Salmo 94 — Estudo Devocional

Salmo 94 

Deus, o justo juiz

O Salmo 94 é uma oração sincera por justiça diante da opressão e do mal. Fala da necessidade de confiança na soberania de Deus, da importância de buscar justiça e de encontrar conforto na presença de Deus. Aqui estão algumas aplicações de vida baseadas no Salmo 94:

1. Confie na Justiça de Deus: Este Salmo começa com um chamado para que Deus administre justiça aos ímpios. Na sua vida, confie na justiça de Deus, sabendo que Ele vê e, em última instância, responsabilizará os transgressores.

2. Ore por Justiça: Assim como o salmista ora para que Deus intervenha contra a injustiça, torne uma prática orar por justiça em sua própria vida e no mundo. Defenda aqueles que são oprimidos e sofrem.

3. Busque descanso em Deus: O salmista encontra conforto e descanso na presença de Deus, mesmo em meio a turbulências. Ao enfrentar desafios e injustiças, volte-se para Deus em busca de consolo e refúgio. Passe algum tempo em oração e meditação para encontrar a paz interior.

4. Proteja-se contra a raiva e a vingança: Ao buscar justiça, tenha cuidado para não deixar que a raiva ou o desejo de vingança o consuma. Confie no tempo e no julgamento de Deus e busque soluções pacíficas e legais para os conflitos.

5. Estenda o perdão: Considere estender o perdão àqueles que o injustiçaram, mesmo que a justiça não tenha sido totalmente cumprida. O perdão pode libertá-lo do fardo da raiva e do ressentimento.

6. Defenda os vulneráveis: assuma a causa dos vulneráveis e dos oprimidos. Envolva-se em trabalhos de caridade, defesa de direitos ou voluntariado para fazer uma diferença positiva na vida daqueles que sofrem injustiças.

7. Examine seu coração: reflita sobre suas próprias atitudes e ações. Peça a Deus para sondar o seu coração e revelar quaisquer atitudes ou comportamentos que possam contribuir para a injustiça ou prejudicar os outros. Procure viver com integridade e amor.

8. Permaneça firme na sua fé: A fé do salmista na justiça de Deus é inabalável. Ao enfrentar provações e dúvidas, permaneça firme em sua fé, confiando na bondade de Deus e em Seu plano final.

9. Construa uma comunidade de apoio: Cerque-se de uma comunidade de crentes que possam oferecer apoio, encorajamento e oração em momentos difíceis. Compartilhe seus fardos e busque conselhos sábios.

10. Ouça a Voz de Deus: Passe algum tempo lendo e meditando na Palavra de Deus. Ouça a orientação e a sabedoria de Deus ao procurar enfrentar as injustiças e os desafios em sua vida e na sociedade.

11. Ore por Sabedoria e Discernimento: Peça a Deus sabedoria e discernimento nos seus esforços para buscar justiça e lidar com os erros. Busque Sua orientação sobre a melhor forma de causar um impacto positivo.

12. Ofereça conforto aos outros: Assim como o salmista encontrou conforto em Deus, seja uma fonte de conforto e apoio para outros que enfrentam injustiças ou circunstâncias difíceis. Ofereça um ouvido atento, uma mão amiga ou uma palavra de encorajamento.

Devocional

O Salmo 94 nos lembra da importância de buscar a justiça, confiar na justiça de Deus e encontrar refúgio em Sua presença. Encoraja-nos a ser agentes de mudança positiva num mundo onde a injustiça pode prevalecer e a fazê-lo com um coração alinhado com os princípios de amor e justiça de Deus.

94.1-23 Tu és o juiz. Este é um dos chamados Salmos de vingança, nos quais o povo pede que Deus faça alguma coisa perante as injustiças. Um tema sempre atual, infelizmente. A sequência dos salmos, que pula de um “alto louvor” (Sl 93) para um “alto desejo de vingança”, está de acordo com as mudanças na vida: um dia estamos bem, noutro somos assolados por coisas terríveis. A Palavra do Senhor acompanha nossos ritmos, e tudo pode ser levado à presença de Deus — inclusive nosso desejo de que os inimigos sofram, como aqui. Veja o quadro “Orações vingativas”.

94.1 Deus que castiga. O desejo por justiça é muito forte no coração humano. Em muitos momentos, queremos que Deus assuma nossas causas e aja segundo o entendimento tradicional, que considera alguns como maus e, portanto, merecedores de punições. É saudável que expressemos para Deus estes sentimentos de raiva e indignação. Mas também será saudável aprendermos de Deus (v. 12); Jesus nos ensinou que, na verdade, nós não somos melhores do que nossos ofensores. Temos dificuldades para compreender que a justiça de Deus se articula com seu amor e misericórdia e inclui a possibilidade do perdão. Mostra a tua ira. Veja o quadro “Raiva humana e ira divina” (Sl 76).

94.2 dá aos orgulhosos o que eles merecem. A Bíblia nos aconselha a não tomarmos a vingança em nossas mãos, mas nos ajuda a pedir que Deus faça isso por nós. Ele é o supremo juiz, de todos! Chouraqui comenta que por ocasião da destruição do primeiro Templo, os noviços subiram ao terraço e cantaram este salmo.

94.3-4 Até quando os maus continuarão alegres? “Até quando, Senhor” é uma frase repetida por aqueles que sofrem: parece que é interminável, que não acaba nunca. Deus acolhe a dor dessa hora; assim como o salmista, podemos dirigir o clamor a ele — tanto individualmente como em grupo. Este é um tema para reflexão: nossas comunidades de fé atualmente pouco clamam o “até quando” — e muitas vezes se perdem em canções superficiais, somente de celebração, que não tocam na dor do seu povo. Que oremos até pelos que nos perseguem, e que também seja ouvido nosso clamor por justiça!

94.5-7 Ó SENHOR, eles esmagam… e exploram. Constatar que o mal prolifera é algo desafiador. Perceber que o ofensor se sai bem, inclusive diante dos tribunais humanos é revoltante. O povo, os fiéis, as viúvas, órfãos e estrangeiros são oprimidos, e a sensação de impunidade faz com que os mesmos grupos de pessoas continuem sendo esmagadas. Será que nós temos protestado como o salmista?

94.8 Quando é que vocês vão criar juízo? A sensação de impunidade é burrice; ganhar agora e perder a eternidade é falta de juízo, como ensinou Jesus.

94.9 Foi o SENHOR quem fez os nossos olhos. Como é tolice pensar que aquele que fez ouvidos e olhos não possa ouvir e ver. Parece que, na medida em que a antropologia materialista predomina (que diz que o ser humano é composto de partículas ajuntadas por acaso e não tem criador), aumenta a sensação de impunidade, e assim aumenta a maldade, inclusive as guerras. Este é um bom tema para discutir em grupos…

94.10-11 será que ele não tem sabedoria? Repare no contraste entre a sabedoria do Senhor e a “esperteza” das pessoas que oprimem os fracos para lucrarem para si. O SENHOR conhece os pensamentos das pessoas. O Senhor é grandioso em tudo: benignidade, misericórdia, juízo e perdão. Deus conhece todos os nossos pensamentos; até o mais íntimo do nosso ser é visto e sentido por Deus.

94.12-13 felizes são aqueles que tu ensinas. Aqui temos uma virada: se os opressores se fiam em sua impunidade e assim são tolos e serão infelizes, os que se deixam ensinar pelo Senhor são felizes e tranquilos. Isso é claramente ilustrado por Jesus em seu sermão do monte (veja Mt 5.3-11, notas). A salvação da vaidade humana está em se deixar ensinar por Deus.

94.17 Se o SENHOR não tivesse me ajudado, eu já teria ido para a terra do silêncio. Essa constatação podemos fazer sempre de novo: é o Senhor que mantém a vida, inclusive a nossa.

94.18 quando senti que poderia morrer, o teu amor me amparou. Que bela mensagem de confiança no amor de Deus!

94.19 Quando estou aflito e preocupado, tu me consolas e me alegras. A partir dessa experiência difícil, o salmista testemunha que tem refúgio em Deus, em dois sentidos: consolo e alegria.

94.20-21 juízes desonestos… fazem a injustiça parecer justiça… e condenam à morte os inocentes. Infelizmente, isso continua sendo uma realidade. Somos ensinados a não confiar cegamente nas instituições humanas, pois elas podem falhar. Os salmos também servem para denunciar a realidade social injusta — algo que muitas vezes esquecemos de fazer!

94.22 Mas o SENHOR me defende. Esta é a confiança que temos: um Juiz maior que todos, que é nosso protetor. No Novo Testamento, o Espírito Santo e Jesus são mostrados como nosso Advogado (Rm 8.26-27; 1Jo 2.1).

94.23 Ele castigará esses juízes. A esperança de que a injustiça um dia será castigada por Deus nos conforta no tempo atual.

Orações vingativas
Por estarmos acostumados aos ideais cristãos de amor a Deus e ao próximo (incluídos os próprios inimigos), podemos nos sentir chocados com a linguagem agressiva encontrada em alguns versos dos Salmos. Mas estes trechos devem ser entendidos, primeiramente, dentro do contexto histórico em que foram escritos, quando perseguições, violências e guerras afligiam tanto a indivíduos como a todas as nações. Eles podem ser vistos como gritos desesperados dos oprimidos em meio a tiranias cruéis. Não estão registrados para nos sugerir que os imitemos em nossas ações.

Olhando-os mais de perto, porém, percebemos que se revelam aí desejos raivosos muito comuns a nós humanos. A tendência natural é requerermos que todas as ofensas recebidas sejam retribuídas à altura, que os opositores sejam sufocados e destruídos. Em geral, somos amistosos enquanto não nos sentimos humilhados ou prejudicados. O potencial de ódio e agressividade que existe dentro de cada um de nós é muito grande, e versos como estes deixam isso manifesto. Essas porções dos Salmos, então, podem nos ajudar a reconhecer que nosso coração por vezes também abriga sentimentos “feios” e reprováveis, como o ódio e o desejo de vingança. Com essa aceitação da realidade de nossa maldade, esses salmos poderão nos ajudar a lidar honestamente com o mal em nós, e a fazê-lo da melhor forma possível: levando-o para Deus em oração.

A Bíblia não esconde as características e limitações humanas de seus escritores. O Espírito Santo, que é seu autor em última instância, não se esquivou de usar instrumentos falhos e não os maquiou artificialmente. Por isso mesmo, ela é um livro contagiante que nos fala a partir daquilo que experimentamos em nossa própria realidade. Ela pode assim conduzir-nos a Jesus Cristo, conscientes de nossa maldade e na busca de superação e perdão (para nós e para nossos opressores), pedindo que nos socorra e ensine na difícil arte de amar. Veja também o quadro “Raiva humana e ira divina” (Sl 76).