Números 35 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Números 35





Números 35

35:1-34 Disposições acerca dos levitas
35:1-8  As cidades dos levitas
Conforme a instrução de Deus, quando a terra de Canal foi dividida entre as tribos, os levitas não receberam um território específico (Nm 18:20-24; cf. Dt 10:8-9). Os levitas haviam sido separados para assistir no trabalho do santuário, mas, ainda assim, precisavam de um lugar para morar enquanto serviam ao Senhor. Consequentemente, Deus ordenou que os levitas recebessem quarenta e oito cidades onde viver e terra suficiente ao redor de cada cidade para alimentar o gado, os rebanhos e outros animais (35:1-6). Essas cidades ficariam espalhadas por toda a região ocupada pelas outras tribos (35:7-8). 0 número de cidades dos levitas devia ser proporcional ao número de cidades de cada tribo. Assim, a tribo que tivesse mais cidades cederia aos levitas um número maior delas, mostrando mais uma vez a preocupação com a justiça.

35:9-34 As cidades de refúgio
Seis das cidades entregues aos levitas deviam exercer a função especial de cidades de refúgio para israelitas e estrangeiros (35:6,13-15). Uma vez que a lei de Deus prescrevia a pena de morte nos casos de homicídio, os parentes da pessoa assassinada podiam procurar vingá-la (34:16-21). No entanto, como Deus sabia que alguns homicídios não seriam intencionais e algumas pessoas seriam acusadas falsamente de assassinato (35:11-12), ele estabeleceu essas cidades como refúgio onde uma pessoa acusada desse crime poderia permanecer em segurança até ser julgada.
Deus também definiu os critérios para distinguir entre homicídios intencionais e não intencionais. Um homicídio era considerado intencional (doloso) quando uma pessoa morria em decorrência de ter sido atingida por uma arma mortal, como um instrumento feito de ferro, pedra ou madeira, ou por um objeto lançado contra ela com a intenção de feri-la. 0 homicídio também era doloso quando a vítima era golpeada ou empurrada com violência (35:16-21). A morte podia ser considerada acidental (homicídio culposo) quando a pessoa era atingida por um objeto que não havia sido lançado contra ela ou quando não havia a intenção de ferir (35:22-23).
Cabia à congregação discernir o tipo de homicídio em cada caso (35:24a). Quem fosse culpado de homicídio intencional devia receber a pena de morte (35:21). No entanto, alguém que tivesse matado outra pessoa acidentalmente podia buscar proteção numa das cidades de refúgio, onde devia permanecer até a morte do sumo sacerdote (35:246,28). Contudo, o indivíduo nessa situação que deixasse a cidade de refúgio podia ser morto pelo vingador de sangue (35:26-27).
Os últimos versículos desse capítulo reforçam pontos explicados anteriormente. Em primeiro lugar, o homicídio não devia ser considerado levianamente. Todo aquele que mata outra pessoa merece morrer; no entanto, a pena de morte também não devia ser aplicada levianamente. Era preciso haver mais de uma testemunha do crime para que essa pena pudesse ser aplicada (35:29-30). Em segundo lugar, nenhum homicida, de crime doloso ou culposo, poderia ser resgatado (35:31). Os ricos não poderíam usar o dinheiro para escapar das consequências de seus crimes. Em terceiro lugar, quando um indivíduo buscava proteção numa cidade de refúgio, não era possível pagar resgate para que ele pudesse voltar para casa antes da morte do sumo sacerdote (35:32). 0 propósito central dessas prescrições era proteger a terra da contaminação provocada pelo derramamento de sangue inocente ou pela falta de justiça. Deus disse aos israelitas: Não contaminareis, pois, a terra na qual vós habitais, no meio da qual eu habito; pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos de Israel (35:34).

A HISTÓRIA DE ISRAEL
Para aqueles que creem na inspiração e autoridade da Bíblia — e, portanto, em sua veracidade —, ela é a principal fonte de conhecimento acerca da história do povo com o qual Deus fez uma aliança na Antiguidade. Essa pressuposição não representa, de maneira nenhuma, um empecilho para usarmos documentos confiáveis acerca do antigo Oriente Médio para preencher algumas das lacunas do relato bíblico. No entanto, por causa do caráter sucinto deste artigo, nosso enfoque será exclusivamente sobre as Escrituras. Uma reconstrução afrocêntrica da história de Israel pode ser encontrada na obra de Adamo, África and the Africans in the Old Testament [A África e os africanos no Antigo Testamento].
Ao falar da história de Israel, é importante lembrar que estamos nos referindo a um tipo especial de história, a saber, uma história redentora. Assim, a Bíblia não deve ser lida como se fosse um livro qualquer de história ou ciências. Também não deve ser considerada apenas um registro de acontecimentos no antigo Oriente Médio interpretados a fim de revelar Deus. Antes, a Bíblia registra a história na qual Deus é um participante ativo que molda os acontecimentos relatados.
A história de Israel como nação começa com os patriarcas em Gênesis 12 a 50. Aliás, pode-se dizer que começa com a história da humanidade como um todo, com a criação, a queda, o dilúvio e a dispersão (Gn 1.1—11.31). No entanto, o caráter distintivo de Israel e seu propósito como nação se tornam mais claros na libertação do povo registrada no livro de Êxodo.
Apesar de Moisés ser o instrumento humano, fica claro que o êxodo da terra do Egito foi, acima de tudo, obra de Deus: “Esta noite se observará ao Senhor, porque, nela, os tirou da terra do Egito” (Êx 12:31-42). Três meses depois de sair do Egito, os israelitas chegaram ao monte Sinai ou Horebe (Êx 19:1-2), onde Deus apareceu (19:16-25), falou a toda a congregação (Nm 20:1-17,22-26) e fez uma aliança com seu povo: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa” (Êx 19:5-6). Os termos, prescrições e instituições da aliança são descritos em Êxodo 19 a 40, Levítico, Números 1 a 10 e Deuteronômio. Ao deixar o Sinai, os israelitas começaram sua jornada rumo à terra prometida (Nm 10:11). A rebelião do povo estendeu a jornada de onze dias para quarenta anos (Dt 1:2-3); mas, por fim, os israelitas entraram, conquistaram e ocuparam a terra sob a liderança de Josué (livro de Josué).
Entre o assentamento em Canaã e a instituição da monarquia, houve um período caracterizado por um círculo vicioso de pecado, opressão, arrependimento e salvação (livros de Jz e Rt). A confusão desse período — especialmente o insucesso de Eli e seus filhos e dos filhos de Samuel, bem como a opressão pelos filisteus — levou o povo a pedir um rei (1 Sm 8). A monarquia teve seu período áureo durante o reinado de Davi e Salomão. No entanto, a rebelião contra as provisões da aliança de Deus resultou numa divisão: dez tribos formaram Israel, o Reino do Norte, e duas tribos formaram Judá, o Reino do Sul. Israel foi tomado pelos assírios em 722-21 a.C., e Judá foi tomado pelos babilônios em 587-86 a.C. Não há registro de um regresso das tribos do Norte. Alguns dos judaítas exilados na Babilônia voltaram em estágios sob a liderança de Zorobabel, Esdras e Neemias. O AT termina com um remanescente do povo da aliança adorando num templo reconstruído enquanto aguardava o início de uma nova era sob o Messias do Senhor e o cumprimento de várias promessas feitas aos patriarcas.
Seguiram-se os quatrocentos anos do período intertestamental antes do Messias (Jesus) e seu precursor (João Batista) entrarem em cena, conforme predito por Malaquias (Ml 3:1-3; 4:1-6; Mt 11:10,14; Lc 1:76; 7:27). Contudo, algumas das promessas do AT ainda não se cumpriram. É evidente que o AT aponta para algo além do seu tempo (Hb 1:1 -2), posterior até ao período do NT.
O ressurgimento de Israel como nação nos tempos modernos é um preparativo para que seu povo reconheça, no fim dos tempos, que Cristo é não apenas seu Messias, mas também o Salvador do mundo (Rm 11:25-27; Ap 1:7). Assim, a história de Israel vai além dos fatos históricos relativos a uma única nação, Israel. Em última análise, ela é a história da redenção de Deus para o mundo todo por meio de Jesus Cristo (Jo 1:1 -14; 3:16-18; Rm 10:11-13).

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