Gênesis — Introdução e Esboço
O livro de Gênesis constitui a primeira seção
da Tora ou Livro da Lei. Em hebreu é chamado Bereshíth (no começo),
vocábulo derivado das palavras iniciais do livro. O nome português originou-se
da Septuaginta (grego gênesis), por intermédio da Vulgata Latina.
Em conformidade com o conteúdo do livro, o vocábulo “gênesis”
significa ”começo”.
Ha uma serie de problemas
relacionados ao livro de Gênesis que são tratados em artigos separados. Esses
artigos, além de examinar os problemas, acrescentam muitas informações
sobre os assuntos do livro. Talvez a maior dificuldade do livro seja a historicidade
dos acontecimentos narrados antes do tempo de Abraão. Ver no Dicionário
os artigos chamados Cosmogonia, Cosmologia, Criação, Antediluvianos,
Dilúvio, Eden, Cronologia e Adão.
Esboço
I. Importância do Livro
II. Composição
III. Conteúdo
IV. Teologia
V. Descobertas
Arqueológicas
VI. Considerações Finais
VII. Bibliografia
I. Importância
do Livro
A importância do livro de
Gênesis tem sido acentuada em três aspectos principais: teológico, literário e
histórico.
1. Teológico. O livro de Gênesis contém grande teologia e
deve ser considerado o “começo de toda teologia”. Os principais
conceitos de Deus como um ser supremo, onipotente e extremamente sábio
são introduzidos neste livro. Gênesis oferece também um tratamento
teológico às questões da origem do mundo, origem do homem, origem
do pecado, e aos problemas da queda do homem do estado de graça, do plano
de redenção, do julgamento e da providência divina. O livro narra como um
remanescente da raça humana foi providencialmente poupado e preparado de
maneira tal para permitir o crescimento do plano de redenção, sob a
direção do Pai, para toda a humanidade.
2. Literário. O livro de Gênesis é considerado uma das
grandes obras literárias de todas as épocas. Seu autor descreve de
maneira vigorosa as atividades de Deus como guia da criação e da
história. Os contos individuais, verdadeiras obras-primas de narrativas
interessantes e intensas, são entrelaçados inteligentemente, não prejudicando
assim a unidade do tema. O livro segue um plano lógico e em geral evita
detalhes desnecessários. Suas personagens são apresentadas não como figuras
mitológicas, mas como seres humanos reais, passíveis de faltas e de
virtudes. Quem escreveu Gênesis observou a vida de duas perspectivas:
exterior e interior. Do lado exterior considerou as coisas materiais; do lado
interior considerou os desejos, as ambições, as alegrias, as tristezas, o
amor e o ódio.
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Os assuntos tratados no livro incorporam uma rara combinação do simples com o complexo. Temas vitais para o homem, envolvendo suas mais profundas necessidades e aspirações, são tratados de maneira extremamente simples, quase infantil. Este fato é importante no sentido de que a mensagem do livro pode ser captada até mesmo pelos menos instruídos.
A importância literária
deste livro é ainda ressaltada pelas frequentes referências feitas a ele nos
outros livros das Escrituras, Segundo alguns afirmam, Gênesis é o alicerce
mesmo dos outros livros do Pentateuco.
3. Histórico. Como história, os primeiros capítulos de
Gênesis ilustram somente o status da cosmologia hebraica daquela época,
Do capítulo 12 em diante, por outro lado, o caráter histórico do livro
é fortalecido. A autenticidade da história patriarcal e do autor é
evidente nesses capítulos. Nem as falhas na história de Abraão, nem
os pecados crassos dos filhos de Jacó (dentre os quais os pecados
de Levi, o progenitor da raça sacerdotal), foram ocultados.
O mesmo autor, cujos
princípios morais são tão censurados pelos antagonistas de Gênesis, com relação
ao relato sobre a vida de Jacó, produz na história de Abraão uma figura de
grandeza moral que somente poderia ter-se originado em fatos reais.
A fidelidade do autor se
manifesta principalmente: 1. na descrição da expedição dos reis da Alta Ásia
para a Ásia Ocidental; 2. nos relatos a respeito da pessoa de Melquisedeque (Gên.
14); 3. na descrição dos detalhes circunstanciais envolvidos na compra de um
cemitério hereditário (Gên. 23); 4. na genealogia das tribos árabes (Gên.
25); 5. na genealogia de Edom (Gên. 36); 6. e nos impressionantes detalhes
que são entretecidos com as narrativas gerais. No relato de José, a
história patriarcal entra em contato com o Egito; e, quanto às narrativas
fornecidas pelos escritores clássicos antigos, bem como os monumentos do Egito,
acrescentam esplêndidas confirmações. Por exemplo, o relato apresentado em Gên. 47.13-26,
que descreve como os Faraós se tornaram proprietários de todas as terras,
exceto aquelas pertencentes aos sacerdotes, é confirmado pelos escritos de
Heródoto (II.84). Submetendo-se o livro de Gênesis a um exame minucioso,
outros dados similares podem ser encontrados. Do ponto de vista crítico,
Gênesis é considerado uma fonte primária da história antiga.
II. Composição
A unidade de composição não
só do livro de Gênesis, mas de todos os livros do Pentateuco, tem sido um tema
polêmico entre os críticos. O caso de Gênesis tem sido particularmente
investigado e, como a questão da unidade do livro está intimamente
relacionada ao problema de autoria, apresentaremos a seguir duas
principais linhas de pensamento sobre o assunto: 1. o ponto de vista
conservativo; 2, o ponto de vista crítico.
1. Ponto de Vista Conservativo.
A teoria conservativa reivindica que o livro de Gênesis foi recebido
por Moisés como revelação direta de Deus, pois Moisés evidentemente tinha
contatos imediatos com Deus. Defendendo a teoria da autoria mosaica, os
conservativos oferecem os seguintes argumentos:
a. Considerando as
evidências internas que provam que Moisés escreveu pelo menos algumas
porções dos livros do Pentateuco, parece plausível assumir que ele tenha
escrito a obra inteira, inclusive Gênesis.
b. A matéria tratada de Êxodo
a Deuteronômio exige uma subestrutura como Gênesis. Sentindo essa
necessidade, Moisés talvez tenha usado o material disponível da época e feito
uma compilação dessa matéria na forma de tradição antiga.
c. Passagens como João 5.46
e ss., em que Jesus se refere aos ”escritos de Moisés”, podem ser
interpretadas como escritos meramente atribuídos a Moisés. Por outro lado,
essas passagens podem igualmente ser interpretadas como pronunciamentos da
autoria mosaica desses escritos.
d. A Comissão Bíblica da
Igreja Católica sugere que, embora Moisés seja o autor do Pentateuco, talvez
ele tenha empregado pessoas para trabalhar sob sua direção como compiladores.
Esta seria uma maneira de explicar as diferenças estilísticas do livro.
2. Ponto de Vista Critico. Empregando o método de
análise do texto, os críticos modernos afirmam que pelo menos três fontes
distintas serviram de base para o livro de Gênesis: P, E e J.
Alguns fanáticos no estudo das fontes literárias têm fragmentado essas,
fontes em subfontes, contudo, como essas subdivisões não os têm conduzido a
nenhuma conclusão importante, nos limitaremos ao tratamento das três fontes
citadas acima, as quais foram provavelmente baseadas no tradicional. A
fonte P(S), de caráter basicamente formal e estatístico, relata o
tipo de material que os sacerdotes cultivavam, como, por exemplo,
Levítico 1-16. Contudo, momentos de grandeza são
também encontrados nesta fonte, a saber, Cantares 1. P é a fonte
mais recente das três, provavelmente pertencendo ao período entre os
séculos V e VI A.C.
A fonte E e a fonte J
se distinguem principalmente pelo emprego respectivo dos nomes Elohim e Jeovah
para Deus. Além desta diferença, o documento £ se apresenta intimamente
relacionado em suas partes, formando assim um todo sólido. O documento J,
por outro lado, não apresenta a mesma solidez, mas é de natureza
meramente complementar, fornecendo detalhes nos pontos em que E se
toma abrupto e deficiente. A fonte E pertence provavelmente ao
século VIII A.C.; e a fonte J, ao século IX A.C. Ver no Dicionário
o artigo separado sobre a teoria J. E. D. P.(S.). Ver também sobre o Pentateuco.
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Os críticos modernos
reivindicam que essas fontes foram subsequentemente combinadas pela mão de um
autor final cujo nome é desconhecido. Os antagonistas do ponto de vista crítico
mantêm que Gênesis foi escrito por um único autor, e que o uso de dois
nomes diferentes para Deus não deve ser atribuído à origem do livro
em duas fontes distintas, mas aos diferentes significados desses
nomes. Talvez essa observação seja plausível com referência aos nomes
de Deus, todavia as diferenças de estilo e vocabulário que
claramente distinguem porções do livro de Gênesis ainda permanecerão
misteriosas se essa explicação for aceita.
Data e Lugar. Os estudiosos que aceitam a autoria mosaica do livro
de Gênesis são compelidos a explicar algumas passagens da obra como notas
de rodapé adicionadas posteriormente pelos copistas. (Exemplos: Gn 12.6; 13.7;
14.17 e partes de Gn 36.9-43.) O lugar de origem do livro sugerido por
eles é a península do Sinai. Os críticos que não reivindicam autoria
mosaica oferecem datas tentativas somente para as fontes individuais, como
mencionado anteriormente. Quanto à cópia final, só se sabe que foi compilada
depois do exílio, afirmam eles. O local da compilação é desconhecido.
III. Conteúdo
O livro de Gênesis pode ser
esboçado de várias maneiras:
1. Esboço Histórico. É
o esboço mais geral e popular, que divide o livro em duas partes
principais.
a. História Primordial.
Capítulos 1 a 11: tratam de assuntos de natureza universal, tais como a
origem da terra e a origem da raça humana.
b. História Patriarcal.
Capítulos 12 a 50. Estes capítulos relatam a história dos antepassados de
Israel. Cerca de dez histórias são apresentadas no livro (Gn 2.4; 5.1; 6.9; 10.1;
11.10,27; 25.12,19; 36.1; 37.1), dentre as quais algumas se ocupam de
personagens importantes, a saber, Tera, Isaque, Jacó e José. Algumas
histórias tratam de importantes categorias, tais como terra e ceu, ou os filhos
de Adão e os filhos de Noé; outras tratam de personagens como Ismael e
Esaú. Apesar de não oferecer um tratamento profundo sobre
dificuldades sugeridas pelo texto, este esboço é eficaz, pois enfatiza a
direção de Deus na história da humanidade e mostra como Ele usou
diversas pessoas para cumprir Seus propósitos finais.
2. Esboço Temático. Divide
o livro em quatro assuntos principais:
a. Livro do Princípio (
1-11)
b. Livro da Fé (12-25)
c. Livro da Luta (26-35)
d. Livro da Direção (36-50)
3. Esboço
Detalhado do Conteúdo:
a. História da Criação (Gn
1.1-2.3)
1. Criação do céu e da
terra (Gn 1.1-23)
2. Criação dos seres
viventes (Gn 1.24-2.3)
b. História Humana (Gn
2.4-11.32)
1. Criação do homem (Gn
2.4-17)
2. Criação da mulher (Gn
2.18-25)
3. Queda do homem (Gn
3.1-24)
4. Multiplicação da raça
humana: Caim e Abel (4.1-7)
5. O primeiro homicídio (Gn
4.8-26)
6. A genealogia de Sete (Gn
5.1-32)
7. A corrupção do gênero
humano (Gn 6.1-12)
8. A pena do dilúvio (Gn
6.13-8.22)
9. O pacto de Deus com Noé
(Gn 9.1-29)
10. Os descendentes de Noé
(Gn 10.1-32)
11. Uma língua universal (Gn
11,1-6)
12. A confusão das línguas
(Gn 11.7-32)
c. História dos Patriarcas:
A Escolha de Abraão, Isaque, Jacó e Judá (Gn 12.1-23.20)
1. Abraão entra na Terra
Prometida (Gn 11.27-14.24)
2. Pacto e promessa de um
filho (Gn 15.1-18.16)
3. A história dos
patriarcas (Gn 18.17-19.23)
4. Destruição de Sodoma e
Gomorra (Gn 19.24-38)
5. Sara, Isaque e Ismael (Gn
20.1-23.20)
d. Isaque (Gn 24.1-26.35)
1. Isaque e Rebeca casam-se
(Gn 24.1-67)
2. Morte de Abraão e
nascimento dos filhos de Isaque (Gn 25.1-34)
3. Isaque vai a Gerar;
renovação da promessa (Gn 26.1-35)
e. Jacó (27.1-36.43)
1. Jacó trapaceia o irmão e
obtém a bênção de seu pai (Gn 27.1-46)
2. Jacó foge para Arã e
Deus renova a promessa em Betei (Gn 28.1-22)
3. Os casamentos de Jacó em
Arã (Gn 29,1-30)
4. Nascimento dos filhos de
Jacó (Gn 29.31-30.24)
5. Labão faz novo pacto com
Jacó (Gn 30.25-43)
6. Retorno de Jacó para a
Terra Prometida (Gn 31.1-34.31)
7. Renovação da promessa em
Betei (Gn 35.1-29)
8. Os descendentes de Esaú
(Gn 36.1-43)
f. Judá e José (37.1-50.26)
1. José vendido por seus
iimãos e transportado para o Egito (Gn 37.1-36)
2. Judá e Tamar (Gn 38.1-30)
3. José na casa de Potifar
(Gn 39.1-23)
4. José na prisão (Gn
40.1-23)
5. José interpreta os
sonhos do faraó (Gn 41.1-37)
6. José como governador do
Egito (Gn 41,38-57)
7. Os irmãos de José vão ao
Egito pela primeira vez (Gn 42.1-38)
8. Os irmãos de Jose
retornam ao Egito (Gn 43.1-34)
9. A família de José no
Egito (Gn 44.1-47.31)
10. Jacó abençoa seus
filhos (Gn 48.1-49.28)
11. Morte de Jacó e José (Gn
49.29-50.26)
IV. Teologia
De certo modo, o livro de
Gênesis constitui a primeira filosofia da história, embora não se baseie em
argumentos, mas em convicções. Não há no livro todo nenhuma tentativa de
provar que Deus existe, ou que realmente agiu tal qual o autor relata.
Alguns pontos de vista importantes a respeito da doutrina de Deus emergem
deste livro, a saber:
1. Deus é o
único e supremo monaroa do universo e de Seu povo. O livro mantém um monoteísmo latente, preparando o
alicerce para declarações tais como a de Deus. 6.4.
2. Deus é onipotente. Através de Sua poderosa
palavra, Ele pode criar o que bem desejar.
3. Deus é onisciente. Ele soube o local do
esconderijo de Adão e Eva no jardim, bem como o fato de que Sara riu secretamente dentro
da tenda. Ele está também presente longe da casa ancestral, como Jacó
surpreendidamente descobre em Gên. 28.16.
4. Deus é extremamente sábio. Ele criou um
universo integrado, no qual todas as coisas demonstram perfeita eficiência
segundo o uso e o propósito designados.
5. Deus tem profunda
misericórdia e amor por Sua criação.
Isto é evidente
principalmente no que se refere ao homem, obra-prima da criação. Deus não só
criou o homem, mas providenciou-lhe tudo aquilo de que precisava para sobreviver.
O homem caiu do estado de graça, mas Deus preparou um plano de
redenção; guiou e protegeu o caminho dos patriarcas para que esse
plano fosse cumprido.
6. Deus se revelou a Seu povo. Ás vezes num
sonho (31.11), outras vezes através de um misterioso agente, “o
anjo do Senhor” (31.11).
Este livro oferece também
uma clara noção da natureza do homem:
1. O homem é uma criatura
dotada de parte material e parte imaterial.
2. O homem é dotado de
livre-arbítrio: pode dizer “sim” ou “não à tentação.
3. O homem foi criado como
um ser superior, obra-prima de Deus, livre de qualquer mancha. Mas ai! O
homem caiu do estado de graça. A história da queda, por sua vez, embora
soe estranha para muitos ouvidos modernos, ainda é objeto de estudo em
etica e em religião. O autor de Gênesis observou que um grande desastre
pode-ria emergir de uma desobediência aparentemente trivial.
4. O homem será restaurado:
os dois elementos básicos para a redenção são: graça da parte de Deus e fé
da parte do homem. Gèn.
15.16 declara que Abraão
creu nas promessas do Senhor: “E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado
isto por justiça”. Esta passagem figura proeminentemente no
desenvolvimento da teologia de Paulo (Rom. 4.3,9,22,23).
V. Descobertas
Arqueológicas
Descobertas arqueológicas
modernas têm desvendado o mundo de Gênesis. Civilizações nos arredores da
Palestina estão sendo descobertas com todas as suas riquezas e variedades.
A existência de povos tais como os horitas e os hurrianos (até recentemente apenas
nomes) tem sido confirmada. A civilização dos amoritas, enterrada por muitos
séculos, está emergindo lentamente. Atualmente pode-se afirmar que os
hititas foram poderosos conquistadores que influenciaram o curso da
história no passado.
Temas como Criação, Paraíso
e Dilúvio são achados também em muitas mitologias do mundo. Tabletes de barro
encontrados na Mesopotâmia contêm muitos mitos cujos temas e detalhes
também estão presentes no livro de Gênesis.
Na história da criação há
algumas semelhanças entre os registros hebraicos e os babilônicos: 1. Ambas as
histórias registram um caos antigo. Até mesmo o nome para esse caos é
semelhante em cada língua. 2. Segundo os dois relatos, houve luz antes de
os astros serem criados. 3. Há paralelismo também nas crônicas do Dilúvio:
os deuses mandaram a inundação, mas salvaram um homem que construiu um
navio para se abrigar da tempestade. O homem testa o término da catástrofe
soltando pássaros e oferece sacrifícios quando tudo está terminado.
Há também algumas
diferenças drásticas entre as narrativas hebraicas e babilônicas: 1. A história
hebraica mantém um monoteísmo latente; os outros relatos são de natureza
politeista. 2. Os princípios morais registrados na história hebraica são
extremamente mais altos que os das outras civilizações. Descobertas
espetaculares na cidade de Ur dos Caldeus são de grande importância para o
conhecimento da história da civilização, todavia de menos relevância
direta para as narrativas bíblicas. É mister observar que, num local não
muito distante de Ur, os escavadores encontraram evidência de uma inundação de
comparável tamanho. No entanto, dizem os críticos, isso não prova a
historicidade de Gên. 6-6, pois foi provado que muitas vezes na história
diferentes áreas da Mesopotâmia foram inundadas.
O mundo cultural dos
patriarcas tem sido iluminado pelos achados do segundo milênio A.C. em Nazu
(perto da moderna Kirkuk). Foram encontrados nessa localidade inúmeros
documentos que ilustram detalhadamente diversos costumes patriarcais. Por
exemplo, quando a estéril Sara deu à Abraão uma escrava, Hagar, para
que concebesse filhos, ela estava fazendo exatamente a mesma
coisa que as mulheres de Nazu faziam. A única diferença era o fato de
que as últimas eram proibidas de maltratar a escrava. O ato da venda
dos direitos de primogenitura feito por Esaú, bem como os problemas
de Jacó na obtenção da esposa de sua escolha, são entendidos com mais
clareza através desses tabletes (tabletes Nazu). Unger afirma que “o
grande serviço que a pesquisa arqueológica está desenvolvendo no período mais
antigo da história bíblica demonstra que o quadro dos patriarcas
apresentado em Gênesis se ajusta perfeita-mente ao estilo de vida da época”
(Unger, Archaeology and the Old Testament, p. 120).
VI. Considerações
Finais
Esta introdução referiu-se
a alguns problemas peculiares do livro de Gênesis, tais como autoria e
historicidade. Essas questões têm sido objeto de controvérsia entre os
eruditos, todavia nada tem sido tão polêmico no livro como o tema da
criação. Há um estridente conflito entre o ponto de vista da ciência
moderna e o relato deste livro sobre as origens do mundo.
Ao Leitor:
Muita informação acerca do
livro de Gênesis foi compilada como parte do Dicionário da obra
presente. Por toda a exposição do Antigo Testamento menciono artigos que
deveríam ser lidos em conexão com a exposição do texto que estiver sendo
oferecido, Também refiro-me à Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, quanto a artigos relacionados ao estudo do Antigo
Testamento, mas que não foram incluídos no Dicionário. O Dicionário
oferece um número bastante grande de artigos que se revestem de interesse
especial para os estudiosos. Quando está em pauta o Novo Testamento, por
estar relacionado a algum texto ou idéia do Antigo Testamento, convido
os leitores a examinar o Novo Testamento Interpretado, um
comentário versículo por versículo daquele documento.
Controvérsias,
debates e críticas, com suas contracríticas,
naturalmente estão vinculados aos estudos sobre o Antigo Testamento. Não
devemos permitir que essas coisas gerem o ódio teológico. Muitas
discussões dessa natureza giram em tomo do livro de Gênesis.
Homens dotados de espiritualidade deveriam poder debater sem nenhum ódio:
6 Deus. que
came e sangue tossem tão baratos!
Que os homens
viessem a odiar e matar,
Que os homens
viessem a silvar e decepar a outros
Com línguas de
vileza... por causa de... Teologia.
(Russell
Champiin)
Vários artigos que figuram
no Dicionário e deveriam ser lidos em conexão com o primeiro capitulo de
Gênesis são: 1. Astronomia. 2. Cosmogonia. 3. Criação.
Ver também J.E.D.P.(S.).
Os céticos têm vontade
de não crer, pelo que nenhum acúmulo de evidências pode convencê-los. Mas
os ultraconservadores têm vontade de crer, pelo que não há
evidência que os convença de que estão errados, sem importar a questão em
foco. Entre esses dois extremos usualmente se acha a verdade, na qual as evidências
confirmam a crença.