Estudo sobre Colossenses 3:15
Estudo sobre Colossenses 3:15
Em Cl 1.24 ouvimos de “tribulações de Cristo”, em Cl 2.11 de uma “circuncisão de Cristo”. Agora ouvimos a respeito da “paz do Cristo”. Ela “seja determinante em vossos corações”. Paulo utiliza a mesma raiz semântica da qual antes derivou a expressão “negar o prêmio da vitória” (Cl 2.18). Logo se tem em mente a atividade do árbitro. Quando nosso coração indaga: “O que devo fazer agora? Que rumo devo tomar? Que palavra direi?” então a paz do Cristo deve ditar a decisão. Dessa “paz” já se falou na saudação inicial. Em seguida ouvimos que ela foi conquistada por Cristo “pelo sangue de sua cruz” (Cl 1.20), ao eliminar a nota promissória que nos tirava a paz e nos acusava.
“Paz” é um daqueles conceitos que não se pode “explicar” nem tornar compreensível por mais exaustivas que sejam as considerações. Quem, no entanto, encontrou “paz” sabe muito bem que a possui e a inefabilidade que essa palavra contém. “Paz” pode abarcar todos os bens da salvação, a paz com Deus (Rm 5.1) assim como a decorrente paz do coração e a paz para com as pessoas. “Paz” é aquilo que as pessoas separadas de Deus jamais conseguem ter (Is 57.20s). Unicamente na redenção por meio de Cristo e na comunhão de vida com ele encontramos essa paz, que justamente por isso se chama “a paz do Cristo”.
Por isso essa “paz” não tem nada a ver com transigência natural e pusilanimidade pessoal. Existe uma “pacificidade” que não passa de “carne”. Foi justamente a paz do Cristo que determinou os corações de Paulo e Timóteo quando decidiram continuar a árdua luta pela igreja em Colossos e resistir implacavelmente a todos que tentavam confundir essa igreja. A “paz do Cristo” é sempre a paz daquele que não veio para trazer paz, mas a espada (Mt 10.34). Ao mesmo tempo, porém, é realmente ela que mantém coesa a igreja “em um só corpo”. Quantas cisões dolorosas e denegridoras do nome de Jesus teriam deixado de ocorrer na igreja se, em vez da teimosia, da necessidade de afirmação e às vezes também do ardor político, a paz do Cristo tivesse sido determinante nos diálogos e negociações, em assembleias sinodais e disputas teológicas. A “coesão dos corações em amor e para a riqueza total da plena certeza do entendimento” somente tem êxito naqueles que se encontram na paz da cruz de Jesus, na paz do perdão e que permitem que essa paz seja decisiva. É dessas pessoas santificadas na paz do Cristo que a igreja precisa.
O trecho encerra com uma referência à gratidão. Evidentemente Paulo considerou que ser agradecido era uma questão muito importante, não apenas uma “bela característica”. Desde sua primeira carta a uma igreja (1Ts 5.18) ele lembra constantemente dessa tarefa, considerando o “agradecer sempre por tudo” um dos meios pelos quais uma igreja se torna “cheia do Espírito” (Ef 5.18,20). Por isso declara também aqui: “e tornai-vos agradecidos”. Pois podemos nos tornar cada vez mais agradecidos, ainda que já o sejamos. Esses são os verdadeiros “santos” que agradam a Deus e às pessoas, que sabem agradecer do fundo do coração sem cessar.
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Colossenses 3:15