Estudo sobre Romanos 8:33-36

Romanos 8:33-36

Na sequência surge um raciocínio semelhante ao dos v. 31,32. Quem intentará (levantará) acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem (é que) os condenará? É Cristo Jesus quem (por eles) morreu. Em seguida, porém, Paulo aguça a questão de modo diferente: Cristo é, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Nos v. 32,34a Cristo é aquele no qual acontece a ação, enquanto no v. 34b ele é o que age. Paulo introduz a afirmação sobre Cristo com um “antes”, desenvolvendo a partir daí um duplo “não só, mas também”: Ele não só morreu, mas, primeiro, também foi ressuscitado e, segundo, também atua como Exaltado. Assim o valor de sua morte de maneira alguma foi depreciado. O “antes” consiste em que a morte se mostra eficaz de forma prolongada para dentro da atualidade. Não seria bíblico um Cristo que apenas existiu e morreu no passado, que retornará numa certa ocasião mais tarde e que no ínterim está de folga. Era assunto central da fé do cristianismo primitivo o papel atual de Jesus à direita de Deus, no lugar do co-regente. A expressão é oriunda do Sl 110.1, um versículo básico para o NT, citado por ele com mais freqüência que qualquer outra palavra da Escritura. De acordo com esse salmo, o Senhor está atuando na nossa época em duas direções. Por um lado, no âmbito dos acontecimentos mundiais, ele está depositando sob seus pés um inimigo após o outro (1Co 15.25). Por outro lado, ele se interpõe como sacerdote em prol da sua igreja. De segundo em segundo ela existe graças a essa atuação de Cristo. Em nenhuma situação ela está sozinha diante de Deus, sozinha no sentido daquilo que ela é em si própria, mas sempre como aquela que ela é em Cristo.

Agora Paulo define esse morrer por nós e viver para nós como o amor do Cristo, formulando por um instante a pergunta estonteante: Quem nos separará do amor de Cristo? Perder a união com ele significaria verdadeiramente ser perdedor. De fato esse vínculo é abalado, p. ex., pela experiência apostólica de sofrimento. Apesar de sua dedicação em favor de seus concidadãos, as testemunhas cristãs experimentam a exclusão da sociedade civil, às vezes “mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19). Acaso seriam tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Será mesmo que essas experiências combinam com a convicção dos cristãos de serem “eleitos de Deus” (v. 33), prediletos declarados da história da salvação? Acaso não havia, de fato, culpa pessoal no meio e, por isso, a separação de Deus e de todos os bons poderes? Será que os perseguidores e zombadores e os que vivem em redor, tão seguros de si, estão sempre errados? Contudo, quando está abalado, o apóstolo encontra firmeza na Escritura: Por mais indefeso que esteja, exposto a todas as possíveis interpretações errôneas, a forma de sua vida explica-se de maneira bem diferente, a partir de uma instância superior. Como está escrito (Sl 44.22): Por amor de ti, exatamente por causa da mais profunda união com o Senhor crucificado (v. 17), precisamente porque “o amor de Cristo nos domina” (2Co 5.14 [VFL]), somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Nem mesmo para produção de lã nos consideram úteis.