Estudo sobre Apocalipse 11:13

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Apocalipse 11:13

Naquela hora, quando as testemunhas “acolheram” seu Senhor, houve grande terremoto. Não se deve confundi-lo com os tremores “em vários lugares”, de Mt 24.7 (cf. o exposto sobre Ap 6.12). O sexto selo já relatava o efeito desse último terremoto universal na vinda do Juiz sobre a natureza e o mundo dos seres humanos. Aqui ele está sendo relacionado com a “grande cidade”, a saber, a Babilônia.

E ruiu a décima parte da cidade. Que significado poderá ter esse dado na série dos números simbólicos? Os israelitas davam a Deus o dízimo, a fim de reconhecer seu direito sobre o todo. Confirmavam sua suprema soberania, bem como o seu próprio dever de lhe tributar. Essa “grande cidade”, porém, rejeitou essa reivindicação. Agora Deus a faz valer sob medida judicial. Ele abate um décimo, para realizar a subjugação do todo através desse sinal.

E morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas (“sete mil nomes das pessoas”). J. A. Bengel e outros haviam deduzido da destruição da décima parte da cidade e da morte dos sete mil que essas pessoas também perfaziam um décimo da população da cidade. Essas especulações esvaziam o texto. O que a décima parte significava em relação aos bens de Israel, isso os sete mil significavam para o contingente de pessoas em Israel (cf. 1Rs 19.18; Rm 11.4). Por meio dos sete mil Deus apresenta sua reivindicação sobre todos. É essa reivindicação, rejeitada imperdoavelmente, que ele está concretizando agora, punindo a todos nesses sete mil.

As outras ficaram sobremodo aterrorizadas. Ao que parece, compreendem corretamente os números simbólicos há pouco explicados, sentindo-se integralmente atingidas pelo juízo de Deus. A justificação das testemunhas diante dos seus olhos (v. 11), bem como esse golpe contra elas mesmas, trazem-lhes à presença Deus de tal forma que, de medo, desaparece neles qualquer blasfêmia.

E deram glória ao Deus do céu. O título de Deus utilizado aqui e em Ap 16.11 pode formar um certo contraste com a divinização da terra pelos “habitantes da terra” (cf. o comentário a Ap 3.10), que agora está ruindo. Afinal, pelo terremoto cósmico toda a glória da terra foi tão visivelmente desglorificada que o reconhecimento da glória de Deus não pode mais ser contornada. Ela abriu caminho para si de forma irresistível (Ap 14.6,7; 15.4).

A expressão bem genérica “dar a honra (glória) a Deus” não afirma desde já uma conversão à salvação. O AT traz numerosas subordinações a Deus que não aconteceram de coração. Sobre o monte Carmelo, sob a pressão do sinal divino, Israel deu a honra a Deus. De acordo com 1Rs 18.39 “todo o povo” se prostrou de rosto em terra perante Deus, mas já no capítulo seguinte, em 1Rs 19.18, são apenas sete mil que seguem a Iahweh. Além desse exemplo do tempo de Elias, pode ter servido de base para essa visão também um exemplo do tempo de Moisés. Faraó se submeteu sempre quando era forçado: conforme Êx 14.18, ele reconhece que Iahweh é Deus, e justamente nessa hora dirige-se para a destruição.

Como Ap 7, o trecho de Ap 11.1-13 constitui uma mensagem de consolo em meio aos juízos. Ele mostra a trajetória da igreja como prolongamento da história da salvação do AT, como serviço de testemunha do Crucificado entre todos os povos. Esse serviço acarreta um assemelhar-se com Cristo na morte e na ressurreição, desembocando na incontornável glorificação final de Deus. Muitas outras perguntas, p. ex., a da salvação ou perdição particular de todas as pessoas individualmente, não são respondidas aqui, porque não são abordadas.

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