Estudo sobre Apocalipse 11:18

Estudo sobre Apocalipse 11:18

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Apocalipse 11:18

O v. 18 começa com uma retomada da rebelião dos povos contra a instituição do Messias no senhorio supremo. Na verdade, as nações se enfureceram. Dessa forma se sintetiza o que o Sl 2.1-3 ilustra da seguinte forma, conforme a tradução vigorosa de Martin Buber: “Para que as tribos do mundo se rebelam, e as nações resmungam no vazio! Reis da terra se apresentam, em conjunto reclamam os nobres contra ele, contra o Ungido: Rompamos suas amarras, soltemos de nós as suas cordas!” Era essa a resposta dos povos ao evangelho da ascensão ao poder por parte do Jesus crucificado e ressuscitado. “Não queremos que esse reine sobre nós!” Não esse, mas Barrabás! A ira contra a mensagem, porém, torna-se concreta na ira contra os mensageiros (Ap 12.12,17; 14.8; 19.2). Foi assim que outrora “vociferou” também Saulo com ameaças e morticínios contra os discípulos do Senhor” (At 9.1). De fato perseguia ao Senhor na pessoa deles (At 9.4).

A essa fúria dos povos responde a ira de Deus. Chegou, porém, a tua ira. O AT fala algumas centenas de vezes da ira de Deus (p. ex., novamente no Sl 2.5,11,12). Ausência de ira faz parte do conceito grego de Deus, não do bíblico (cf. excurso 13a). Um Deus sem ira seria um Deus sem amor, pois sua ira na verdade é amor ferido. Depois de muitas formas preliminares de sua ira acontece agora a forma derradeira, que derrota a fúria dos povos contra o evangelho.

No intuito de aprofundar a linha do pensamento, segue-se novamente uma formulação paralela. Chegou também o tempo determinado para serem julgados os mortos. Por meio do texto somos realmente transportados para o momento da ressurreição dos mortos. As visões das trombetas levam, pois, ao fim extremo da história. Contudo, abre-se uma saída positiva e uma negativa.

Para se dar o galardão aos teus servos, os profetas. Os servos fiéis ouvem o sim pleno de seu amor, o que obviamente não tem nada a ver com uma premiação por mérito de obras. O círculo de destinatários é delineado com duas formulações de três elementos cada. A primeira série começa com duas expressões que já aparecem muitas vezes coligadas no AT: teus servos, os profetas. Na explicação de Ap 1.1 mostrou-se que, na perspectiva peculiar do Ap, os que creem em Cristo formam uma comunidade de profetas. Entrementes o trecho Ap 11.3-13 o confirmou de maneira impactante. Se esses servos são profetas em vista de seu serviço, são santos em vista de seu vínculo mais íntimo. Esses santos de forma alguma devem ser imaginados como um segundo grupo ao lado das pessoas antes referidas. Pelo contrário, nessa passagem, quando se trata do prêmio dado por Deus, os servos são duas vezes definidos mais de perto, a saber, segundo o seu serviço e segundo a sua natureza.

Mais uma vez ressoa uma designação duplamente completada dos premiados, como também hoje numa distribuição de prêmios se identifica claramente os contemplados, acumulando-se solenemente designações honrosas. Eles também são aqueles que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes. No judaísmo tardio os não-judeus que compareciam aos cultos judaicos, sem passarem formalmente para essa religião – p. ex., pela circuncisão – eram chamados de tementes a Deus. Esse uso terminológico, porém, ainda não aparece no AT. Ali são honrados como os tementes a Deus justamente os israelitas devotos, que permanecem fiéis nos tempos de apostasia. O Ap transcende o uso linguístico de seu tempo e retoma o uso do AT. Conforme Ap 19.5 os que temem o nome de Deus são exatamente os servos de Deus, não realmente uma classe inferior de cristãos. Eles também coincidem com os pequenos e os grandes. Essa “fórmula da totalidade” (de Wette) anula todas as classificações. Deus não passa por cima de nenhum de seus fiéis.

Por meio de uma expressão muito sucinta também se faz referência ao reverso da ressurreição dos mortos. Também é hora de destruir os que destroem a terra. Em Ap 19.2 eles recebem o nome coletivo “Babilônia”. A Babilônia deteriora a terra por meio de idolatria universal. Já em Gn 6.11,12 diz-se: “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência”. A expressão “corromper”, “destruir” está apontando para uma espécie de ofensa e profanação do templo (cf. 1Co 3.17). A terra foi criada como templo de Deus, no qual Deus deveria ser louvado. Mas ela foi deturpada em sua finalidade e transformada de casa de oração em covil de ladrões. Este período de Noé retorna no fim dos tempos: “Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem” (Lc 17.26). Essa deterioração não exclui a destruição material. A Babilônia traz consigo um pouco de ouro e de lantejoulas e depois muitos destroços, fumaça e desolação (cap. 18). Sucessos iniciais submergem em guerras, fome, morte e pestes (Ap 6.1-8).

A punição corresponde à culpa, sim a culpa torna-se punição, ao inverter-se e recair sobre a cabeça do causador. Destruidores são destruídos, o mal não faz bem. Seria terrível se fosse diferente. Mas não é diferente. Por isso os louvores elevam-se no Ap. Isso não tem absolutamente nada a ver com sentimentos de satisfação vingativa e com alegria malévola (cf. o comentário a Ap 6.10).

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Apocalipse 11:18