Salmos 4 – Esboço de Pregação

Salmos 4


Quando a honra é perdida




O Salmo 4 é uma oração individual por ajuda. Sua ocasião é o problema causado pela falsidade. A honra daquele que ora foi prejudicada por uma mentira (v. 2). Apesar da angústia, nessa confiança a oração pede a Deus que ouça e ajude (v. 1), repreende aqueles que causam humilhação (vv. 2–5) e declara confiança em Deus (vv. 6–8). Na cultura do antigo Israel, a honra era de grande valor; é na maioria das sociedades. Honra é a dignidade e o respeito que pertencem à posição de uma pessoa em relação à família, aos amigos e à comunidade. Em Israel, sua perda teve consequências trágicas para a autoestima e a competência social. Envergonhar e humilhar uma pessoa era violência pior do que dano físico. O lamento de Jó por sua honra perdida (Jó 29) é um testemunho eloquente do sofrimento causado. Embora o termo e a noção não sejam proeminentes em nossa cultura, a realidade e a experiência disso são inerentes aos papéis e expectativas que pertencem a todas as relações sociais.

O salmista tem uma base de identidade que transcende os julgamentos dos outros - a relação com Deus. Ele chama o Senhor de “Deus de”. “Meu direito”, isto é, aquele de quem depende sua “justiça” como pessoa. A justiça de uma pessoa é finalmente uma questão de julgamento de Deus. Veja Isaías 50:8s, e Romanos 8:31.

De fato, a linguagem do salmo sugere uma situação em que o salmista já apelou a Deus e foi respondido, provavelmente em procedimentos sagrados, por uma palavra ou sinal que Deus identificou e reivindicou o salmista como um dos fiéis (v. 3) e, ao fazer isso, libertou aquele que ora das restrições da angústia (segunda linha do v. 1). Isso explicaria a exortação dirigida aos detratores (vv. 2–5), conclamando-os a estarem tremendo de temor antes. Em vez disso, eles deveriam trazer sacrifícios para expressar sua própria devoção à justiça, confiar em Deus e abandonar suas intenções maliciosas.

A oração termina com uma declaração da experiência da graça do salmista (vv. 6–8). Contrasta o humor de alguns na época com o de quem ora. Muitos em inquietante insatisfação com o que têm, fazem uma versão da antiga oração de Números 6:25: “Que a luz do teu rosto brilhe sobre nós, ó Senhor!” (v. 6), esperando um aumento de milho e vinho. Mas aquele que ora tem mais alegria, pois o dom de confiar em Deus transcende o valor de qualquer bem material. Esse dom traz consigo shalom, um senso de plenitude em relação a Deus, a si mesmo e aos outros. Nenhuma ansiedade e insônia o corrói a noite. O salmista se contenta em encontrar segurança em Deus.

O versículo 8 incitou os crentes através dos tempos a usar o Salmo 4 como uma oração noturna ou hino. Quer a honra de alguém tenha sido prejudicada por mal-entendido, falta de apreço, desprezo ou mentira, é bom no final do dia reparar a maravilhosa vindicação dada à fé no sinal de Jesus Cristo e saber com Paulo que “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).