
4. Teu pai fez pesado o nosso fardo. Sem dúvida este é um resumo da petição do povo, dado em sua essência. A petição era principalmente pelo alívio do fardo econômico, mas talvez também tivesse em vista a opressão política e social.
5. Ele lhes respondeu: Ide-vos, e, após três dias, voltai. O pedido do rei para que tivesse tempo para pensar sobre a petição parecia razoável. Mas do que se segue, parece-nos que o veredito já estava determinado.
6. Tomou o rei Roboão conselho com os homem idosos. Os anciãos da corte aconselharam Roboão a falar com diplomacia, admitindo a validade das queixas e prometendo uma reforma no devido tempo.
8. Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado, e tomou conselho com os jovens. O conselho dos jovens conselheiros de Roboão foi exatamente o inverso do proposto pelos homens mais velhos e mais sábios.
10. Assim falarás a este povo. Seu conselho foi que tomasse uma atitude ameaçadora, anti-diplomática, para mostrar ao povo que ele conhecia as conspirações que se faziam às suas costas, advertindo-o que qualquer queixa seria considerada ato de traição.
14. Açoites . . . escorpiões. Um “açoite” era uma tira lisa de couro. Um “escorpião” era um açoite com pontas farpadas ou pedacinhos de metal embutidos. A linguagem foi altamente insultante. Além de Roboão ameaçar o povo com fardos mais pesados do que já tinham conhecido, deu a entender que pretendia tratá-lo como a uma nação de escravos. Deve-se acrescentar em defesa de Roboão que o tratamento que dispensou ao remanescente fiel da casa de Davi foi muito mais moderado do que suas palavras sugeriram. Esta atitude, contudo, o povo não podia prover, e assim a brecha se tornou intransponível.
15. O rei, pois, não deu ouvidos ao povo. O motivo oculto está na cláusula seguinte: Porque este acontecimento vinha do Senhor. As palavras do profeta Aías referentes à divisão do reino tinham de se cumprir. Os decretos de Deus, embora tenham sua origem na eternidade, atingem o seu ponto alto na história.
16. Que parte temos nós com Davi? Assim a soberania da casa de Davi foi repudiada pela maioria de Israel. Com estas palavras, eles voltaram as costas a sua herança para buscar novos caminhos com seu recém escolhido líder, Jeroboão, o filho de Nebate.
17. Quanto aos filhos de Israel, porém, que habitavam nas cidades de Judá, sobre eles reinou Roboão. Em cumprimento á promessa divina que Davi teria “sempre uma lâmpada . . . em Jerusalém” (11:36), os hebreus do sul que habitavam na Judéia permaneceram fiéis, enquanto os do norte foram por um caminho separado. A tentativa de Roboão de exercer poderes ditatoriais fracassou.
18. Então o rei Roboão enviou a Adorão . . . porém todo o Israel o apedrejou. Não percebendo claramente que a brecha entre as duas nações era final e decisiva, Roboão ingenuamente enviou Adorão, seu oficial, para recrutar trabalhadores em Israel. A reação do povo de Jeroboão foi rápida e terrível: o infeliz superintendente foi mono. O rei Roboão conseguiu tomar o seu carro. Parece que o próprio Roboão quase não escapava do mesmo destino.

b) Guerra Civil Afastada. 12: 21-24.
21. Roboão . . . reuniu . . . cento e oitenta mil . . . destros para guerra. Roboão pensava invadir as tribos do norte para torná-las novamente sujeitas ao seu governo. Somaras, o profeta, interveio com uma mensagem divina insistindo com ele a que não fosse para a guerra e declarando que tal curso de ação só acabaria com a sua derrota. Para crédito seu, desta vez ele obedeceu à voz do Senhor e dispensou o exército.

c) Estabelecido o Reino do Norte. 12:25-32.
25. Jeroboão edificou Siquém na região montanhosa de Efraim. Nesta passagem descobrimos, que passos preliminares Jeroboão tomou para estabelecer seu novo reino. Escolheu Siquém para sua capital. Na verdade, três capitais existiram no norte - primeiro Siquém, depois Tirza e mais tarde Samaria, que finalmente veio a ser a capital permanente.
26. Disse Jeroboão consigo: Agora tomai o reino para a casa de Davi. Este pode ser considerado como o primeiro ato de infidelidade de Jeroboão contra Jeová. Ele já tinha recebido confirmação de que o Senhor lhe edificaria uma casa firme. Mas, não confiando na palavra de Deus, recorreu a esta medida de apostasia religiosa – a separação religiosa e política dos dois reinos.
28. Pelo que o rei, tendo tomado conselhos, fez dois bezerros de ouro. Dois bezerros (bois de ouro), em substituição aos querubins no propiciatório. Embora Jeroboão não tivesse talvez a intenção de estabelecer uma verdadeira idolatria, preparou o ambiente para o declínio espiritual. W.F. Albright (From the Stone Age to Christianity, pág. 299) desenvolve uma boa teoria, com provas arqueológicas, afirmando que os bezerros de ouro não eram realmente imagens de Jeová, mas formavam o pedestal visível sobre o qual o invisível deus de Israel permanecia. Mas mesmo tal uso de imagens era um retrocesso à idolatria dos cananeus ou do Egito, e foi inteiramente condenado pelos profetas Oséias e Amós (Os. 8:5, 6; 13:2, 3).
30. E isso se tornou em pecado. Mesmo que se deva insistir, em defesa do argumento, que Jeroboão erigiu esses bezerros em honra a Jeová, ainda nos parece evidente que, no que diz respeito ao povo, as imagens rapidamente se transformaram em ídolos.
31. Jeroboão fez também santuários nos altos e, dentre o povo, constituiu sacerdotes. O segundo passo dado por Jeroboão para enfraquecer os laços religiosos entre o Israel do norte e do sul foi infiltrar homens que não eram levitas dentro do sacerdócio. A lei mosaica especificava que ninguém que não fosse dessa tribo poderia receber as santas ordenanças.
32. Fez uma festa no oitavo mês. Era na realidade a Festa dos Tabernáculos, a qual de acordo com a Lei devia ser realizada no sétimo mês (Lv. 23:24 e segs.). Jeroboão mudou-a para o oitavo mês. Essas três medidas enfraqueceram os laços entre as tribos e alargaram o abismo religioso. 


Índice: 1 Reis 1 1 Reis 2 1 Reis 3 1 Reis 4 1 Reis 5 1 Reis 6 1 Reis 7 1 Reis 8 1 Reis 9 1 Reis 10 1 Reis 11 1 Reis 12 1 Reis 13 1 Reis 14 1 Reis 15 1 Reis 16 1 Reis 17 1 Reis 18 1 Reis 19 1 Reis 20 1 Reis 21 1 Reis 22