Estudo sobre Hebreus 1:4

Estudo sobre Hebreus 1:4


Tendo-se tornado tão superior (“poderoso”) aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. Quando Deus instituiu Jesus Cristo como soberano mundial ele também decidiu sobre o relacionamento do Filho com os anjos. Jesus é “melhor”, i. é, superior aos anjos. Seu poder é maior que o deles. Os anjos estão subordinados ao Filho. Como no AT, assim também no NT o nome expressa a essência e a dignidade de uma pessoa. Na exaltação do Filho de Deus torna-se claro que ele obteve um nome melhor que os anjos: Jesus Cristo, o mediador da criação e mantenedor do mundo, abandonou a glória de Deus. – Morreu na cruz para redimir os pecados. – Deus o exaltou e lhe concedeu um nome incomparavelmente sublime. O prefácio de Hb contém a mesma mensagem que Paulo transmite à igreja em Filipos, o assim chamado “salmo cristológico” de Fp 2.5ss. Ali se declara: Jesus Cristo tornou-se ser humano e morreu obediente na cruz. “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11). Em virtude da palavra do anjo a Maria e José, o Senhor recebeu já no oitavo dia de vida, por ocasião da circuncisão, o nome de “Jesus”. Depois de sua morte e ressurreição, o maravilhoso poder desse nome tornou-se manifesto por meio dos apóstolos. O novo nome, porém, que Jesus Cristo recebeu com sua exaltação, é o nome “Senhor” (em grego: kýrios), que no at cabe exclusivamente ao Deus vivo64. Dessa maneira lhe são atribuídos o poder e a glória insuperáveis de Deus. O fato de que Jesus Cristo, o Filho de Deus desde a eternidade, foi incumbido, em sua exaltação, com toda a plenitude de poder de Deus, serve ao mesmo tempo à confirmação do nome do Filho perante poderes terrenos e celestiais, dando a Cristo a superioridade incomparável. Ele de fato é Filho, Deus e Senhor, assim como destacam singularmente as citações do AT nos v. 5,8,10.


Deus falou – desde os primórdios da história da humanidade e da salvação. “Fala o Poderoso, o Senhor Deus, e chama a terra desde o Levante até ao Poente” (Sl 50.1). Todas as múltiplas formas de revelação de Deus – na natureza, na história e na consciência – condensam-se na história de Israel: aqui o falar de Deus torna-se audível na palavra dos profetas. Contudo o que no tempo da antiga aliança aparece como riqueza e pluriformidade da revelação divina, à luz da nova aliança adquire caráter de transitoriedade e imperfeição. Toda a revelação de Deus pressiona em direção ao centro da história, a encarnação do Verbo de Deus em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele representa a essência de Deus, ele irradia a glória de Deus. Ao mesmo tempo Criador e Mantenedor dos mundos, ele também é o Redentor do mundo e o Soberano universal exaltado. Como herdeiro do universo ele estará no final da história e levará o plano divino de salvação ao alvo. O Cristo que volta será o Juiz e Consumador do mundo. Aquilo que da glória divina no AT é espelhado no cargo do sacerdote, no serviço do profeta e na dignidade do rei, isso está sintetizado de forma perfeita em Jesus Cristo. Ele traz à humanidade a palavra de revelação conclusiva de Deus e cumpre o profetismo do at. Com a expiação da nossa culpa, a purificação da nossa vida de pecado, ele leva ao término a ação sacerdotal e cultual em Israel. Por meio de sua exaltação à direita da majestade de Deus ele consuma o reinado messiânico de Israel. A unidade de reinado e sacerdócio, como visualizada pelo profetismo do AT (Zc 6.9-13), chega ao cumprimento e à perfeição em Jesus Cristo.



Notas:
64 A confissão “Jesus Cristo é o Senhor” em Fp 2.11 (em grego, kýrion iesous christós) tem por paralelo e origem no at Is 45.23,24 (cf. sobre isso também a confissão de Jo 20.28).