Estudo sobre Apocalipse 11:2
Estudo sobre Apocalipse 11:2
Apocalipse 10:8-9
Mas deixa de parte (“lança fora”) o átrio exterior do santuário e não o meças. A expressão “lança fora!” assinala com a desejável clareza que em sua incumbência o anjo não pensa em nada além de pessoas, pois não é um átrio todo que deve ser jogado fora, mas ao contrário, os israelitas que não são identificados pelo núcleo central do templo devem ser excomungados. Não contam mais entre o povo de Deus, não são mais templo. Retira-se deles também a preservação espiritual. O “átrio” foi… dado aos gentios. Os israelitas que não pertencem aos verdadeiros adoradores no v. 1, ou seja, aos adoradores de Deus e do Cordeiro, são abandonados aos adoradores de ídolos (Ap 9.20,21) e de animais (cap. 13). Assim como lá foram excluídos da comunidade, são incluídos na comunidade daqui. Fora do núcleo do templo não se mantém nenhum verdadeiro Israel como terceira grandeza entre os gentios e a comunidade de Cristo, pois somente o núcleo do templo foi “medido”, i. é, preservado.
A expressão seguinte insere-se na mesma linha. Estes… calcarão (“pisarão”) aos pés a cidade santa. Na verdade “pisar” pode transitar para o sentido de “devastar”, “pilhar”, porém em muitos lugares, como também aqui, não se trata de destruição física, pois a cidade continua sendo habitada (v. 8-11). Ao contrário, a expressão requer uma compreensão aprofundada. Quem pisa algo com os pés, trata com menosprezo. Quando o pisar se refere a algo sagrado, a respectiva pessoa realiza um ato de profanação. No presente caso, a ação dirige-se expressamente contra a cidade santa, que em numerosas referências expressa Jerusalém. Essa Jerusalém – entenda-se Israel – transforma-se de cidade santa em Babilônia não santa. O v. 8 pronunciará de forma inequívoca e também fornecerá o motivo interior para essa profanação arrasadora e essa entrega ao mundo gentílico: a crucificação do Messias pelo povo messiânico e acima de tudo sua impenitência. Um povo é messiânico por intermédio de Deus e seu Messias, não por si próprio. Quando esse povo declara o Messias como não Messias, crucificando-o, e se aferra a essa posição apesar de toda a pregação de penitência (v. 3-7), ele volta a ser um povo não messiânico (cf. o exposto sobre Ap 2.9; 3.9), ele se conforma com o mundo.
Contudo, não é a cidade santa toda que sofre profanação. O interesse maior recai até sobre a parte “medida”, que é preservada diante dos gentios, da adoração de ídolos e animais. Esse núcleo de Jerusalém (v. 1) permanece excluído do juízo. Os verdadeiros adoradores adorarão cada vez mais, atuando como sacerdotes no templo de Deus. Como Lucas em Atos dos Apóstolos e como Paulo – singularmente na carta aos Romanos, o Ap tem ciência de um núcleo central de Israel convertido ao Messias, que forma o grupo básico para um povo de Deus renovado, para uma Nova Jerusalém e, um dia, para uma nova humanidade. Dessa maneira, a linha da salvação não sofre interrupção e a salvação não procede de outro lugar qualquer que não seja dos judeus (Jo 4.22).
O domínio total dos gentios sobre Israel, na parte que não pertence aos adoradores de Cristo preservados, é relacionado no texto com um determinado período: quarenta e dois meses. Essa indicação de prazo retorna a seguir mais quatro vezes, ainda que convertida em dias ou anos. Ela constitui um termo fixo, fazendo parte dos elementos de sustentação desses capítulos.
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Apocalipse 11:2