Explicação de Juízes 5

Em Juízes 5, a narrativa continua a partir dos acontecimentos do capítulo anterior e apresenta o Cântico de Débora, composição poética que celebra a vitória dos israelitas sobre seus opressores, os cananeus sob a liderança de Sísera. A canção é atribuída a Deborah e Barak e oferece um relato retrospectivo da batalha e da intervenção divina que levou ao seu triunfo. A canção louva o envolvimento de Deus, homenageia os líderes tribais que participaram e contrasta a coragem dos que lutaram com a apatia dos que não lutaram.

O Cântico de Débora retrata o significado da vitória na restauração da unidade e liberdade de Israel, enfatizando o papel de Deus como o verdadeiro libertador. O capítulo fornece uma visão única sobre as emoções, perspectivas e dinâmica social da época por meio de sua linguagem poética e reflexões históricas. Ressalta os temas da intervenção divina, fidelidade e as consequências de seguir ou negligenciar a orientação de Deus. Juízes 5 serve como uma expressão poética dos eventos em Juízes 4 e oferece uma perspectiva valiosa sobre o contexto espiritual e social mais amplo de Israel durante esta época.

Juízes 5

5.1 O cântico de Débora é reconhecido como um dos melhores exemplos de uma ode de triunfo, preservada na literatura hebraica. Provavelmente fez parte de uma antologia de poesia (cf. Nm 21.14; Js 10.13 e 2 Sm 1.18). Foi Débora que compôs o cântico, segundo o v 7. O convite lançado no v 12 não é considerado incoerente com a sua autoria.

5.2 Os chefes se puseram à frente de Israel. Lit., “no quebrantamento dos quebradores em Israel”, ou, ainda, outra possibilidade seria. “Quando mechas de cabelos compridos apareceram em Israel”. Neste último caso referir-se-ia à prática de deixar os cabelos crescerem para cumprir com seus votos (cf. Nm 6.5, 18; indicando que era uma guerra santa, à qual o povo se dedicara de corpo e alma. • N. Hom. “O Louvor do Senhor no Mundo” está seguro: 1) Quando Seu povo se oferece voluntariamente à Sua causa (2); 2) Quando os líderes despertados da apatia e conclamados à ação se oferecem de todo coração (9, 12, 13); 3) Quando o Senhor Todo-Poderoso vai à frente, na luta (4; cf. Hb 2.10; 12.2; 2 Co 2.14-16).

5.4 Os céus gotejaram. Talvez uma referência ao aguaceiro que contribuiu para a derrota dos cananeus (4.15n).

5.5 Sinai. É o mesmo Deus onipotente da Aliança que guiou o Povo Escolhido na travessia do deserto que, ultimamente, abriu o caminho da vitória para as forças de Israel (cf. 4.15n).

5.6-8 Descreve a condição desolada da região norte de Israel, sujeita à extorsão dos cananeus. Cessaram as caravanas. Plena anarquia reinava, de modo que a prática do comércio se tornou impossível.

5.8 Escolheram-se deuses novos. O motivo da miséria é sempre a substituição do único Deus por deuses falsos. Quarenta mil. O número de homens disponíveis para a formação do exército.

5.15-17 De honra e de glória são coroados os corajosos voluntários de Israel. Denúncia merecida vem sobre as tribos que colocaram sua segurança individual acima do desafio dos seus irmãos. Dã. Aparentemente ainda não havia migrado para o norte. Sua terra logo foi tomada pelos filisteus, forçando seu deslocamento para o norte da Galileia.

5.19 Reis. Uma aliança de reis de cidades, com suas forças armadas, juntaram-se a Jabim, rei de Hazor, principal cidade da região norte. Taanaque, junto às águas de Megido. É a opinião dos entendidos que Taanaque e Megido dificilmente poderiam pertencer à mesma época. Há uma indicação aqui de que Megido já não era mais habitada, nesta conjuntura. O nível VII, das escavações desta cidade, foi destruído entre 1150-1125 a.C., indicando a época desta vitória de Israel sobre seus inimigos.

5.20 Pelejaram as estrelas. No fim, a justiça predominará. A própria natureza flagelará os rebeldes contra Deus.

5.23 Meroz. Uma cidade desconhecida que deixou de participar da luta; ainda que localizada próxima à área de batalha. Não vieram em socorro do Senhor. É pressuposto que Deus se identifica integralmente com Seu povo, enquanto este for obediente. No NT, o Senhor Jesus Cristo, por meio do Seu Espírito, participa da igreja verdadeira que é Seu Corpo, formando assim a comunhão dos santos (1 Co 12.12, 13). Por isso, o prejudicar, a “um destes pequeninos que creem em mim”, é severamente condenado (cf. Mt 18.6), enquanto o socorrer e o apoiar aos filhos de Deus é fazê-lo a Cristo (Mt 25.45).

5.28-30 A ansiedade no coração provocada pela demora do comandante do exército cananeu é dramatizada pela conversa imaginada da mãe de Sísera, consigo e com as damas. Uma vez que era o costume do capitão supervisionar a distribuição dos despojos, é sugerido que a demora seria devido à vastidão dos despojos. Estofos de várias cores. Os artigos mais finos e valiosos eram reservados para o comandante. No lugar de bordados se vestira de pano de saco e cinzas. Moças. lit. “mulher nova”, “rapariga”, destaca a miséria das mulheres, ao caírem sob o poder dos invasores.

5.31 Os que te amam. A conclusão do cântico se torna clara: os que se rebelam contra o Senhor perecem; porém os que o amam e servem-no serão exaltados como o Sol (cf. Dn 12.3).

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