Significado de Filipenses 1

Filipenses 1

Filipenses 1 discorre aos crentes em Filipos para incentivá-los em sua fé e expressar sua própria alegria e gratidão por sua parceria no evangelho. O capítulo é dividido em quatro seções principais, cada uma das quais destaca um aspecto diferente da mensagem de Paulo dele.

Na primeira seção de Filipenses 1, Paulo expressa sua gratidão e alegria pela parceria dos filipenses no evangelho. Ele reconhece sua fidelidade e generosidade e expressa sua confiança de que Deus continuará trabalhando neles e por meio deles. Paulo também expressa seu amor e afeição pelos filipenses e os encoraja a continuar crescendo em seu conhecimento e amor a Deus.

Na segunda seção de Filipenses 1, Paulo reflete sobre sua própria prisão e os desafios que enfrenta. Apesar de suas circunstâncias difíceis, Paulo expressa sua alegria e confiança em Cristo. Ele reconhece que a prisão dele na verdade serviu para o avanço do evangelho e encoraja os filipenses a permanecerem firmes em sua própria fé, mesmo em face de oposição e perseguição.

Na terceira seção de Filipenses 1, Paulo expressa seu desejo de visitar pessoalmente os filipenses. Ele reconhece suas orações e apoio e expressa sua esperança de poder visitá-los em breve. Paulo também encoraja os filipenses a continuarem a crescer em sua fé e a viver uma vida digna do evangelho.

No geral, Filipenses 1 é uma poderosa mensagem de encorajamento e alegria. Isso nos lembra da importância da parceria no evangelho, de permanecermos firmes em nossa fé diante das dificuldades e da oposição e de vivermos uma vida digna do evangelho. O capítulo também destaca a importância da oração, tanto por nós mesmos quanto pelos outros, e nos encoraja a colocar nossa esperança e confiança em Cristo, mesmo em meio a nossos desafios e provações.

Comentário de Filipenses 1

1.1-11 Nos primeiros versículos, Paulo revela seu grande amor pelos filipenses. O apóstolo pensa neles com frequência (v. 3-6), preocupa-se com eles (v. 7,8) e ora constantemente por eles (v. 9-11). Esses textos revelam não só a relação de Paulo com os filipenses, mas também sua visão sobre Deus. O Senhor não apenas começa uma obra maravilhosa em nós; Ele termina o que começa. Isso é um consolo para os cristãos que estão passando por momentos de angústia ou sofrimento. Deus continuará Sua obra em Seus filhos.

1.1 Em suas outras epístolas escritas na prisão (Efésios, Colossenses e Filemom), Paulo se considera um apóstolo. Nesta carta, ele começa intitulando a si mesmo e a Timóteo de servos. Esse título confirma Timóteo (Fp 2.19-23), Epafrodito (Fp 2.25-30) e Paulo (Fp 3.7-9) como indivíduos que demonstram a mesma atitude de um servo de Cristo (Fp 2.5-8).

O termo santos significa aqueles que são separados para Deus e refere-se a todos os cristãos em Filipos. A palavra bispos remete àqueles que cuidavam do bem-estar espiritual da igreja local (sinônimo de anciãos e presbíteros em outras passagens, At 20.17 e Tt 1.5,7, respectivamente). Eram os principais administradores da igreja. O vocábulo diáconos alude aos que serviam à congregação em funções especiais no culto. Eram responsáveis por tratar das questões materiais da igreja (At 6.1-7). A menção desses dois grupos sugere que a igreja de Filipos havia crescido consideravelmente desde a primeira visita de Paulo (At 16.12-34).

1.2 Paulo combina a palavra graça com uma tradução grega da saudação hebraica shalom, ou paz (2 Co 1.2; G11.3). A associação que o apóstolo faz do Senhor Jesus Cristo com Deus, nosso Pai, enfatiza a igualdade e a unidade dessas duas pessoas divinas.

1.3 Na expressão dou graças, o tempo do verbo grego indica que Paulo agradecia continuamente a Deus pelos cristãos filipenses. Sempre que o Senhor os trazia à sua mente, o apóstolo dava graças, por todas as vezes que por se lembrava deles.

1.4 A alegria, um tema que se destaca em Filipenses, marcava as orações de Paulo pelos cristãos em Filipos, mesmo quando ele intercedia pelas necessidades deles. Essa é a primeira das cinco vezes em que a palavra grega para alegria é usada na carta (v. 25; 2.2, 29; 4.1). Paulo também emprega o termo grego para regozijo nove vezes nessa epístola (v. 18; 2.17 [duas vezes], 18 [duas vezes], 28; 3.1; 4.4 [duas vezes]).

1.5 Cooperação é um termo usado para caracterizar uma parceria num empreendimento comercial no qual todas as partes têm participação ativa, a fim de assegurar o sucesso do negócio. Entre os cristãos, o vocábulo expressa intimidade com Cristo (1 Co 1.9) e com outros irmãos na fé (2 Co 8.4; 1 Jo 1.7). Nesse caso, é possível que Paulo esteja usando a palavra cooperação para se referir às contribuições financeiras que os filipenses lhe haviam ofertado desde o primeiro dia até agora (Fp 4.14,15). Desde que se tornaram cristãos, os filipenses se dedicaram continuamente a viver e proclamar a verdade sobre Jesus Cristo, e, em especial, a ajudar Paulo em seu ministério.

1.6 Em algum momento do passado, Paulo se convenceu de que Deus completaria Sua boa obra entre os filipenses, e sua confiança permaneceu inabalável, o que se verifica na declaração tendo por certo. Quanto à expressão em vós, uma vez que vós é um pronome plural, a boa obra que Deus estava realizando acontecia entre os cristãos, e não em algum cristão isolado.

A preposição até expressa avanço em direção a um objetivo e, neste versículo, indica que está chegando o tempo em que Deus terminará plenamente Sua obra entre os cristãos filipenses. O ministério do qual estes participaram continua (como uma corrida de revezamento) até o momento e continuará até a volta de Cristo, o Dia de Jesus Cristo. Paulo se refere a esse advento em outra passagem também como o Dia de Cristo (Fp 2.16). Quando ocorrer esse glorioso retorno, Jesus julgará os não cristãos e avaliará a vida dos que se tornaram Seus seguidores (2 Tm 2.11-13).

1.7 A palavra justo expressa um sentido de retidão moral (de acordo com a Lei de Deus) e muitas vezes é traduzida dessa forma em todo o Novo Testamento. Neste contexto, indica que os pensamentos de Paulo com relação aos filipenses estavam perfeitamente de acordo com a vontade de Deus.

Na sentença porque vos retenho em meu coração, o termo coração se refere à parte mais profunda de uma pessoa, a sede dos pensamentos e das reflexões. Logo, podemos concluir que Paulo nutria extrema consideração pelos filipenses, principalmente porque estes haviam participado da graça dele, tanto nas prisões quanto na sua defesa e confirmação do evangelho. Uma vez que defesa implica discurso, podemos estar certos de que Paulo não ficou em silêncio enquanto permanecia na prisão, mas falou com ousadia sobre Jesus Cristo. E possível que o apóstolo também estivesse mostrando que testificaria acerca de Cristo em seus processos judiciais.

A palavra confirmação, usada somente nesta passagem e em Hebreus 6.16 no Novo Testamento, é um termo legal e comercial que significa uma garantia válida. Defesa e confirmação são os aspectos negativo e positivo do ministério de Paulo. Ele defendia o evangelho contra os ataques de seus oponentes e confirmava-o por meio de sinais poderosos. Uma vez que ambos são termos legais, o modo como são usados por Paulo pode indicar que ele estivesse antecipando seu iminente julgamento.

1.8 Deus me é testemunha. Como se tivesse feito um juramento em um tribunal de justiça, Paulo expressou a seriedade e a verdade do que estava para dizer: das saudades que de todos vós tenho. O apóstolo desejava ardentemente estar com os filipenses; ele ansiava pelo bem-estar espiritual deles. Neste sentido, o termo todos enfatiza que cada um dos cristãos em Filipos (não somente a liderança) era o foco da atenção de Paulo. Quanto à expressão afeição de Jesus Cristo, o significado literal da palavra traduzida como afeição remete aos órgãos internos, considerados pelo leitor do século 1 como a sede dos sentimentos mais profundos. Visto que o coração era o centro da reflexão, Paulo, neste versículo, falou de sua afeição, seus sentimentos entranhados pelos cristãos. Segundo a terminologia moderna, Paulo revelou que tinha o coração de Jesus Cristo. Seus sentimentos pelos filipenses eram como os de Jesus, que os amou e morreu por eles.

1.9 E peço isto. Os versículos 9-11 apresentam o conteúdo da oração de Paulo pelos filipenses. Ele desejava que a fervorosa caridade deles continuasse acesa, mas dentro do esplendor da plena ciência e do conhecimento espiritual. Amor sem ciência é como um rio sem curso. As águas incontroladas são desastrosas, mas eficazes quando controladas. A caridade que Paulo buscava para os cristãos é a forma mais sublime de amor em Cristo, baseada num compromisso duradouro e incondicional, não numa emoção instável. O vocábulo ciência é o primeiro de dois termos nos quais se edifica uma caridade direcionada. A ciência sugere um entendimento íntimo pautado numa relação com o próximo. Neste caso, o ponto para onde converge essa ciência é Deus. Encontrada no Novo Testamento somente nesta passagem, a palavra grega traduzida como conhecimento significa entendimento moral ou ético fundamentado no intelecto e nos sentidos. O termo indica percepção ou visão de situações sociais.

1.10 Para que aproveis. O verbo aprovar é usado na literatura antiga em referência ao teste do ouro que determina sua pureza e ao experimento com bois que avalia se eles são úteis para a tarefa prestes a ser feita. A proposta do versículo anterior de aumentar a caridade, controlada pela ciência, tem por objetivo a capacidade de avaliar pessoas e situações de um modo correto. O termo sinceros, cujo significado literal é julgados pela luz do sol, não significa esforçar-se com honestidade; em vez disso, quer dizer puros, sem mistura, e livres de falsidade. Qualquer mancha em uma roupa ou imperfeição em uma mercadoria poderia ser vista quando o objeto fosse colocado contra a luz do sol. Neste sentido, Cristo morreu para, com Seu sangue, purificar a Igreja de toda mácula (Ef 5.27).

Usando ainda outra expressão explícita para descrever o cristão, sem escândalo, Paulo esclarece o sentido de não escandalizar alguém. Neste versículo, significa os filipenses não induzirem os outros a pecarem por causa da conduta pessoal. Isso é de extrema importância porque o alvo que o cristão tem à sua frente é o Dia de Cristo, no qual ele se colocará diante do Salvador, que é a testemunha fiel e verdadeira (Fp 1.6; 1 Co 1.8; 5.5), para ser avaliado. Essa possibilidade regozijadora, porém séria, deveria motivar-nos a purificar nossa vida (1 Jo 2.28; 3.2,3).

1.11 Entendemos melhor a expressão frutos de justiça como frutos resultantes de nossa justificação ou frutos caracterizados pela conduta moralmente correta. O termo justiça descreve a fonte ou a natureza dos frutos: o comportamento. Crescer em caridade [amor] e buscar uma vida sábia e pura, que transborde justiça, resultam em glória e louvor de Deus. Assim, a cada dia aumentamos nossa capacidade de agradar ao Senhor e glorificá-lo para sempre.

1.12-26 Paulo revela as pressões externas e internas que estava enfrentando. Ele se alegra porque, a despeito da perseguição física e do ostracismo social, a Palavra de Deus estava sendo proclamada com muito êxito. Além disso, embora tivesse o desejo de estar no céu com Jesus, o apóstolo percebeu que Deus o estava mantendo na terra para ajudar os filipenses a continuarem sendo bem-sucedidos na anunciação do evangelho.

1.12 E quero, irmãos, que saibais. Paulo usa essa afirmação ou outras similares para apresentar uma importante declaração com respeito a uma questão mal-entendida. Por causa do amor por Paulo e da confiança que depositaram em seu ministério, os filipenses fizeram doações repetidas vezes e de forma generosa, mesmo vivendo em meio à pobreza, para o sustento da campanha missionária do apóstolo. Viam isso como um grande investimento no Reino.

Paulo queria que os filipenses soubessem que a prisão dele, em vez de impedir a expansão do evangelho, estava colaborando com ela, por isso o uso da forma verbal contribuíram. Essas palavras confortariam os cristãos de Filipos, que estavam preocupados com o bem-estar de Paulo e precisavam ter certeza de que suas orações por ele e suas dádivas não haviam sido em vão.

A expressão maior proveito poderia sugerir o trabalho pioneiro de abrir um caminho por uma floresta densa. A prisão de Paulo era um avanço estratégico no Reino de Deus porque estava permitindo que o evangelho entrasse nos escalões do exército romano (v. 13) e até no palácio real (Fp 4-22). Essas eram duas áreas que, sob circunstâncias normais, estariam fechadas para a Palavra de Deus.

1.13 As minhas prisões em Cristo. A expressão em Cristo mostra que Paulo considerava sua prisão como o resultado da vontade soberana de Deus, pois promoveu o evangelho de duas formas. Primeiro, a guarda do palácio o ouviu enquanto Paulo pregava no cárcere. A guarda pretoriana era composta de milhares de soldados de elite altamente treinados do império romano cujo quartel-general ficava em Roma.

Durante os dois primeiros anos em que Paulo ficou em prisão domiciliar em Roma, diferentes soldados se revezaram para vigiá-lo. Uma vez que permaneciam acorrentados a Paulo, eles não tinham outra opção senão ouvi-lo proclamar o evangelho; não podiam bater nele para que ficasse em silêncio porque ele era um cidadão romano (At 16.37,38). Apesar de Paulo não poder sair para pregar ao mundo, Deus levou o mundo a Paulo. Em uma inversão irônica, os soldados ficavam cativos e Paulo ficava livre para pregar. Segundo, todos os demais lugares - os que visitavam Paulo - ouviram o evangelho. Alguns dos visitantes eram líderes dos judeus em Roma (At 28.17).

1.14 Muitos dos irmãos no Senhor [...] ousam falar a palavra. Muitos cristãos que viram Paulo algemado em Roma foram incentivados a pregar o evangelho com ousadia, enfatizando a demonstração audaz exterior de um caráter interior e o sentimento de coragem. Embora também pudessem ser presos, eles foram impulsionados pela intrepidez de Paulo e proclamaram a mensagem sobre Jesus Cristo sem temor.

1.15 Os que pregavam por inveja e porfia não eram hereges, uma vez que pregavam acerca de Cristo. Mas, ao que parece, tinham ciúmes da atenção que Paulo recebia e decidiram plantar sementes de dissensão, a fim de causar problemas ao apóstolo. Outros cristãos, de boa mente, anunciavam a mensagem a respeito de Jesus com bons motivos. Eles admiravam Paulo e o evangelho, e dedicavam-se a servir a Deus com fidelidade.

1.16, 17 Alguns manuscritos invertem a ordem dos versículos 16 e 17. Os motivos dos cristãos que anunciavam Cristo por contenção podiam ser considerados qualquer coisa, exceto bons. O termo contenção significa que eles não pregavam para honrar a Deus ou ajudar Paulo, mas para ganhar aplausos e seguidores para si mesmos (Fp 2.3). A expressão não puramente enfatiza o modo como esses cristãos estavam agindo. Em julgando acrescentar aflição às minhas prisões, o significado literal do verbo acrescentar é levantar ou causar. Em outras palavras, Paulo acreditava que esses pregadores, na verdade, desejavam causar-lhe mais problemas enquanto ele estivesse na prisão.

1.18 Com o questionamento Mas que importa?, Paulo, em essência, estava dizendo: “Os motivos dos que anunciam a Cristo por contenção estão entre eles e Deus”. Independente de as pregações serem feitas com fingimento ou em verdade, por aparência ou pelo que era correto, Paulo se satisfazia com o fato de que o evangelho estava sendo propagado. Observe que o apóstolo não estava fecha do os olhos para o erro. Ele amaldiçoou aqueles que corrompiam o evangelho (Gl 1.6-9). O problema tinha a ver com motivo e atitude, não com doutrina. Quanto à expressão me regozijo, significa simplesmente alegrar-se. Como o espírito nobre e magnânimo de Paulo era diferente! Em vez de irritar-se e ser vingativo, ele se regozijou. Isso aconteceu porque seu foco estava em Jesus Cristo (Hb 12.2,3).

1.19-26 A vida de Paulo é um exemplo de como render glória a Cristo, seja pela vida ou pela morte (v. 20).

1.19 Disto me resultará salvação. Paulo expressou sua atitude positiva e sua confiança com relação ao modo como o Deus soberano resolveria essa situação difícil. A palavra grega traduzida como salvação neste versículo normalmente é traduzida dessa forma. No Novo Testamento, é usada como referência à cura física, ao livramento do perigo ou da morte, à justificação, à santificação e à glorificação. Neste texto, Paulo alude ao seu fortalecimento diário para suportar a situação complicada que estava diante dele. E possível que o apóstolo também estivesse mostrando sua convicção de que seria libertado da prisão (v. 25). Vossa oração. Este seria o canal para sua libertação. A oração de cristãos em nome de outros irmãos na fé é essencialmente importante porque, por meio dela, e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, Deus produz resultados positivos. Originalmente, a palavra socorro era usada como referência a um benfeitor rico que pagava as despesas de um coral ou de uma companhia de dança. Tempos depois, e de um modo mais geral, passou a significar prover os generosos recursos que supririam as necessidades de alguém.

1.20 A expressão intensa expectação traduz uma palavra grega que descreve a mão estendida de alguém chamando a atenção para um objeto. O termo esperança não é simplesmente excesso de otimismo, mas uma expectativa confiante. Paulo estava decidido a não ser envergonhado em nada e por ninguém, o que se verifica na declaração em nada serei confundido. De um modo vívido, demonstrou que as ações corretas não são determinadas pelo meio em que se vive, mas pelo pensamento correto.

Paulo estava empenhado em assegurar que Cristo seria, mais do que nunca, manifesto em sua vida, engrandecido. Ele não confiava em si mesmo para exaltar Jesus, mas no Espírito Santo (v. 19) para engrandecer Cristo nele (Jo 16.14; 2 Co 3.18). Para o apóstolo, não havia diferença entre vida e morte, desde que pela vida ou pela morte dele Cristo fosse engrandecido, glorificado e exaltado diante dos outros.

1.21 Para mim é similar à expressão no que me diz respeito. Paulo sabia o que era o ganho em sua morte porque estaria com Cristo (v. 23). Na verdade, talvez ele estivesse expressando sua confiança de que, uma vez que sua prisão havia promovido o evangelho, Deus também usaria sua morte para promover Seu Reino.

1.22 Fruto da minha obra. Se Paulo continuasse a viver, ele teria a oportunidade de pregar o evangelho para mais pessoas e veria a vitória espiritual na vida dos filipenses. De acordo com a sentença o que deva escolher, Paulo estava em um dilema porque claramente via as vantagens tanto da vida como da morte para o cristão. A vida significava uma chance de ministrar às pessoas como os filipenses (v. 24), enquanto a morte significava estar com Cristo, seu Salvador.

1.23 Paulo se sentia em aperto de todos os lados, como uma cidade sitiada sem esperança de ver-se livre de sua aflição. Ele estava dividido entre a possibilidade de encontrar-se com o Senhor e a sua paixão por ministrar aos filipenses. Neste versículo, o desejo significa mais do que uma vontade; indica uma forte ânsia. Em relação à profissão de Paulo como fabricante de tendas, o termo partir quer dizer levantar acampamento ou desfazer a tenda com o intuito de preparar-se para viajar para outro lugar.

Paulo via a morte não como o fim da vida, mas como um momento de transição de um lar para outro. Em sua mente, não havia uma comparação real entre a vida e a morte porque esta era muito melhor (literalmente, “muito mais superior”). Jesus disse que prepararia um lugar para nós (Jo 14). Esse lugar já está preparado na casa do Pai.

1.24 A palavra grega traduzida como mais necessário contrabalança a expressão muito melhor do versículo 23. A ideia contida no verbo ficar é permanecer completamente ou perseverar. E uma forma intensiva do termo grego usado para permanecer no versículo 25. O fato de que Deus queria que ele continuasse a viver era, de acordo com Paulo, totalmente necessário para o crescimento espiritual dos filipenses (v. 25).

1.25 Proveito vosso. Paulo não estava satisfeito com o fato de os cristãos filipenses serem simplesmente salvos, mas queria que eles progredissem rumo à maturidade em Cristo. Por isso, sentia a responsabilidade de continuar a ensinar-lhes.

1.26 A vossa glória [...] por mim. Paulo sabia que, uma vez que os filipenses o amavam muito, eles ficariam contentes em ver que Deus havia preservado a vida dele na prisão, e que o apóstolo estava certo de que o ministério com eles continuaria. O significado literal de glória é ostentação ou exaltação. A glória dos cristãos de Filipos aumentaria drasticamente por causa da obra do Senhor.

1.27—4.9 Paulo dedica a principal seção de sua carta à instrução dos filipenses sobre a importância de conduzir a vida como servos que se dedicam ao seu Senhor. O apóstolo ilustra esse ensino ao referir-se ao modo como Jesus Cristo, Timóteo, Epafrodito e ele mesmo viveram.

1.27 A expressão deveis portar-vos poderia referir-se ao cumprimento das obrigações de um cidadão. Uma vez que Filipos tinha a posição privilegiada de uma colônia romana, seus habitantes entendiam as responsabilidades associadas à cidadania. Neste versículo, Paulo lhes ordenou (a primeira ordem na carta) que mudassem sua perspectiva da esfera terrena para a celestial. Eles deveriam viver neste mundo como cidadãos de outro mundo, o reino celestial. Sua conduta deveria revelar sua cidadania celestial. Neste sentido, os filipenses não deveriam permanecer isolados, mas juntos num mesmo espírito e numa mesma mente, unidos por um objetivo comum, combatendo juntamente. Trabalho em equipe é o conceito fundamental transmitido por essa expressão grega, cujo significado literal é envolver-se juntamente em uma competição esportiva. Deus nunca tencionou que os cristãos ficassem sozinhos. Seu plano é que nós nos reunamos para fortalecer e encorajar uns aos outros (Fp 2.2) pela fé. Paulo estava pedindo que eles combatessem juntamente não só pelo crescimento da fé de cada um, mas também pela verdade do cristianismo, a fé comum de todos.

1.28 A palavra traduzida como espanteis é um termo forte usado como referência ao medo de um cavalo em pânico. Os filipenses não deveriam ficar aterrorizados diante de seus inimigos. Sua coragem seria prova de sua salvação e do terrível fracasso de seus adversários. Indício de perdição. Ao combaterem juntamente com amor e confiança, os filipenses seriam uma prova viva (termo legal simbolizando a prova obtida por uma análise dos fatos) para seus oponentes de que a mensagem de Jesus Cristo é verdadeira. Isso confirmaria a condição perdida de seus opositores. Uma vez que Paulo fez um contraste entre salvação e perdição, seu foco neste versículo, sem dúvida, estava em questões eternas. Confronte isso com a ênfase do apóstolo em sua própria salvação no versículo 19.

1.29 Padecer. O sofrimento é, na verdade, uma dádiva de Deus, pois nele o Senhor nos consola (2 Co 1.5) e consente que nos regozijemos (1 Pe 4-12,13). Esse sentimento é uma bênção porque traz recompensa eterna (Mt 5.1-12; 2 Co 4.17; 2 Tm 2.12; Ap 22.12). Deus o vê como uma ferramenta para cumprir Seus propósitos tanto em Seu Filho (Hb 2.10) como em Seus filhos (1 Pe 1.6,7). Além disso, o sofrimento nos amadurece como cristãos no presente (Tg 1.2-4) e permite que sejamos glorificados com Cristo no futuro (Rm 8.17).

1.30 O mesmo combate. Os filipenses enfrentariam as mesmas lutas que Paulo. Eles precisavam aprender a ser vitoriosos em meio às provações seguindo o exemplo de Paulo diante de sua perseguição.

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