Estudo sobre Apocalipse 2:24

Estudo sobre Apocalipse 2:24



 

Apocalipse 2:24

Finalmente, porém, o v. 23 analisado também encerra um uma contra-senha contra a orgulhosa devoção aparente, citada na palavra de exortação seguinte: Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira. Parece que essa parte da comunidade é a menor, somente um resíduo, um resto espremido contra a parede, daqueles que preservaram um senso límpido de Cristo. No v. 19, esse grupo foi elogiado, e agora ele é consolado e advertido – apesar da crítica do v. 20! – da mesma forma como as igrejas em Esmirna e Filadélfia, que somente obtiveram elogios. Por que não ouvimos nenhuma ordem enérgica para expulsar os adeptos de Jezabel!? Em determinadas situações isso não é viável, a saber, quando o grupo fiel a Cristo se tornou uma minoria na comunidade. Nesse caso, o próprio Senhor se encarregou da disciplina eclesial (v. 22,23).

Os “restantes” nos fazem recordar novamente o conflito de Elias com Jezabel: 1Rs 19.10,14,18. São os “sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal” ou os que não têm essa doutrina. Essa doutrina é caracterizada agora: que não conheceram, como eles (os adeptos de Jezabel) dizem, as coisas profundas de Satanás. Talvez essa frase distorça de propósito a palavra de ordem das “profundezas de Deus”, que esses hereges afirmam ter reconhecido, formulando-a em “coisas profundas de Satanás”. Com isso estaria sendo contestado que foi Deus a quem reconheceram, não importando as experiências de que se gloriem. É uma profundidade de pensamento equivocada ou hipócrita. É bem provável, porém, que se trata de uma palavra de ordem real dos adversários. Gabavam-se: “Nós temos conhecimento!” (1Co 8.1). Para compreender realmente a Deus e sua graça era necessário que, conforme a doutrina deles, se tivesse penetrado nas “coisas profundas de Satanás”. Ao que tudo indica, entendiam sob essa experiência, um êxtase, no qual também se transgrediam limites morais. Ter experimentado tudo uma vez era considerado como um sinal de maturidade, do qual eles se gloriavam. Quem não tivesse experimentado uma quantia suficiente de coisas sobrenaturais e satânicas, poderia estar tomado na prática, de sentimentos de inferioridade. Paulo contra-argumentou: “na malícia… sede crianças!” (1Co 14.20). “Quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal” (Rm 16.19). Às vezes obtemos a impressão de que uma sólida superstição prende mais as pessoas que a fé singela em Cristo, que atua no amor.

Para esses “demais”, portanto, vale a promessa: Outra carga não jogarei sobre vós. Aqui pode residir uma explicação da brandura que com surpresa constatamos no versículo anterior, bem como a ausência de uma palavra de ameaça aos criticados: já sofreram o suficiente. Com isso o assunto está encerrado. Não devem ser impostas outras cargas de castigo ou sofrimento. Já está encerrado não apenas o prazo de clemência para Jezabel (v. 21), mas também o tempo de juízo para os demais.