Estudo sobre Colossenses 3:13-14
Estudo sobre Colossenses 3:13-14
Paulo tem em vista sobretudo a vida na própria igreja. Afinal, considera a igreja de Jesus como uma irmandade claramente circunscrita que vive uma vida de certa forma separada de seu entorno, ainda que como missionária lhe caiba avançar constantemente para dentro desse contexto. É aqui na igreja que se mostra a verdadeira santificação. Não é em performances esdrúxulas, nas tímidas proibições “Não toque, não experimente, não mexa!”, mas no fato de que a vida na irmandade seja vivida “suportando-se uns aos outros, perdoando-se mutuamente, quando alguém tem uma queixa contra outro”. Traduzir o kathos da breve justificativa por “assim como” é um pouco fraco. O termo tem uma conotação de “em correlação ao que”, e até mesmo de “em virtude de que”. Desse modo se expressa uma justificativa não de princípio teórico, mas de grande eficácia prática. É verdadeiramente santificado quem consegue perdoar. Quando, porém, será capaz disso? Não quando tenta se obrigar a isso, não quando se torna um santo vaidoso com toda sorte de artes ascéticas, mas com certeza quando a própria pessoa experimenta poderosamente o perdão de seu Senhor e se situa todos os dias dentro dessa experiência.
“Junto disso tudo, porém, o amor, que é um laço de unidade da perfeição.” O prefixo syn, que aparece antes da palavra “laço, ligação”, foi reproduzida aqui com “laço de unidade”. Por terem um senso linguístico diferente, os gregos utilizam o genitivo para expressar algo que nós preferimos dizer por meio de adjetivo e advérbio: “Esse é um laço que mantém completamente coeso”. Talvez se tenha em mente o cinto que manterá em seu lugar todo o esplendor das vestimentas dos eleitos de Deus. Talvez a pessoa que ditava a carta também tenha sido conduzida pela recordação da igreja. Paulo já falara em Cl 2.19 de “laços e tendões” que cuidam do corpo e o mantêm unido, e em Cl 2.2 também de “permanecer unidos em amor”. De qualquer modo, assim como em 1Co 13 o amor aparece no meio de todos os dons espirituais como o “caminho ainda mais precioso”, assim o amor também constitui a coroa da verdadeira santificação. Essa santificação não cria corifeus solitários, que ostentam seus grandes feitos de santificação e assim dividindo a igreja, mas posiciona dentro da irmandade e lhe serve, sintetizando tudo o que foi referido anteriormente. No entanto, para que não ocorram perigosos equívocos, temos de lembrar que esse amor, a ágape, de forma alguma é o que nós comumente entendemos por “amor cristão”. Tampouco ele é algo que possuímos a partir de nós mesmos e que por consequência pudéssemos apresentar como vantagem. Não podemos afirmar, por exemplo: pois bem, para quê uma “fé” complicada, para quê todo esse estranho estar morto e ressuscitado com Cristo? Simplesmente “amamos”, e tudo está bem. Não, justamente não és capaz de “amar”. Toda a tua bondade e gentileza natural pertencem ao “velho ser humano” e estão contaminados pelo eu, de modo que precisam morrer! Somente alguém que foi incompreensivelmente amado por Deus, alguém que foi salvo pela cruz do Cristo será capaz de amar com o amor verdadeiro, divino, devendo por isso evidentemente também vestir esse amor “para com todos esses”.
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Colossenses 3:13-14