Significado de Tiago 4
Tiago 4
Tiago 4 aborda a questão dos conflitos e brigas dentro da comunidade cristã. Tiago argumenta que conflitos e desentendimentos surgem de desejos egoístas e anseios não realizados. Ele encoraja seus leitores a resistir a esses desejos e a se submeterem a Deus, que dá graça aos humildes. James enfatiza que a humildade é a chave para resolver conflitos e restaurar relacionamentos, e que o orgulho é a raiz de muitas disputas.
Além de abordar questões de conflitos, Tiago também enfatiza a importância de evitar o mundanismo e se aproximar de Deus. Ele argumenta que aqueles que amam o mundo não podem amar a Deus, e que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Tiago 4 encoraja seus leitores a purificar seus corações e a se aproximarem de Deus, que se aproximará deles. Ele enfatiza a importância do arrependimento e confissão de pecado e encoraja seus leitores a se humilharem diante de Deus.
Por fim, Tiago aborda a questão de fazer planos e vangloriar-se do futuro. Ele argumenta que não devemos fazer planos sem considerar a vontade de Deus e que não devemos nos gabar de nossos planos futuros porque não sabemos o que o futuro nos reserva. Tiago encoraja seus leitores a confiar na soberania de Deus e a submeter seus planos à Sua vontade. Ele enfatiza que a vida é curta e incerta e que devemos viver cada dia como se fosse o último.
No geral, Tiago 4 enfatiza a importância da humildade, submissão a Deus, evitar o mundanismo, aproximar-se de Deus, arrependimento e confissão de pecado, e viver cada dia com uma confiança humilde na soberania de Deus. Ele fornece informações valiosas sobre como viver a fé cristã de maneira prática e significativa, tanto em nossos relacionamentos com os outros quanto em nosso relacionamento pessoal com Deus.
Comentário de Tiago 4
Tiago 4.1-10 Purificação para cristãos (1 Co 3.1-4): (1) a luta com o pecado (v. 1-4); (2) o desejo de Deus de liberar maior graça (v. 5,6); (3) o caminho da bênção (v. 7-10).Tiago 4.1 O conflito dentro de nós está entre nossos deleites pecaminosos e o desejo de cumprir a vontade de Deus, uma atitude que o Espírito Santo colocou dentro de nós (v. 5).
Tiago 4.2 A fonte do conflito entre os cristãos muitas vezes são coisas materiais. Tiago atribui dissensões, assassinatos e guerras ao materialismo. João também adverte os cristãos sobre cobiçar o que no mundo há (1 Jo 2.15,16).
Tiago 4.3 Porque pedis mal. Há quem discorde da admoestação de Tiago (v. 1,2), alegando não ter recebido uma resposta às suas orações (Mt 7.7). Tiago sustenta que esse é o caso de orar pelas coisas erradas. Em vez de orar por seus desejos pecaminosos, muitos deveriam orar pela boa vontade de Deus para com eles. Por vezes, a razão por que Deus não dá o que uma pessoa deseja é simplesmente o fato de que isso não seria bom para ela (Fp 4.19). Outrossim, Deus não é obrigado a responder às nossas orações de forma afirmativa. Ele não agirá de maneira contrária à Sua vontade, nem que esteja cercado de orações fervorosas. Toda vez que buscamos promover nossos deleites pessoais por meio da oração, estamos pedindo mal (Mt 6.33). Na oração, Deus não se curva à nossa vontade; pelo contrário, nós é que devemos submeter-nos à Sua boa vontade para nossa vida.
Tiago 4.4 Esse versículo não fala da atitude de Deus para com o cristão, mas da atitude do cristão para com Deus. A diferença entre o mundo e Deus é tão grande que, enquanto seguimos para o mundo, nós nos apartamos de Deus. No mundo, o pecado é considerado aceitável e aprazível. Por fim, os cristãos perdem sua noção de pecado e, assim, o pecado se torna habitual. Tiago não está preocupado com pecados ocasionais, mas com a atitude do coração que leva uma pessoa a dar as costas para Deus e voltar-se para o mundo. Em vez de conhecer o pecado pela observação ou pela experiência pessoal, o cristão deve usar sua mente dada por Deus para discernir o bem do mal, sem provar o mal por si mesmo.
Tiago 4.5 Diz a Escritura. Aqui, Tiago provavelmente não tem referência do Antigo Testamento alguma em mente; em vez disso, ele está falando de um conceito geral nas Escrituras. É muito provável que o ciúme nesse versículo se refira ao zelo de Deus por Seu povo, um conceito comum no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; SI 78.58; 79.5) e uma ideia que condiz com o contexto. A amizade com o mundo, mencionada no versículo 4, naturalmente despertaria ciúmes em Deus. No entanto, a expressão o Espírito que em nós habita também poderia indicar o espírito humano. Então, o ciúme seria o desejo cobiçoso das pessoas, retomando o tema do versículo 2.
Tiago 4.6 Deus resiste aos soberbos. Tiago citou Provérbios 3.34 para mostrar que estava certo. Aqueles que se submeterem à sabedoria divina receberão a graça necessária de Deus para pôr em prática o tipo de vida que Tiago descreve (Tg 3.13-18). Por outro lado, aqueles que se puserem em altos patamares se verão diante de um terrível inimigo (v. 4). O próprio Deus lutará contra os planos destes por não estarem do Seu lado.
Tiago 4.7 Sujeitai-vos... a Deus. Devemos obedecer aos dois mandamentos desse versículo na ordem: primeiro, devemos sujeitar-nos a Deus, abandonando nosso orgulho egoísta (v. 1-6). Sujeitar-se ao Senhor também implica revestir-se de toda a armadura de Deus, uma imagem que inclui tudo, desde depositarmos nossa fé nele a mergulharmos na verdade da Palavra de Deus (Ef 6.11-18). Segundo, devemos resistir a qualquer tentação que o diabo lançar em nosso caminho. Então o maligno não terá outra escolha: ele fugirá, pois pertenceremos ao exército do Deus vivo.
Tiago 4.8 Ele se chegará. Deus está sempre pronto a aceitar aqueles que realmente se chegam a Ele. Limpai as mãos... purificai o coração. Os de duplo ânimo são aqueles cristãos que têm em seu coração o amor dividido entre Deus e o mundo.
Tiago 4.9 Senti as vossas misérias, lamentai, e chorai. Quando o cristão que caiu em pecado responde ao chamado de Deus ao arrependimento, ele deve pôr de lado o riso e a alegria para refletir no pecado com genuína vergonha (2 Co 7.9,10). Neste versículo, riso se refere a uma farra imoral, em que pessoas celebram seus pecados na tentativa de esquecer-se do juízo de Deus. O cristão nunca deve rir do pecado. No entanto, a tristeza do cristão leva ao arrependimento; o arrependimento leva ao perdão e o perdão leva à verdadeira alegria com a reconciliação de uma pessoa com Deus (SI 32.1; 126.2; Pv 15.13).
Tiago 4.10 Humilhai-vos. O homem que se submete ao Senhor será exaltado de um modo que ele jamais poderia ser. Isso basicamente refere-se à relação espiritual de uma pessoa com Deus.
Tiago 4.11, 12 Há só um Legislador e um Juiz. O Novo Testamento ensina-nos a não julgar (Mt 7.1) porque Deus é o supremo Juiz e Aquele que se vingará daqueles que praticam o mal (Rm 12.9; Hb 10.30). Contudo, as Escrituras também exortam a igreja a exercer juízo sobre seus membros (1 Co 6.2-5). Esse tipo de juízo é a disciplina coletiva exercida de acordo com verdades bíblicas e o modelo em Mt 18.15-20.
Tiago 4.13-16 Estas pessoas não pecaram porque fizeram planos, mas, em vez disso, porque ignoraram a brevidade da vida humana (v. 14) e não consultaram o Senhor quando fizeram seus planos (v. 15). Essa espécie de orgulho é maligna (v. 16).
Tiago 4.13 Iremos... ganharemos. O problema aqui não é o plano nem o conceito de planejamento; é deixar Deus fora do plano (v. 15).
Tiago 4.14 Não sabeis. A despeito da fragilidade humana e da ignorância acerca do amanhã, o homem arrogantemente prediz o curso de sua vida. Porque que é a vossa vida? Essa pergunta pretende despertar a pessoa em meio à sua apatia e levá-la a reavaliar suas prioridades. Vapor (gr. atmis) é usado como referência a fumaça (At 2.19), incenso (Ez 8.11) e névoa. Não faz diferença qual referência seja escolhida, pois todos são transitórios e se vão em um instante. À luz da eternidade, nossa vida parece insignificante.
Tiago 4.15 A ordem não significa que a pessoa deve continuar a acrescentar a expressão se o Senhor quiser a tudo o que diz. Fazer isso poderia tornar-se uma forma de orgulho. Ao mesmo tempo, a conduta e as ações de uma pessoa deveriam sempre mostrar dependência do Senhor. Ela pode chegar à conclusão, por exemplo, de que a paciência durante a tribulação (Rm 5.3) é uma necessidade maior do que alcançar objetivos.
Tiago 4.16 Gloriais poderia ser traduzido por alegrais. O substantivo glória (gr. alazoneia) denota vãs pretensões. Um homem que se vangloria de planos futuros enquanto ignora a soberania de Deus é tolo, mas, mais do que isso, sua atitude é maligna. A extensão disso marca a degeneração da sociedade contemporânea.
Tiago 4.17 Pois. Não se faz referência a pessoas em geral aqui, mas a um negociante particular que fez planos sem Deus. Ao que parece, ele conseguiu ganhar dinheiro, o que ele pressupôs ter sido consequência de sua própria engenhosidade, e não uma dádiva de Deus. A ideia é que o negociante decidiu ganhar dinheiro e depois gastá-lo consigo mesmo. Tiago resume o que já foi dito a cada leitor de sua epístola: é pecado duvidar se uma ação é correta e, não obstante, ir em frente e realizá-la; também é pecado saber o que é certo e, mesmo assim, não o fazer (Rm 14-23). Essa é uma séria advertência contra pecados de omissão (veja em Lc 16.19-31 uma condenação disso).