Interpretação de 1 Reis 6
1 Reis 6
2) A Construção do Templo. 6:1-38.
a) Introdução. 6:1 .
1. No ano de
quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito... no
quinto ano do seu reinado. Esta
introdução, conforme concordam os mestres, apresenta um dos problemas mais
cruciais da cronologia do V.T. O trabalho propriamente dito da construção do
Templo, diz-se que começou 480 anos depois do Êxodo. Isto mexe com o espinhoso
problema da data do Êxodo. Há dois sistemas principais de datar este
acontecimento, um deles dando-lhe uma data precoce, o outro datando-o mais
tardiamente. Para se empregar números redondos a bem da conveniência, o
primeiro sistema data a saída do Egito em cerca de 1440 A.C., enquanto que o
segundo sistema o data de cerca de 1250-1225 A.C., ou perto de dois séculos
mais tarde. A data precoce está em substancial concordância com Gn. 15:13; Êx.
12:40, 41 e Jz. 11:26, onde Jefté indica que Israel já estava há 300 anos em
Canaã.
Salomão subiu ao
trono em cerca de 963 A.C. O quarto ano do seu reinado, no qual ele começou a
construir o Templo, foi provavelmente em cerca de 959 A.C. Este versículo deve
ser entendido favorecendo a data precoce do Êxodo. A cidade de Ramessés (Êx.
1:11), que se diz ter sido construída para Faraó pelos filhos de Israel, deve então
ser considerada como um nome dado mais tarde a antiga cidade de Zoã ou Avaris.
A entrada dos patriarcas no Egito seria em cerca de 1870 A.C., uma data que
permite conceder os 400 anos no Egito. O Faraó do Êxodo pode então ser
identificado com Amenhotep II, que começou a reinar em cerca de 1447 A.C. Há
evidências de que seu irmão mais velho tenha morrido sem suceder ao pai. Parece
que, à luz dos conhecimentos atuais, a data precoce é aquela que deve ser
preferida. Deve-se destacar que, nesta base, a data que Garstang dá à queda de
Jericó, em cerca de 1400 A.C., torna-se provável. No mês de Zive (este
é o mês segundo). Mais tarde foi chamado Iyyar, o mês das flores, o nosso
mês de Maio.
b) Plano Geral e Medidas do Templo. 6: 2-10.
Chegamos a uma
descrição bastante detalhada da construção do Templo.
2. A casa ... era
de sessenta côvados de comprimento. Em medidas modernas este edifício tinha 27,43ms de
comprimento, 9,14ms de largura e 13,72ms de altura. Além disso, havia um
terraço que acrescentava mais 9,14ms ao comprimento.
4. Para a casa
fez janelas. As janelas, ou molduras,
apresentam uma ligeira dificuldade. Pensa-se que eram fixas na estrutura e
projetadas para deixarem entrar o ar e a luz, mas não podiam ser abaixadas ou
levantadas como as nossas janelas.
5. Conta a parede
da casa ... edificou andares. Hebraico
yasiw’a; E.R.C., câmaras. Deve-se entender que eram salas ou
celas laterais, reservadas para os sacerdotes.
6. O andar de
baixo tinha circo côvados de largura. (E.R.C., câmara). A cela inferior tinha 2,29ms
de largura, a do meio 2,74ms, e a de cima 3,20 ms. Um edifício com três andares
ligados com escadas é o que está aqui esboçado.
7. Edificava-se a
casa com pedras já preparadas nas pedreiras. As pedras eram preparadas nas pedreiras para que
nenhuma ferramenta ou peça de ferro fosse preciso usar na construção do
edifício. Sabe-se que Salomão possuía uma pedreira nos arredores de Jerusalém.
8. A porta da
câmara do meio do andar térreo estava à banda sul da casa. À ... direita da
casa (E.R.C.). Havia uma entrada principal
para os aposentos laterais dos sacerdotes.
c) Deus dá ordens a Salomão. 6:11-13.
11. Então veio a
palavra do Senhor a Salomão. Novamente
o Senhor reafirmou sua aliança condicional com Salomão: isto é, se o rei
obedecesse aos mandamentos divinos, Deus confirmaria a aliança davídica e
honraria a casa de Salomão manifestando Sua própria augusta presença ali. Que
essa promessa foi realmente condicional ficou demonstrado pela subseqüente
história de Judá na época da divisão do reino (cap. 12). Quanto ao Templo
propriamente dito, foi destruído em 586 A.C. pelo exército da Babilônia (II
Reis 25:8, 9).
d) O Acabamento e a Ornamentação do Templo. 6:14-38.
14. Assim
edificou Salomão a casa, e a rematou. O Templo foi construído de pedra, recoberto com
madeira de cedro. Uma das críticas dirigidas contra o V.T. é a afirmação de que
estruturas tão complexas não eram conhecidas no tempo de Salomão. Contudo,
descobrimentos da arqueologia feitos em Megido, lançaram luz sobre o problema.
Escavações feitas pela Universidade de Chicago descobriram fragmentos de
tijolos de barro junto com cinzas de madeira da superestrutura de um grande
edifício da era salomônica. Um pedaço de madeira queimada dessas relíquias foi
submetido à análise química e descobriu-se que era cedro. A prova indicava que
a superestrutura fora construída com um tipo de estrutura onde se combinavam a
madeira e a pedra, semelhante a dos átrios de Salomão, que eram feitos de
fileiras de pedras lavradas com vigas de cedro. Este tipo de construção
julga-se ser de origem hitita (veja J.P. Free, Archaeology and Bible History,
pág. 168). Os detalhes a seguir devem ser considerados como descrição detalhada
da casa já depois de pronta.
16. Da mesma
sorte revestiu também os vinte côvados dos fundos da casa. A sala dos fundos da casa foi chamada
aqui de santuário, ou Santo dos Santos. Tinha 9,14ms (vinte côvados) de
comprimento, 9,14ms de largura e 9,14ms de altura (6:20). Assim todo o edifício
do Templo continha duas salas principais 1) o Santo dos Santos e 2) o Lugar
Santo diante daquele, com 18,28ms de comprimento (6:17), reminiscência do
arranjo do Tabernáculo. Portas corrediças separando as duas salas substituíram
a antiga cortina (6:31, 32).
18. O cedro da
casa por dentro. Do
chão ao teto, todo o interior do Templo era coberto com tábuas de cipreste, de
modo que a estrutura de pedra ficava escondida. A decoração desta seção do
Templo, que consistia de madeira de cedro esculpida em desenhos de colocíntidas
e flores desabrochadas, devia ser muito linda.
19. No mais
interior da casa preparou o Santo dos Santos. Oráculo (E.R.C.) é uma designação técnica para a
arca da aliança e para a sala ou aposento que a continha.
23. No Santo dos
Santos fez dois querubins de madeira de oliveira. Neste edifício Salomão executou o antigo plano geral
do Tabernáculo. Ele introduziu novas figuras de querubins que cobriam a arca.
Esses querubins foram feitos de madeira de oliveira recobertos de ouro e tinham
4,57ms de altura. Suas asas, cada uma com 2,28ms de largura, formavam um arco
por cima da arca. As dimensões da arca não foram registradas aqui, mas veja Êx.
25:10, 11.
29. Nas paredes
todas . . . lavrou . . . entalhes. Os entalhes representavam figuras de anjos, palmeiras
e flores desabrochadas. No átrio externo foi colocado o grande altar das
ofertas queimadas, as bacias e o mar de bronze.
31. Para a
entrada do Santo dos Santos fez folhas (portas) de madeira de oliveira. Parece que
eram portas corrediças. Foram decoradas com as mesmas figuras esculpidas das
paredes. A entrada do Templo propriamente dito era flanqueado com ombreiras de
madeira de oliveira e duas portas decoradas combinando com as que estavam entre
o Lugar Santo e o Santo dos Santos.
37,
38. Estes versículos dão as datas do começo da casa e do
seu término, um período que foi de sete anos, do quarto ao décimo primeiro ano
do reinado de Salomão. Foi um período comparativamente curto para um edifício
de estrutura tão magnífica. Deve-se lembrar que: 1) grande parte dos preparativos
foram feitos antes do período de Salomão; 2) o edifício embora grandemente
ornado era comparativamente pequeno; 3) foram muitas as pessoas empregadas na
tarefa. O autor não vê nenhuma censura implícita na declaração de que Salomão
levou treze anos para construir a sua própria casa, mas apenas uma declaração
de fato.