Apocalipse 15 — Comentário Bíblico Online
Apocalipse 15 — Comentário Bíblico Online
Apocalipse 15
O capítulo 15 apresenta o cenário para o derramar das
pragas contidas nas sete taças. Ele consiste de três visões: 1) os anjos que
esperam; 2) os santos vitoriosos; ,3) os anjos emergentes. O Capítulo 16
apresenta uma descrição de cada uma das sete pragas.
a) Os anjos que esperam (15.1). Esse versículo
realmente forma um cabeçalho para o conteúdo dos capítulos 15-16. João viu outro
grande e admirável sinal no céu: sete anjos que tinham as sete últimas pragas,
porque nelas é consumada a ira de Deus. Há um caráter final acerca
disso. A linguagem mostra que essas pragas chegarão ao seu clímax. Consumada
literalmente significa “completa” ou “terminada”. Ira é thymos, “raiva
ardente”. O pecado, que afligiu a humanidade por tanto tempo, precisa ser
erradicado.
b) Os santos vitoriosos (15.2-4). João viu um como mar de vidro misturado com fogo (2).
Provavelmente, esse é o mesmo mar de vidro relatado em 4.6. Lá ele é descrito
como “semelhante ao cristal” em sua transparência. Aqui ele tinha uma incandescência
rosada, como se estivesse misturado com fogo. Swete sugere: “A
incandescência vermelha do mar representava o fogo pelo qual os mártires
passaram, e mais claramente, a ira prestes a cair sobre o mundo, que os havia
condenado”.'
Sobre esse mar vítreo, como se fosse um chão sólido,
estavam parados os que saíram vitoriosos da besta — literalmente, “os
que vinham vitoriosos da besta selvagem”. Lenski comenta: “Os conquistadores
chegaram como vitoriosos 'saindo da' batalha com a besta selvagem, com sua
imagem, e o número do seu nome”.' Esse número, é claro, é 666 (13.18). Esses
vitoriosos têm as harpas de Deus; isto é, harpas que Deus tinha dado a
eles, ou que pertenciam ao serviço de Deus. As harpas já foram mencionadas em
5.9 e 14.2.
Esses harpistas cantam e tocam. Eles cantam o cântico
de Moisés, servo de Deus (3). O contexto mostra que a referência não é ao
cântico final de Moisés em Deuteronômio 32. Em vez disso, trata-se do hino de
louvor cantado no mar Vermelho quando Deus libertou os israelitas dos egípcios
perseguidores (Êx 15). Esse hino também era um cântico de livramento da besta
ameaçadora.
Mas eles também cantaram o cântico do Cordeiro. Eles
são vitoriosos com Cristo sobre todo o poder do inimigo. Para as pessoas da
época de João, isso significava o imperador perseguidor. Para os cristãos de
várias épocas, têm ocorrido muitas aplicações. No fim dessa era, será a vitória
sobre o Anticristo.
O hino de adoração encontrado no restante do
versículo 3 e no versículo 4 é composto quase que inteiramente de palavras e
frases do Antigo Testamento (e.g., Sl 86.8-10; 111.2; 139.14; Am 4.13). Deus é
louvado pelas suas obras maravilhosas. A frase Rei dos santos não
recebe muito apoio dos melhores manuscritos. A escolha fica entre “Rei das nações”
(Phillips) e “Rei das eras” (RSV).145 O contexto pode favorecer
levemente a frase “Rei das nações”, que é o que a besta afirmava ser. No fim, todas
as nações virão e se prostrarão diante de ti (4). Porque os juízos (dihaiomata,
atos justos) são manifestos (“se tornaram manifestos”, NVI).
c)
Os anjos
emergentes (15.5-8). João escreve: E, depois
disto (gr., dessas coisas), olhei (“vi”, mesmo verbo que no v. 1), e
eis que o templo (santuário) do tabernáculo do testemunho se abriu no
céu (5). Aqui o autor de Apocalipse prefere a referência ao Tabernáculo —
chamado de “tenda do Testemunho” (Nm 9.15) — em vez referir-se ao Templo
posterior. O autor da epístola aos Hebreus faz a mesma coisa. Isso provavelmente
ocorre porque seu plano foi dado por revelação divina.
Os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do
templo. Eles estavam vestidos de linho puro e
resplandecente, com cintos de ouro, como os sacerdotes no Templo. Um dos quatro animais (“criaturas viventes”; veja comentários em Ap 4.6) deu aos sete
anjos sete salvas de ouro, cheias da ira de Deus (7). A palavra grega para salvas,
phiale, é encontrada somente em Apocalipse (Ap 5.8; 15.7; 16.1-17;
17.1; 21.9). Ela significa “uma taça rasa, usada para derramar libações,
etc”.' Outros significados atuais de salva podem induzir ao erro.
Diversas traduções trazem “sete taças de ouro”.
Esse Deus, cuja ira será derramada
sobre os rebeldes, é o que vive para todo o sempre. O autor de Hebreus
adverte que “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31). Nesse momento o
templo encheu-se com a fumaça da glória de Deus e do seu poder (8). Swete
observa: “Fumaça é um símbolo da Presença Divina no AT quando a majestade
impressionante de Deus se manifesta”.' Ninguém podia entrar no
santuário até que se consumassem (ou “completassem”) as sete pragas (cf.
Êx 40.35; 1 Rs 8.10).
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