Estudo sobre Colossenses 3:19-21

Estudo sobre Colossenses 3:19-21


“Maridos, amai vossa esposa e não vos torneis amargos contra elas.” Ao marido não é dito: assuma uma posição de superioridade! Exerça sua prerrogativa! Nada disso. Os idiomas latinos expressam com muita precisão: somente um “autor” possui “autoridade”, alguém capaz de criar, de dar. Enquanto a mulher anda pelo caminho de Jesus na subordinação voluntária, o marido anda por ele ao “amar”. Nessa palavra ao marido o “Senhor” não é citado, mas se encontra no centro dela através do termo agape = “amor”! Esse termo sempre se refere ao amor claro e dadivoso oriundo de Deus, não excluindo a afeição natural, mas que por essência é algo completamente diferente. Como “laço de unidade da perfeição” (Cl 3.14) engloba tudo o que foi dito a respeito do “coração de compaixão”, etc. Para cumprir corretamente a tarefa de liderança no matrimônio e no lar são necessárias justamente também “bondade”, “humildade”, “mansidão”. “Amai a esposa” é uma formulação curta, cujo conteúdo, porém, representa toda a riqueza do matrimônio, confiada à responsabilidade do marido.

Não está bem claro o que Paulo imaginou ao usar a expressão “tornar-se amargo”. Será que pensa especificamente em relacionamentos matrimoniais difíceis? Talvez até mesmo na possibilidade de que a mulher despertada para a fé cristã tenha uma vida mais autônoma e séria do que antes, quando talvez era apenas “dona de casa”? Será que tem em mente a maneira especial pela qual a mulher é capaz de irritar e amargurar o homem? Ou será que, pelo contrário, pensa simplesmente no jeito natural do homem, de se incomodar e reagir com aspereza? Seja como for, essas perturbações do matrimônio podem ser superadas. Segundo essas simples declarações, homem e mulher podem lidar um com o outro em santidade.

“Filhos, obedecei aos pais em tudo; pois isso é agradável no Senhor.” Agora de fato gostaríamos de ter uma noção real da vida nos lares daquele tempo. Será que a época era marcada pelos traços do desregramento e da dissolução também no fato de que os filhos consideravam a obediência uma exigência superada, impossível? De acordo com Rm 1.30 parece que sim. Nesse caso uma casa “cristã” pode e precisa ser fundamentalmente diferente. Os filhos são interpelados pessoalmente. Evidentemente trata-se de filhos mais crescidos, aos quais é possível dirigir a palavra, e de filhos crentes, que podem ser remetidos ao Senhor, ao qual conhecem e amam. Apesar disso não é fácil para eles obedecer. Será que somente eles devem ser tão arcaicos, enquanto seus camaradas, amigos e amigas em redor têm liberdades muito maiores? Será que somente eles devem aceitar tudo e pedir permissão em qualquer coisinha? Devem submeter-se a tudo, inclusive quando como geração mais jovem encaram muitas coisas de maneira bem diferente? Sim, reponde Paulo, obedecer “em tudo”. Por que, afinal? Novamente a justificativa é bem singela: assim agrada ao Senhor! Nosso parâmetro já não são nossas próprias opiniões e sentimentos instáveis. Não precisamos nos guiar por teorias que hoje ensinam uma e amanhã outra coisa. Vivemos – também como filhos – sob o Senhor. O que ele requer de nós é determinante. O fato de ele se agradar faz com que também as coisas difíceis se tornem fáceis. Acontece que a ele agrada a obediência. Como sabemos disso? Porque ele, o Filho amado, foi pessoalmente “obediente até a morte, e morte na cruz”, porque “era seu alimento fazer a vontade daquele que o havia enviado” (Fp 2.8; Jo 4.34). Mais uma vez não se trata, portanto, de “moral”, muito menos da moral dos adultos que declara que “filhos têm de obedecer”, porque isso é o mais cômodo para os adultos. É a vida séria de “morto” e “ressuscitado”, a vida séria em e com Cristo, que para o filho no lar resulta em pronta e total obediência.