Apocalipse 2 — Estudo Teológico das Escrituras

Estudo Teológico de Apocalipse 2







Apocalipse 2

2.1—3.22 Embora essas sete igrejas fossem, de fato, igrejas históricas na Ásia Menor, elas representam os tipos de igrejas que sempre existem no decorrer do tempo da igreja. O que Cristo diz a essas igrejas é relevante em todos os tempos.

2.1anjo. O presbítero ou pastor da igreja (veja nota em 1.20). Éfeso. Era um a cidade no continente, a c. 5 km distante do mar, mas a ampla desembocadura do rio Caister permitia acesso e favorecia a existência do maior porto da Ásia Menor. Quatro grandes vias comerciais passavam por Éfeso; portanto, essa cidade tornou-se conhecida com o portão de entrada para a Ásia. Era o centro do culto a Artemis (grega) ou Diana (romana), cujo templo constituía um a das Sete Maravilhas do mundo antigo. Paulo ministrou ali durante três anos (At 20.31) e, mais tarde, reuniu-se com os presbíteros de Éfeso no caminho para Jerusalém (At 20). Timóteo, Tíquico e o apóstolo João serviram a essa igreja. João estava em Éfeso quando foi preso por Domiciano e exilado 80 km adiante, em Patmos. sete estrelas. Veja nota em 1.16. sete candeeiros. Veja nota em 1.12. 2.2 se declaram apóstolos. A igreja de Éfeso exercia discernimento espiritual. Sabia com o avaliar homens que reivindicavam liderança espiritual por meio de sua doutrina e com portamento (cf. 1Ts 5.20-21).

2.3 — não te deixaste esmorecer. Durante 40 anos, a partir da sua fundação, essa igreja havia permanecido fiel à Palavra e ao Senhor. Apesar de dificuldades e da perseguição, os membros perseveravam, sempre impulsionados pelo motivo correto, ou seja, pelo nome e reputação de Cristo. 2.4 abandonaste o teu primeiro amor. Ser cristão significa amar ao Senhor Jesus Cristo (Jo 14.21,23; 1Co 16.22). Mas a paixão e o fervor dos efésios por Cristo haviam se tornado ortodoxia fria e mecânica. Sua pureza doutrinária e moral, seu imenso zelo pela verdade e seu disciplinado serviço não eram substitutos para o amor a Cristo, que eles haviam abandonado.

2.5 moverei do seu lugar o teu candeeiro. O juízo de Deus traria o fim da igreja de Éfeso.

2.6as obras dos nicolaítas. Também um problema em Pérgamo (vs. 12-15), essa heresia era semelhante ao ensino de Balaão (vs. 14-15). Nicolau significa “o que conquista pessoas”. Irineu escreve que Nicolau, que foi nomeado diácono em At 6, era um crente falso que mais tarde apostatou, mas, por causa de suas credenciais, conseguiu desviar a igreja. E, como Balaão, conduziu pessoas à imoralidade e à perversão. Os nicolaítas, seguidores de Nicolau, estavam envolvidos em imoralidade e seduziam a igreja com tentações sensuais. Clemente de Alexandria diz: “Eles se entregavam ao prazer como cabritos, levando uma vida de autoindulgência”. O ensino deles pervertia a graça e substituía a liberdade pela licenciosidade.

2.7 Ao vencedor. Segundo a definição do próprio João, ser vencedor significa ser cristão (veja nota em 11o 5.4; cf. vs. 11,17,26; 3.5,12,21). árvore da vida. Verdadeiros crentes usufruem a promessa do céu (veja notas em 22.2; C n 2.9).

2.8 anjo. Veja nota no v. 7. Esmirna. Significa “mirra”, substância usada como perfume e muitas vezes para a unção de cadáveres para propósitos aromáticos. Chamada de a coroa da Ásia, essa antiga cidade (atual Izmir, Turquia) foi a mais bela da Ásia e um centro de ciência e medicina. Sempre do lado do vencedor em guerras romanas, a intensa lealdade de Esmirna a Roma resultou em forte culto ao imperador. Cinquenta anos depois da morte de João, Policarpo, pastor da igreja de Esmirna, foi queimado vivo aos 86 anos de idade, ao se recusar a adorar César. A grande comunidade judaica na cidade também era hostil à Igreja primitiva, o primeiro e o último. Veja nota em 1.17.

2.9se declaram judeus. Embora fossem judeus fisicamente, não eram verdadeiros judeus, mas espiritualmente pagãos (cf. Rm 2.28). Eles se associaram com outros pagãos para matar cristãos, na tentativa de erradicar a fé cristã, sinagoga de Satanás. Ao rejeitar o Messias, o judaísmo se tornou um instrumento de Satanás tanto quanto o culto ao imperador. Ap 1.8,17-18, Lc 12.21, Rm 2.17. Ap 3.9,10; Mt 10.22 , Mt 24.13

2.10 diabo. Nome grego para o arqui-inimigo de Deus, que significa “acusador”. Para uma discussão sobre Satanás, veja notas em Et 6.10-17. tribulação de dez dias. Seu aprisionamento será breve, coroa da vida. É a coroa que é vida, ou a recompensa que é vida, não uma coroa em si para adornar a cabeça. “Coroa”, no presente caso, não se refere a algum tipo de adorno usado por reis, mas a uma coroa dada a atletas vitoriosos.

2.11 — O vencedor. Identifica cada cristão (veja nota no v. 7). segunda morte. A primeira morte é apenas física; a segunda é espiritual e eterna (cf. 20.14).

2.12 — anjo. Veja nota em 1.20. Pérgamo. Lit., significa “fortaleza” e dela provém o termo pergaminho — material de escrita desenvolvido de peles de animais, que aparentemente foi primeiramente desenvolvido nessa área. Pérgamo (atual Bérgama) foi construída numa montanha de 300 m de altitude num amplo e fértil planalto, c. 36 km do mar Egeu. Serviu como capital da província romana da Ásia Menor durante mais de 250 anos. Era importante centro religioso de cultos pagãos a Atena, Asclépio, Dioniso (ou Baco, deus da embriaguez) e Zeus. Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo a César (29 a.C.) e tornou-se a capital do culto a César, espada afiada de dois gumes. Veja nota em 7.76.

2.13 — onde está o trono de Satanás. A s bases da oposição satânica e um a base gentílica para falsas religiões. Na acrópole de Pérgamo havia um enorme altar em forma de trono dedicado a Zeus. Asclépio, o deus da cura, era a divindade mais intimamente ligada a Pérgamo. Sua forma em semelhança de serpente ainda hoje é um símbolo médico. A famosa escola de medicina ligada ao seu templo misturava medicina com superstição. Uma das receitas para os adoradores era a recomendação de dormirem no chão do templo, permitindo que serpentes deslizassem sobre o corpo deles e os impregnasse com seu poder de cura. Antipas. Provavelmente o pastor da igreja, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto. A tradição diz que Antipas foi queimado até morrer dentro de um touro de metal. Pelo fato de tantas testem unhas fiéis terem sido mortas, a palavra “mártir” desenvolveu a definição que tem hoje.

2.14 — doutrina de Balaão. Balaão tentou sem sucesso prostituir o seu dom profético e amaldiçoar Israel em troca de dinheiro que lhe foi oferecido por Balaque, rei de Moabe. Por isso preparou um plano segundo o qual mulheres moabitas seduziam homens israelitas a se casarem com elas. Isso resultou em união blasfema de Israel com festas de fornicação e idolatria (para a história de Balaão, veja N m 2 2 —25). coisas sacrificadas aos ídolos. Veja At 15.19-29.

2.15 — Outrossim, também tu. O ensino dos nicolaítas conduziu ao mesmo com portamento que os esquemas de Balaão. doutrina dos nicolaítas. Veja nota no v. 6. 2.1 G espada da minha boca. Veja nota em 7.76.

2.17 Ao vencedor. Veja nota no v. 7. maná escondido. Assim com o Israel recebeu m aná, Deus prometeu dar ao verdadeiro crente o pão espiritual que o mundo descrente não pode ver: Jesus Cristo (cf. Jo 6.51). pedrinha branca. Quando um atleta vencia nos jogos, muitas vezes recebia, com o parte do prêmio, uma pedra branca, que era um bilhete de entrada para a celebração da entrega dos prêmios aos vencedores. Isso talvez retrate o momento em que o vencedor receberá o bilhete para que possa participar da celebração da eterna vitória no céu. nome novo. Uma mensagem pessoal de Cristo aos que ele ama, que serve como bilhete de entrada à eterna glória. É tão pessoal que somente a pessoa que a receber saberá o que é. 2.18 anjo. Veja nota em 1.20. Tiatira. Localizada a meio caminho entre Pérgamo e Sardes, essa cidade esteve sob o governo romano durante quase três séculos (c. 190 a.C.). Pelo fato de a cidade estar situada num longo vale que, por 64 km, conduzia a Pérgamo, ela não contava com defesas naturais, e tem uma longa história de destruições e reconstruções. Originalmente habitada por soldados de Alexandre, o Grande, era um pouco mais do que um posto militar avançado para guarnecer Pérgamo. Lídia vinha dessa cidade para fazer seus negócios e foi convertida sob o ministério de Paulo (At 16.14-15). os olhos como chama de fogo. Cf. 19.15; veja nota em 7.75.

2.20 — Jezabel. Provavelmente pseudônimo de uma mulher que influenciava a igreja do mesmo modo que Jezabel havia influenciado os judeus do AT com sua idolatria e imoralidade (cf. IRs 21.25-26). prostituição. sacrificadas aos ídolos. Cf. At 15.19-29; veja nota no v. 7 4.

2.22 — a prostro de cama. Havendo dado tempo para essa mulher se arrepender, Deus estava por julgá-la sobre uma cama. Já que usava uma cama luxuosa para cometer imoralidade, e o divã reclinável na festa do ídolo para comer coisas oferecidas a falsos deuses, Deus lhe dará uma cama no inferno, na qual ela ficará para sempre.

2.23 —seus filhos. A igreja tinha c. 40 anos de existência quando João escreveu, e o ensino dela produzira uma segunda geração, que advogava a mesma devassidão, que sonda mente e corações. Deus tem conhecimento perfeito e íntimo de cada coração humano; nenhum mal pode ser escondido dele (Sl 7.9; Pv 24.12; Jr 11.20; 17.10; 20.12). segundo as vossas obras. Sempre a base para o futuro juízo (20.12-13; Mt 16.27; Rm 2.6). As obras não salvam (Ef 2.8-9), mas evidenciam a salvação (Tg 2.14-26). 2.24 as coisas profundas de Satanás. Essa incrível libertinagem e licenciosidade foram o fruto do ensino pré-gnóstico, segundo o qual a pessoa estava livre para envolver-se e explorar a esfera de Satanás e participar do mal com o corpo sem prejudicar o espírito (veja Introdução a 1 João: Pano de fundo).

2.26 — Ao vencedor. Veja nota no v. 7.

2.27 — com cetro de ferro as regerá. Lit., “apascentar com uma vara de ferro”. Durante o reino milenar, Cristo vai usar de força para impor a sua vontade e proteger as suas ovelhas com o seu cetro de todo aquele que procurar feri-las (cf. SI 2.9).

2.28 — estrela da manhã. Mais adiante João revela que Cristo é “a Estrela da manhã”. Embora a estrela da manhã já tenha nascido no nosso coração (2Pe 1.19), um dia nós a teremos em sua plenitude.


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