Lucas 13 — Estudo Devocional
Lucas 13
Lucas 13 oferece um capítulo repleto de mensagens de arrependimento, urgência e paciência de Deus. Através de histórias da figueira, da porta estreita e do lamento de Jesus sobre Jerusalém, bem como dos ensinamentos sobre a cura no sábado, este capítulo nos convida a refletir sobre nossa resposta à graça de Deus, a brevidade da vida e a importância de voltando-se para Ele.
O capítulo começa com o chamado de Jesus ao arrependimento. Ele responde às perguntas da multidão sobre acontecimentos trágicos e lembra-lhes que as calamidades servem como lembretes da necessidade de arrependimento pessoal. A história da figueira destaca o conceito de dar frutos – tanto em termos de uma vida transformada como de resposta à graça de Deus. Isto serve como um lembrete de que a paciência de Deus tem como objetivo nos levar ao arrependimento e ao crescimento.
A parábola da porta estreita sublinha a importância de lutar pela salvação. A estreiteza da porta sugere que o caminho para a vida eterna requer uma escolha e um esforço conscientes. Jesus enfatiza que nem todo aquele que afirma conhecê-Lo entrará no reino dos céus; antes, são aqueles que têm um relacionamento genuíno com Ele e vivem de acordo com Seus ensinamentos.
O lamento de Jesus sobre Jerusalém revela Seu coração para aqueles que O rejeitam. Ele deseja reuni-los como uma galinha reúne seus pintinhos, mas a resistência deles O impede de estender Sua proteção. Este lamento destaca o desejo de reconciliação de Deus e as consequências de rejeitar a Sua graça.
O capítulo também inclui ensinamentos sobre cura no sábado. A compaixão de Jesus pela mulher presa por um espírito incapacitante revela Seu coração pela restauração e libertação. Este relato desafia-nos a dar prioridade aos actos de compaixão e cura, mesmo quando estes possam desafiar as normas tradicionais.
Lucas 13 nos convida a refletir sobre a urgência de responder ao chamado de Deus ao arrependimento e à salvação. Estamos produzindo o fruto de uma vida transformada, evidência da graça de Deus operando em nós? Estaremos entrando pela porta estreita de um relacionamento sincero com Jesus, em vez de confiar em profissões vazias? E estamos respondendo à compaixão de Deus ao estender a cura e o cuidado aos outros, mesmo quando isso exige sair da nossa zona de conforto?
Ao meditarmos em Lucas 13, possamos reconhecer a brevidade da vida e a urgência de fazer uma escolha por Cristo. Que possamos atender ao chamado ao arrependimento, abraçando o amor paciente de Deus e nos esforçando por um relacionamento genuíno com Ele. E que possamos responder à Sua compaixão estendendo o Seu amor e cura àqueles que nos rodeiam, incorporando o poder transformador da Sua graça num mundo destruído.
Devocional
13.1-5 vocês pensam que eles eram piores do que os outros? Como muitos fazem ainda hoje, algumas pessoas pensavam que sofrimento e morte eram consequência direta de algum pecado cometido. Jesus deixa claro que não há quem peca mais e por isso sofre castigos piores, e sim que todos os homens são igualmente pecadores. Sofremos porque o mundo é mesmo um lugar mau e pecaminoso, quer quanto à decisão das pessoas e seus interesses — o caso de Pilatos mandar matar aqueles galileus em pleno culto — quer quanto ao acidente no bairro Siloé. a torre caiu em cima deles. O que possivelmente tenha sido um acidente de trabalho passou a ser visto como castigo divino. Mas Jesus pensava diferente: somos todos merecedores da morte, porque todos pecamos. Da mesma forma as tragédias de hoje, como "tsunamis", vulcões, inundações, etc., que muitos consideram "atos de Deus", mas que absolutamente não se encaixam no que a Bíblia diz ser o caráter de Deus. Cabe lembrar que, além da morte última, Jesus também se referia a arrepender-se de viver sem Deus, sem amá-lo, viver sem usufruir sua bondade, misericórdia, sua compaixão (por exemplo, Lc 9.25). Viver dependente de atos religiosos e obrigações formais, uma vida sem esperança, não tendo Deus como conselheiro da alma e apoio para a vida, é uma vida tão pobre, limitada, medrosa, feia, desagradável: uma verdadeira "morte". Como diz Phillip Yancey, em vez de responder diretamente à nossa pergunta sobre "por que sofremos?", Jesus prefere nos levar a perguntar: "Já que o sofrimento aconteceu, o que vamos fazer com isso?" Porque Deus faz com que de todas as situações ruins possa sair um resultado bom. Veja Rm 8.28, nota, e o quadro "O sofrimento na vida de fé" (Rm 5).
13.6-9 corte esta figueira. Muitas vezes achamo-nos importantes como povo de Deus, porém quando o Senhor nos visita — tal como Jesus estava fazendo em Israel — percebe que não produzimos frutos em nossa caminhada. Como diz o dono, seria hora de ordenar um corte, deixe a figueira ficar mais este ano... Este apelo do capataz ao patrão é maravilhoso e se encaixa perfeitamente no caráter de Jesus, sempre intercedendo em nosso favor. De resto, o próprio Deus é assim, sempre dando mais "um ano de chance", um grande alívio para nossa alma. Temos um mensageiro que intercede por nós e oferece um tempo maior para que, quem sabe, com amor — que funciona como adubo — o coração permita que os frutos brotem a partir da misericórdia alcançada.
13.10-17 quando Jesus a viu. Vendo o sofrimento e a prisão na qual estava aquela mulher, Jesus compadeceu-se e, conhecedor profundo dos corações humano, ele percebeu o quanto significaria libertar aquela enferma das mãos do inimigo. Mas os homens religiosos, preocupados unicamente em não quebrar leis, e que ainda não perceberam a verdadeira razão da vida, do amor, da entrega e da confiança, são capazes de querer limitar a cura dentro de um período de tempo e condições. Felizmente, Deus não é assim. Mulher, você está curada. Dizer isso foi o suficiente para a armação de um enorme conflito. Nestes relatos as curas em si não parecem ter causado o problema. A questão era o dever de guardar o sábado (v. 13). A reação de Jesus mostrou que os fariseus adoravam o sábado, a lei e as cerimônias, mais do que a Deus, e vários outros textos mostram o mesmo desfecho. Os fariseus admitiam cuidar dos animais no sábado (v. 15), mas não admitiam restaurar a integridade da vida de alguém à imagem de Deus. Isto não seria permitido por eles: era óbvia a indignação de Jesus sobre isto. O texto registra a vergonha deles (v. 17), bem como a alegria do povo (v. 16). Essa alegria mostrou que o povo entendia as coisas melhor que os fariseus, e que nenhuma ordem eclesiástica está acima de Deus.
13.11 doente, por causa de um espírito mau. Aqui temos duas condições operando juntas: um espírito mau e também uma doença. Veja o quadro "Diferenciando doenças e possessão demoníaca" (Mac 9).
13.18-21 Com que o Reino de Deus é parecido? O Reino de Deus não se constitui de preocupação em não quebrar leis. Jesus tenta nos fazer compreender que o relacionamento com o Pai é outro tipo de vida. Aqui, o compara a uma semente minúscula; o amor, o toque singelo do Pai no coração do homem, que permite ouvir e ver a glória de Jesus, permitindo então que este gesto cresça e seja capaz de abraçar outros que necessitam de colo, aconchego e conforto. Quando usufruímos a paz de Deus na alma (em vez do medo de desobedecer), quando lhe abrimos o coração, então o Reino cresce em nossa vida, tal como a pequenina mostarda, podendo abrigar os pássaros cansados ou até feridos pela vida — nossos semelhantes. Também seremos como um bom fermento, fazendo com que a massa da vida fique rica, ventilada, nutritiva, em vez de ficar embatumada, crua, indigesta, pesada, insuportável. Veja os quadros "A parábola do semeador e as outras parábolas" (Mac 4) e "A santificação na velha e na nova aliança" (Cl 2).
13.22-30 pela porta estreita. Jesus caminhava pelas ruas das cidades, indo rumo à cruz em Jerusalém, e nesta caminhada ele conversava com as pessoas falando do amor eterno e da vida eterna. Assim como nós também nos questionamos sobre quantos serão salvos, houve na época de Jesus os que também se perguntavam isto. E ele responde: entre pela porta estreita. Normalmente quando vimos diante de nós uma porta larga e outra estreita, a tendência imediata é lançar o olhar e o desejo para passar pela porta larga. Contudo, Jesus ensina que é pela porta estreita que chegaremos ao Reino do Céu. E por que é estreita? Porque só passa um por vez: não é uma identidade coletiva (ser judeu ou pertencer à igreja tal) que salvará ninguém, mas um relacionamento de fé pessoal com Jesus. Se optarmos pela porta larga é certo que a porta estreita se fechará, e quem tem este poder é o Pai. E quando nos dermos conta do caminho tomado inadequadamente e voltarmos, bateremos em vão. Certamente muitos que julgávamos não serem dignos a entrar no Reino estarão ali sentados junto do Pai, apontando-nos o julgamento feito anteriormente, quando pensávamos sermos os primeiros e estes os últimos, vocês que só fazem o mal. Eram membros do povo de Deus os que, cegados pelo medo do pecado, não conseguiam crer que Jesus era o Salvador. O convite é para "afunilarmo-nos" nestas coisas maravilhosas que Jesus aqui ensina. Veja o quadro "Nossa estrada para Jerusalém" (Mt 20).
13.31-33 Herodes quer matá-lo. Herodes, tal qual os fariseus, sentia-se ameaçado em seu poder soberano, necessitando eliminar o Verdadeiro que o incomodava. Jesus respondeu aos fariseus combinando sabedoria e destemor. Raposa. Mesmo naquela época esta palavra já era usada com sentido negativo de alguém astucioso para enganar e obter proveito. O recado de Jesus deixa claro que sua carreira não seria determinada por Herodes, mas por Deus, no tempo e do modo estabelecidos por este, e também que Jesus estava consciente de que a hora de sua morte se aproximava. Observemos ainda que esta sugestão dos fariseus, aparentemente favorável a Jesus, era, na realidade, muito parecida com o que o Diabo lhe havia dito na tentação (Mt 4.1-11). Sem dúvida esta foi mais uma razão pela qual Jesus respondeu tão pronta e duramente à fala destes falsos amigos.
13.34-35 Jerusalém, que mata os profetas. Triste tradição da cidade era esta, de matar profetas (2Res 21.16; 2Cron 24.20-21; Jr 26.20-23). Até então Jesus havia enfrentado muito mais rejeição lá do que na Calileia. Haveria, no entanto, um momento ainda em que a cidade iria recebê-lo e até festejá-lo, mesmo que por um só dia (v. 35b), num prenúncio do que acontecerá na segunda vinda de Cristo. Veja o quadro "Como Jesus cuidava das pessoas" (Lc 10).